Como esconder o filho do imperador - Capítulo 146
—Astella.
Astella saiu do quarto de Theor depois que Fritz voltou.
Ele foi ao Ministério do Interior por um tempo.
— Mandei alguém para o leste buscar a planta. Eu disse a ele para correr sem fazer pausas.
—Quanto tempo demorará?
— Levará pelo menos alguns dias. Pelo menos cinco…
Fritz olhou para a expressão de Astella e ficou sem palavras. Na verdade, era impossível chegar em menos tempo.
Para ele voltar, tomaria pelo menos uma semana.
—Tudo bem, ficarei ao lado do Imperador. Irmão, pode voltar e descansar.
—Não se preocupe comigo.
Astella assentiu. Era meio da noite, mas os corredores do Palácio da Imperatriz estavam tão agitados quanto durante o dia.
Ninguém dormia, e não só os cavaleiros ficavam acordados, mas também os criados e criadas.
Foi uma noite sem dormir para todos.
Um servo correu em direção a Astella quando ela voltou para o quarto do Imperador.
—Vossa Majestade a Imperatriz, o Duque…
Antes que ele pudesse terminar de falar, Astella caminhou até onde seu pai a esperava.
O duque de Reston, que permanecera no salão, preparava-se para partir.
—Onde você está indo?
—Voltarei para a mansão.
Astella lançou-lhe um olhar ridículo, mas o Duque de Reston disse:
— O que aconteceu?
— O que importa? De qualquer forma, o Imperador morrerá deitado na cama. O que mais você acha que pode fazer?
Isso significava que o Imperador morreria inevitavelmente, então ele iria para a mansão e se prepararia para o futuro.
Sua raiva aumentou, e agora estava no limite.
—Hannah, chame os guardas.
Astella ignorou as palavras descaradas do pai e chamou os guardas. O duque de Reston franziu a testa.
—Por que você chama a Guarda?
— Você vai ficar.
— Você quer que eu fique aqui?
— Não aqui.
Havia inúmeras salas dentro do palácio, algumas das quais eram usadas para manter as pessoas trancadas em segredo.
Ele não poderia mandar seu pai para a prisão, mas iria mantê-lo trancafiado.
—Você vai me trancar?
Mas o duque de Reston bufou com as palavras de Astella.
—As únicas tropas na capital são os guardas e o exército, mas não estaria em apuros se a Divisão Rothwood chegasse à capital agora?
— Que quer dizer?
—Significa que os Cavaleiros Rothwoods respondem ao meu chamado.
Com a confissão inesperada, Astella congelou e olhou para o pai. O duque sorriu satisfeito ao ver o seu rosto perplexo.
—Você achou que eu faria tudo isso sem sequer ter certeza de que teria algumas tropas?
— Ouvi dizer que você abordou a família Croychen.
O duque de Reston escapou de seu olhar e pegou o casaco. Astella se aproximou de seu pai e perguntou novamente.
—O que você prometeu a eles?
O Duque parecia não querer responder, mas quando Astella perguntou com um olhar feroz, a resposta veio.
— Eu disse a eles que lhes daria o assento da Imperatriz.
—Para o comandante dos Cavaleiros Rothwood?
—Ele tem uma filha da idade de Theor, você sabe.
Ela ficou atordoada.
—E o Marquês Croychen?
—O chefe daquela família quer recuperar seu poder de alguma forma.
Como a família estava arruinada, parece que o Marquês Croychen havia esquecido os rancores do passado e disse que ajudaria seu pai a recuperar o poder perdido.
Astella teve uma visão clara do que estava acontecendo.
Mesmo que os Cavaleiros Rothwood os tenham traído, a capital não estava prestes a entrar em colapso.
De qualquer forma, a capital também contava com uma série de guardas e militares para proteger a capital.
No entanto, era óbvio que uma guerra civil poderia eclodir em meio ao caos.
E se o Imperador morresse repentinamente, seria ainda mais confuso.
— Bom…
Ao ouvir a voz clara de Astella, o duque de Reston lançou-lhe um olhar curioso.
Astella disse novamente.
— Farei o que meu pai quiser.
— Você está pensando em confiar em mim agora?
—Você também precisa de mim.
Quando Theor se tornasse Imperador, por formalidade, será Astella quem será a regente.
Porém, não poderia agir com liberdade, inclusive porque a maioria dos ministros foi nomeada por seu pai.
Mesmo assim, era bom ter a Imperatriz dentro do palácio.
A Imperatriz atuaria como anfitriã, mantendo a aparência do Palácio Imperial. O duque de Reston olhou para Astella por um momento e fez tal cálculo, e finalmente deu um passo para trás.
— Sim. Irei persuadir mais ministros do Imperador. Acho que você terá que cuidar da situação no Palácio Imperial.
Astella baixou a cabeça.
— Não se preocupe.
* * *
Velian, que voltou para casa, foi o último a saber das novidades do Palácio.
Só depois que os ministros chamados ao Palácio do Imperador retornaram às suas respectivas mansões é que ele soube o que aconteceu.
Ele correu de volta para o palácio.
Devido à doença do Imperador, o ambiente dentro do Palácio do Imperador era muito rigoroso.
Velian se encontrou com Lyndon no palácio do Imperador e ouviu toda a história.
—Sua Majestade desmaiou repentinamente e está descansando no Palácio da Imperatriz.
—Desmaiou?
Lyndon explicou brevemente a situação e tentou sair. Velian agarrou-se a ele para obter mais informações.
Lyndon acrescentou relutantemente como uma informação extra e perturbadora.
—O Imperador parecia estar em estado crítico.
—Sua Majestade está em estado crítico?
Velian sentiu como se tivesse levado uma pancada na cabeça. Lyndon respondeu à sua pergunta com a mesma resposta várias vezes. Segundo ele, o imperador de repente ficou em estado crítico.
‘Isto não tem sentido.’
É claro que mesmo uma pessoa com boa saúde pode adoecer repentinamente e morrer.
Mesmo uma pessoa sem doença crônica pode morrer durante a noite devido a uma parada cardíaca súbita ou a um coágulo sanguíneo na cabeça.
Pessoas jovens e saudáveis não fogem à regra, mas isso era estranho.
Quanto tempo se passou desde que Astella se tornou Imperatriz depois do verão, e quanto tempo se passou desde que o novo jovem duque se tornou Ministro do Interior e agora Theor foi oficialmente nomeado Príncipe Herdeiro?
O Imperador estava em estado crítico, como se tivessem esperado meses até que tudo estivesse pronto.
E mantêm o Imperador no Palácio da Imperatriz.
Era uma situação suspeita que qualquer um podia ver. Velian tentou encontrar o médico do Imperador, mas não conseguiu.
Velian foi forçado a visitar o conde Ecklen, padrasto de Serbel, em vez do exército.
O conde ainda estava no palácio.
—Eu vi a Imperatriz ontem à noite e ouvi sua explicação. Tenha cuidado para não permitir que a doença de Sua Majestade seja conhecida pelo mundo exterior.
—Por que não chamam as tropas para proteger a capital?
—Fechei as portas da capital e chamei Serbel.
As palavras de Conde foram iguais às suas, confirmando que a doença do Imperador era incomum.
Velian ficou frustrado e teve vontade de chorar. Retornou ao Palácio do Imperador em busca do chefe de gabinete, quando um dos servidores do Palácio Imperial o procurava.
—Lord Velian.
Um servo da Imperatriz deu-lhe a notícia.
—Sua Majestade o Imperador está procurando por você.
* * *
Astella despediu-se do pai e entrou no quarto.
Kaizen não poderia ficar no Palácio da Imperatriz para sempre.
Não havia problema em ficar por um ou dois dias, mas eventualmente ele teria que mandá-lo para o Palácio do Imperador.
‘Por que diabos estou mantendo ele aqui, afinal?’
Ela entrou no quarto pensando nisso, nada mudou. Os médicos e criados ainda estavam em seus lugares.
Gretel, que estava sentada ao lado da cama, viu-a e levantou-se.
— Acabei de dar a ele um comprimido para diluir o veneno.
Gretel disse, mostrando o frasco de remédio para Astella.
— Teremos que esperar e ver até que ponto será eficaz.
Ainda assim, desde que possa retardar o avanço do veneno, tudo bem.Teriam que tentar qualquer medicamento.
O efeito do remédio veio mais cedo do que o esperado. Kaizen estava deitado como se tivesse adormecido. Um momento depois, a sua testa começou a franzir e ele lentamente abriu os olhos.
– Astella?
—Vossa Majestade!
Astella correu para a cama.
—Vossa Majestade, está bem?
Os olhos vermelhos que olhavam para Astella ainda estavam turvos e desfocados. Kaizen se virou e tentou se levantar, mas não conseguiu.
— Um pouco tonto…
—Apenas deite-se.
O médico veio e examinou o estado do Kaizen.
—Sua medicação parece ter surtido algum efeito.
Gretel, que ouviu isso, falou em voz baixa com Astella.
—Não foi completamente desintoxicado. O veneno enfraqueceu, ele simplesmente voltou a si.
Quando Kaizen ouviu as palavras, ele murmurou, olhando para Astella.
—Veneno?
Astella não conseguiu responder. A mente de Kaizen estava confusa.
Ele parecia ter percebido o que estava acontecendo, mas virou-se para o criado ao lado da cama sem fazer mais perguntas.
— Chame Velian. Diga-lhe para trazer o selo do Imperador.
Depois de ver o servo sair, Kaizen se aproximou de Astella. Ela sentou-se ao lado da cama e pegou a mão dele. Quando suas mãos se tocaram, ela sentiu um calor familiar vindo das mãos duras.
Kaizen ainda parecia tonto. Mesmo segurando a mão de Astella, seus olhos fecharam frouxamente diversas vezes.
Várias rugas se formaram em sua testa, ele tentava se concentrar e falar.
— Está bem? E Theor?
—Eu estou… Theor está bem.
Kaizen apertou firmemente a mão de Astella quando ouviu a resposta.
Mesmo desorientado, ele ficou aliviado ao saber que os dois estavam bem.
A sensação de alívio que sentiu por manter as mãos juntas deixou Astella com o coração partido.
Kaizen suspirou.
—Você não precisa perguntar quem fez isso, certo?
— …
Astella segurou a mão de Kaizen com as duas mãos e colocou os lábios nas pontas dos dedos dele.
— Fique um pouco mais. Mandei um homem à mansão trazer algumas velas de desintoxicação.
Kaizen arregalou os olhos e olhou para Astella. Ele ficou tão surpreso porque ela tentou salvá-lo?
Astella ficou um pouco atordoada em meio à dor.
‘Então pensou que queria que você morresse?’
Claro, do ponto de vista de Astella, a morte de Kaizen seria o melhor. Se o Imperador morrer, naturalmente, ela seria a Imperatriz regente.
Mas Astella não queria isso. Ela queria que Kaizen vivesse.
Astella sussurrou suavemente, segurando a mão dele em seus braços.
— Você tem que superar isso por mim e pelo Theor.
Kaizen olhou para ela desamparado e tentou formar palavras.
— Você vai…
Mas as palavras não duraram.
A porta se abriu e um consternado Velian entrou.
—Vossa Majestade, você está bem?
Kaizen, que mal conseguia manter a consciência, olhou para Velian.
— Escreva este pedido.
Ele tentou falar claramente, mas sua voz estava sem energia e tremia fracamente.
— Delego toda a minha autoridade à Imperatriz até eu me recuperar.