Como esconder o filho do imperador - Capítulo 145
Houve um momento de silêncio na sala após a confissão de Fritz.
─ Você já viu esta erva?
Não só Astella, mas também Gretel olharam para Fritz com olhos surpresos.
Fritz olhou atentamente para a flor desenhada no papel.
─ Quando fui para as terras do leste, vi flores como esta. Um homem me deu uma de presente porque era uma planta do sul.
─ Um presente?
─ Uma flor?
Astella e Gretel perguntaram ao mesmo tempo.
Fritz olhou para as duas e respondeu com uma voz confusa.
─ Sim… ele disse que era uma flor do sul.
Fritz explicou às duas pessoas sobre as flores que viu no território do leste.
Quando ele foi para lá como administrador territorial, presentes foram enviados de todos os lados.
Ele não aceitava joias ou enfeites caros, mas achava difícil recusar pequenos presentes como comida e flores cuidadosamente preparadas.
Algumas delas eram especialidades locais e outras eram plantas incomuns trazidas de áreas distantes.
─ Havia uma flor que parecia com essa.
Astella olhou novamente para a imagem desenhada por Gretel. As flores azuis pintadas no papel eram pequenas, mas lindas.
As ricas pétalas azuis floresciam fervorosamente no caule. À primeira vista, parecia uma peônia de tamanho pequeno.
─ Gretel, é uma história famosa que esta flor é um antídoto?
─ Na verdade não, porque descobri pela primeira vez no sul…
Se a pessoa não conhecesse ervas, poderia pensar que era apenas uma linda flor para cultivar no jardim.
Os senhores do país não se afastavam muito das suas regiões e também estavam relutantes em relação à cultura de outras áreas.
Deve ter sido um presente de uma região diferente.
─ Onde está a flor agora?
À pergunta urgente de Astella, Fritz respondeu com um olhar preocupado.
─ Eu não sabia que era tão preciosa… simplesmente deixei no castelo do território.
Diante da resposta fraca de Fritz, Astella e Gretel pareceram desapontadas.
Bem, ele nunca traria as flores que recebeu do leste para a capital.
─ Mas é mais perto do que ir para as montanhas do sul…
Astella dirigiu-se a Fritz novamente.
─ O território estará mais próximo, certo?
─ Claro, a residência da mansão leste é mais próxima.
─ Mande alguém imediatamente trazer as flores.
Fritz saiu com pressa.
Astella levou Gretel para o quarto de Kaizen.
Nada mudou. O médico estava observando a condição de Kaizen e então se virou para Astella e fez uma reverência.
Ele olhou para Gretel.
─ Vossa Majestade, quem é…?
─ Está tudo bem. É a apotecária que eu chamei.
Astella trouxe Gretel para mais perto da cama.
Gretel olhou para os criados ao seu redor. Ela parou com um olhar nervoso ao ver Kaizen na cama.
─ Está tudo bem. Você pode dar uma olhada.
O médico que assistia demonstrou desconforto.
─ Mas Vossa Majestade a Imperatriz…
Astella bloqueou firmemente suas palavras.
─ Gretel é alguém em quem confio. Alguém que conhece muito bem a medicina.
O médico desistiu, incapaz de contestar mais. Gretel tomou lentamente o pulso de Kaizen.
Gretel se concentrou e, ao colocar o paciente envenenado na sua frente, o nervosismo desapareceu.
Ela olhou para Kaizen cuidadosamente por um momento e disse com um suspiro.
─ Este é um veneno raro.
─ Gretel, você conhece o veneno?
─ Eu ouvi através de um boato.
Astella contou a ela a informação que ouviu de seu pai.
─ Naquele momento, ele disse que entraria em coma como se estivesse dormindo, e depois disse que morreria lentamente.
─ Assim como ele disse. É por isso que é chamado de ‘veneno para dormir’. As pessoas nem sabiam que foram envenenadas antigamente, quando as técnicas médicas não eram desenvolvidas.
─ Você acha que pode curar isso com uma desintoxicação?
Gretel olhou para Kaizen novamente, não convencida.
─ Primeiro de tudo, acho que terei que fazer o antídoto e depois monitorar o progresso.
─ Podemos atrasar o processo até conseguirmos a erva?
Gretel olhou para Kaizen e respondeu com um tom inseguro.
─ Ele parece saudável, então podemos desacelerar o efeito tanto como possível.
* * *
Desta vez, Astella deixou Gretel para encontrar o Conde Ecklen.
Antes que percebesse, já era quase meia-noite.
Foi uma noite agitada. Ela nem sabia como o tempo passou.
─ Conde, podemos trazer os Cavaleiros de Lamberg de volta à capital agora mesmo?
Astella perguntou ao conde Ecklen assim que o viu.
O conde olhou para Astella surpreso.
Ela não deu mais detalhes, mas ele parecia ter percebido que algo estava errado quando Astella lhe pediu para trazer o esquadrão de cavaleiros.
─ Sua Majestade o Imperador está em grande perigo?
─ Ainda não tenho certeza.
O conde olhou atentamente para Astella com olhos pesados.
─ Ele está mesmo doente?
─ ….
Astella não conseguiu responder à pergunta de Ecklen e permaneceu em silêncio por um momento.
A pergunta do conde significava se o imperador estava realmente doente. O Imperador era jovem e saudável; ele não pode ter ficado doente repentinamente a ponto de morrer.
Claro, era uma situação suspeita.
‘Tudo bem se eu contar os detalhes a essa pessoa?’
Este homem era gentil com Astella desde o início e teve um relacionamento com a mãe dela.
Mas não era um relacionamento próximo o suficiente para ter a confiança necessária.
─ Ele pode ser curado.
Astella disse com um olhar calmo.
─ Vou te dizer isso primeiro, por favor, confie em mim.
─ Hum…
O conflito passou pelo rosto sério do conde.
‘Não está funcionando.’
Este homem tinha uma forte lealdade ao Imperador.
Embora simpatizasse muito com Astella, não foi suficiente aceitar o pedido de Astella nesta situação tão suspeita.
Quando ela tentou dizer outra palavra, o conde assentiu gentilmente.
─ Está bem.
─ Está?
─ Como servo, só ajo de acordo com as regras estabelecidas
O conde Ecklen respondeu de forma tranquilizadora a Astella.
─ Se Sua Majestade sofrer de uma doença, é lei que o Príncipe Herdeiro assuma o trono e a Imperatriz assuma o comando. Sua Majestade o Imperador certamente disse isso.
─ Sua Majestade disse isso?
Foi a primeira vez que ela ouviu isso.
─ Ele me chamou após conceder o título de Príncipe Herdeiro, e me disse para colocar a segurança da Imperatriz e do Príncipe Herdeiro em primeiro lugar se algo acontecesse.
─ …
Astella olhou para ele sem expressão.
Kaizen deu-lhe essa ordem.
Ela se recuperou das emoções crescentes. Este não era o momento de cair nesses sentimentos.
─ Qual exército é o melhor?
─ Os Cavaleiros de Lamberg enviados para o Norte. E há os Cavaleiros Rotwood no lado sul.
─ Qual pode chegar primeiro?
─ É difícil garantir isso neste momento.
Em termos de tamanho, Lamberg era o maior, mas Rottwood tinha tanto poder quanto Lamberg.
Os Cavaleiros de Lamberg eram liderados por Serbel.
Eles se moverão conforme ordenado pelo Conde Ecklen.
─ Sim, Lamberg é liderado por Serbel, mas Rottwood…
O conde Ecklen respondeu sem jeito.
─ O comandante é um amigo próximo do Marquês Croychen.
─ …
Astella franziu a testa com o nome inesperado. Não acreditou que eles fossem próximos dele.
─ Será uma ameaça?
─ Acho que não.
O conde Ecklen negou sem problemas.
─ Ele é um homem durão, mas não vai tentar se rebelar pelo amigo, por isso manteve seu lugar quando o Marquês foi expulso.
Embora fosse próximo da família Croychen, significava que era mais leal ao imperador.
Ele não era um rebelde, mas isso também significava que não poderia saber o que aconteceria se ele soubesse que o imperador tinha sido envenenado.
O Conde Ecklen adivinhou o que Astella estava pensando e rapidamente a deteve.
─ Chamarei Serbel assim que puder.
─ Sim, por favor.
* * *
Após a conversa com o conde Ecklen, Astella finalmente encontrou tempo para relaxar sozinha.
Ela entrou fracamente em seu quarto. Não teve tempo de trocar de roupa, então ainda estava vestida com roupas elegantes.
Hannah a seguiu e a ajudou a trocar de vestido.
─ Vossa Majestade, você está bem?
─ Hannah, onde está o vovô?
─ Ele está no quarto do Príncipe Herdeiro.
Ela trocou de roupa e saiu pela portinha. O seu avô olhava para Theor no quarto escuro. Astella abriu um pouco a porta e entrou.
Seu avô a viu e se levantou. Theor estava dormindo profundamente.
─ Astella.
Astella recostou-se nos braços do avô como se estivesse caindo. Ela ficou aliviada porque estava em braços familiares.
─ Você está bem?
─ Sim, estou bem.
Ela lhe contou que o seu pai tinha feito. O confronto com os ministros. E tudo o que sabia sobre Gretel e Fritz.
Quando o marquês soube do antídoto que Fritz tinha visto, perguntou com urgência.
─ Isso é possível?
─ Talvez seja possível se o irmão de Fritz encontrar as ervas o mais rápido possível.
Na verdade, mesmo com a fitoterapia, podia não ser possível desintoxicar completamente. Mas não havia outra esperança além dessa.
O avô deu um tapinha no ombro dela, abraçando Astella para confortá-la.
Ele podia ouvir uma voz baixa em seu ouvido.
─ Querida, se o Imperador sobreviver…
Naquele momento, ela sentiu como se água fria estivesse caindo em suas costas. Astella deliberadamente não estava pensando no que aconteceria quando Kaizen se recuperasse.
─ Eu sei.
Se Kaizen sobreviver, Astella se tornará filha de um traidor que tentou envenenar o Imperador.
Mesmo agora, Astella estava escondendo o veneno dos ministros.
Depois que o assunto fosse resolvido, parecerá a todos que ela consentiu com o plano do duque de Reston.
A própria Astella e talvez Theor não estariam seguros.
Por um momento, um conflito terrível tomou conta do seu coração.
‘Devo deixar o Imperador morrer por mim e por Theor?’
O tempo que ela passou com ele nos últimos meses surgiu claramente.
O Kaizen que pediu desculpas a ela na lagoa.
O Kaizen que disse que não se casaria novamente quando Astella se fosse.
O príncipe de dez anos, que lhe entregou cuidadosamente a joia azul, e o jovem imperador, que sacou um anel azul recém-feito.
Essas memórias brilharam.
Finalmente, o Kaizen que estava caindo em seus braços veio à sua mente.
O que Astella sentiu naquele momento foi choque e medo.
Olhando para trás, para todo o processo, Astella percebeu que gostava muito dele.
Depois de seis anos separada, ela pensou que todos os seus sentimentos por ele haviam desaparecido.
Astella falou honestamente sobre seus sentimentos.
─ Eu não quero que ele morra…
Emoções complexas estavam emaranhadas, mas só isso era certo.
Astella queria salvar Kaizen.
─ Deve haver uma maneira de resolver isso sem causar nenhum dano…
Se ao menos ela pudesse fazer um remédio que salvasse o Kaizen e ao mesmo tempo evitasse que o veneno se tornasse conhecido.
Talvez tudo pudesse terminar em silêncio.
Era uma pequena chance, quase impossível.
Por enquanto, não havia esperança.