Como esconder o filho do imperador - Capítulo 141
Assim que Kaizen terminou seu trabalho, ele foi para o Palácio da Imperatriz, mas Astella não estava lá.
O evento ainda não havia terminado. Em vez disso, Theor, que voltou primeiro, estava brincando em seu quarto.
Kaizen foi para o quarto do filho.
Theor, que brincava com alguma coisa sobre a mesa, levantou a cabeça e deu-lhe as boas-vindas.
─ Vossa Majestade!
─ E aí, você gostou do evento?
─ Sim, foi divertido! Havia pessoas vestidas de maçãs grandes e com roupas de fada.
Kaizen abraçou Theor com ternura e o colocou de volta na cadeira.
Havia um estranho biscoito verde no prato. Do outro lado, havia compota de frutas e natas.
─ O que é isso?
O servo ao lado dele respondeu em vez disso.
─ É um biscoito com grãos e ervas saudáveis.
Grãos e ervas. Não parece delicioso mesmo depois de ouvi-lo.
─ A nova apotecária nos trouxe uma erva medicinal para ajudar a saúde do nosso Príncipe Herdeiro.
Uma apotecária.
Ele ouviu falar da apotecária que Astella conheceu quando morava no interior que, recentemente entrou no Palácio da Imperatriz.
Foi ela também quem lhe deu o remédio para mudar a cor dos olhos de Theor.
Astella era amiga dela há seis anos. Ele podia confiar em alguém em quem Astella confiava tanto.
─ Mas se coloca ervas em um biscoito?
─ Ouvi dizer que comer muito doce à noite não faz bem à saúde… Mas de outra maneira, a erva poderia parecer amarga para o jovem príncipe.
O servo respondeu suplicante. Kaizen acenou com a cabeça.
Ele não gostaria de pedir ao pequeno Theor para tomar seu remédio todos os dias.
Então eles fazem comê-lo junto com um lanche.
Theor usou uma pequena faca para espalhar geleia de frutas ou creme entre os biscoitos e juntá-los.
─ É assim que se faz um sanduíche de biscoito e geleia.
─ Você faz isso bem.
Os biscoitos redondos eram pequenos e fofos.
‘Estão fazendo ele brincar para que ele tome a erva saudável naturalmente.’
Kaizen entendeu porque lhe pediram para fazer isso. O servo deu-lhe biscoitos, mas a cor e o formato pareciam errados porque foram adicionadas ervas.
Se recebesse esse biscoito estranho, Theor poderia rejeitá-lo, então era uma forma de fazê-lo comer como se fosse uma brincadeira.
Theor espalhou geleia entre os biscoitos, vidrado no jogo de empilhar biscoitos.
Ele se concentrou completamente e aplicou creme doce entre os biscoitos com um toque cuidadoso.
─ Quem inventou isso?
À pergunta de Kaizen, o servo baixou a cabeça como se estivesse com medo.
─ A Imperatriz me disse que Sua Alteza ficaria satisfeito.
─ Ela pensou em um bom caminho.
Enquanto Theor estava ansioso para fazer biscoitos, o criado trouxe suco de frutas em dois copos.
A bebida laranja transparente exalava um aroma fresco e doce.
O criado colocou gelo em um único copo. O copo com gelo foi colocado ao lado do Kaizen.
─ Eu também quero gelo.
Theor verificou o copo que colocou ao lado dele e reclamou.
O servo disse com uma cara confusa.
─ Vossa Alteza não deve beber bebidas geladas à noite.
─ O biscoito está pronto?
Kaizen tentou desviar o olhar de Theor. Theor então moveu os biscoitos empilhados para um prato.
─ Sim, está feito.
Theor primeiro colocou um biscoito pronto na boca e mastigou.
Em seguida, ele colocou os biscoitos cuidadosamente empilhados em um pequeno prato e os ofereceu a Kaizen.
─ Vossa Majestade, coma alguns.
Kaizen recebeu o prato, contendo o riso.
─ Sim, obrigado.
Em um pratinho, um biscoito redondo era acompanhado por dois pedaços de creme.
Theor olhou para Kaizen, brilhando de expectativa.
Kaizen comeu um biscoito que Theor havia empilhado com creme.
O sabor do creme suave e dos biscoitos crocantes e saborosos permaneceu em sua boca.
O sabor era surpreendentemente bom.
* * *
Astella voltou ao Palácio da Imperatriz após o pôr do sol.
─ E Theor?
─ Sua Alteza está em seu quarto depois do jantar.
Hannah, que saiu para cumprimentar Astella, respondeu.
‘Bem, é hora do jantar.’
─ Preparei a comida e o banho.
─ Vou terminar o resto do meu trabalho e descansar. Amanhã estarei ocupada muito cedo.
─ Ah, Vossa Majestade…
─ Hã?
Hannah disse um pouco envergonhada.
─ Sua Majestade o Imperador está esperando no escritório.
‘Kaizen está no estúdio? Ele costumava passar um tempo com Theor no quarto dele. Tem algo a dizer?’
─ Está tudo bem. Eu vou.
─ Devo preparar chá?
─ Não, está tudo bem. Te chamo mais tarde.
Astella entrou no escritório e sentiu um arrepio no aposento escuro.
O ar noturno estava mais frio do que o normal naquele dia, talvez porque o verão estivesse quase acabando.
─ Astella.
Kaizen estava no escritório escuro. Ele deu um passo à frente.
─ Vossa Majestade?
Astella ficou cara a cara com Kaizen, incapaz de evitá-lo.
─ O que está fazendo aqui?
Kaizen olhou para Astella e disse:
─ Estou esperando por você.
─ Você sempre espera na sala.
O que aconteceu no jardim tornou o relacionamento entre essas duas pessoas cada vez mais estranho.
Parece ser a primeira vez desde aquele dia que os dois conversaram a sós. Kaizen olhou para Astella sem responder.
Os olhos vermelhos revelados na escuridão continham emoções desconhecidas.
─ Eu lhe darei o Castelo Dentz no leste.
─ O quê?
─ Espero que você se sinta confortável lá por toda a sua vida.
O Castelo Dentz foi o local onde pararam durante a peregrinação. Era esplêndido.
Astella dançou com Kaizen lá.
Na floresta do castelo, Kaizen foi ferido ao tentar protegê-la.
De repente, ele estava lhe dando aquele castelo.
─ Você está me dizendo para deixar o Palácio Imperial?
─ Significa que você pode sair se quiser em cinco anos. Não, você pode sair a qualquer momento se quiser sair daqui.
Kaizen acrescentou, dizendo:
─ Não vou me casar novamente pelo resto da minha vida, mesmo se você for embora.
─ …
Astella olhou para ele sem expressão. Ela não conseguia entender o que estava acontecendo.
─ É pelo bem de Theor que você não vai se casar novamente?
Se uma nova Imperatriz chegasse, ela ameaçará Theor.
Kaizen não negou.
─ Sim. Mas a razão mais importante é por sua causa. Se você quiser sair deste lugar, quero ter certeza de que poderá sair livremente a qualquer momento.
Depois de cinco anos, Astella estaria preocupada com Theor, então ela não poderia sair do Palácio Imperial. Mas ao dizer que não voltaria a se casar, ela ganharia essa liberdade.
─ Por que você está dizendo isso?
Kaizen enfrentou Astella por um momento com emoções complicadas.
─ Quero compensá-la pelo que aconteceu há seis anos. Não, quero compensar todo o tempo que você esteve perto de mim desde então. E pelos seus sentimentos também…
A voz que continuou calmamente quebrou impotente.
Astella sabia o que ele não tinha dito.
Ele gostaria de compensá-la por seus sentimentos que ele não conhecia. Astella percebeu o que estava acontecendo.
─ Meu avô disse coisas inúteis.
No piquenique no jardim, ela se perguntou por que Kaizen de repente pediu desculpas.
Agora que ela percebeu, o vovô devia ter contado a Kaizen sobre os velhos tempos que passaram juntos.
A jovem Astella que amou Kaizen durante dez anos. Ela não queria que Kaizen soubesse.
─ Mesmo se eu sair daqui, não preciso de um palácio luxuoso.
─ Então eu te darei outro castelo. Escolha um castelo ou um lugar que você goste. Eu lhe darei o imóvel que você quiser. Posso lhe dar o que quiser em qualquer lugar do Leste.
‘Não acredito que vai me dar tudo o que quiser.’
Era inacreditável. Nenhuma outra Imperatriz tomou um território dessa forma.
Mas os olhos de Kaizen não mostraram sinais de que fosse uma piada.
Astella forçou a piada para desabafar o clima pesado.
─ Você vai me dar todo o território do Leste se eu pedir?
─ Sim.
─ Não brinque.
─ Digo isso de todo o coração.
Kaizen deu um passo à frente com uma voz calma.
Na sala escura, seus olhos vermelhos continham um sentimento profundamente perigoso.
─ Eu também prometi sinceramente não me casar novamente.
─ …
Kaizen disse que não se casaria para o resto da vida para dar liberdade a Astella.
‘O que devo dizer quanto a isso?’
Astella recuperou a compostura e deu um passo para trás.
Se ela ficasse perto assim, ficaria confusa e ultrapassaria os limites.
─ Estou um pouco cansada, então… quero ficar sozinha.
Ela recuou envergonhada e acidentalmente pisou na bainha do vestido.
Astella perdeu o equilíbrio e cambaleou. Kaizen rapidamente agarrou o braço dela.
─ Você está bem?
─ Ah, sim… estou bem.
Ele ajudou Astella como se a estivesse abraçando. Um cheiro corporal familiar emergiu.
Dentro dos braços de Kaizen havia uma combinação de odor corporal maduro e sedutor e calor.
Astella tentou se livrar da mão dele.
─ Você parece muito cansada, vou chamar um médico….
A voz preocupada de Kaizen parou de repente. Ele, que apoiava Astella, tinha o rosto pálido.
─ Vossa Majestade?
Ela o chamou, perguntando-se por que ele estava fazendo isso de repente, mas ele não respondeu.
De repente, Kaizen caiu no chão como se estivesse desmaiado.
─ Vossa Majestade!
* * *
Enquanto Astella e Theor estavam dentro do Palácio Imperial, o Marquês Calenberg foi ao escritório do governo anexo ao palácio externo.
Um dia antes, ele foi convidado a visitar a repartição para tratar de documentos relativos ao espólio.
Poucos dias depois, ele foi informado de que sua mansão na capital lhe seria devolvida, mas a papelada foi processada rapidamente.
Havia muita gente no escritório do governo, então estava lotado.
Mesmo durante a época do festival da colheita, as autoridades pareciam ocupadas.
O Marquês verificou os documentos entregues pelos funcionários e assinou-os.
‘Nunca pensei em recuperar minhas terras com essa idade.’
Foi inesperado quando sua neta era noiva do príncipe herdeiro e seu genro era o primeiro-ministro.
Depois de revisar os papeis, o marquês caminhou pelo corredor onde anoitecia.
Ele viu um homem de meia idade andando do outro lado.
Aproximou-se do Marquês, surpreso ao encontrá-lo.
O Marquês só percebeu quem era depois que o outro deu alguns passos.
Era o conde Ecklen.
─ Ah…
─ Marquês.
O Marquês parou com uma expressão melancólica, mas o Conde Ecklen pareceu muito satisfeito em vê-lo.
─ Como tem estado?
─ …Bem, acho que você também tem estado bem.
Depois de trocar saudações formais, ele não tinha nada a dizer. O marquês sentiu-se incomodado diante do conde.
Ele não esperava ver seu antigo assistente assim novamente.
‘O que eu digo agora?’
Tudo que aconteceu naquela época foi culpa dele.