Como esconder o filho do imperador - Capítulo 140

O festival da colheita começou alguns dias depois. Astella ainda estava ocupada com os preparativos.

Ao revisar e preparar os acontecimentos que aconteceriam ao longo do dia, o cansaço o atingiu desde o primeiro dia.

—Vossa Majestade, está bem?

Hannah olhou ansiosamente para Astella, que estava sentada com o rosto cansado.

—Estou bem. Mesmo assim, hoje tenho que ir ao estádio.

No primeiro dia do festival da colheita, se realizaria um evento em um estádio ao ar livre.

Era um dia em que o Imperador e a Imperatriz compareceriam juntos, o que era incomum ao longo do evento.

— Prepare Theor.

Astella deixou o palácio imperial em uma carruagem com Theor.

Ela saiu cedo do palácio imperial para passar pelo Laboratório de Fitoterapia de Gretel, que ficava no centro da capital.

— Bem-vindos, Majestade, Vossa Alteza.

Gretel saiu e deu as boas-vindas aos dois.

— Tia Gretel!

Assim que Theor viu Gretel, ele correu e a abraçou.

O laboratório de ervas de Gretel ainda estava em preparação.

No andar inferior havia um laboratório e no andar superior, um quarto para a própria Gretel.

Havia também um local que vendia ervas e poções na entrada.

—Parece que os preparativos estão indo bem.

Astella andou pelo laboratório e viu o novo livro de ervas que Gretel estava escrevendo.

As páginas traziam uma explicação das ervas de cada região e uma imagem das plantas desenhada de forma mais elaborada do que antes.

Entre elas, Astella focou em umas estranhas flores azuis.

—Esta é a primeira vez que vejo esta erva.

— É uma erva que desintoxica o corpo em caso de qualquer envenenamento.

Gretel respondeu.

—Realmente existem essas ervas?

Não existia nenhuma erva conhecida que desintoxique qualquer veneno. Um antídoto devia ser preparado separadamente para cada veneno.

Dependendo do veneno, a receita do antídoto era diferente, e havia muitos venenos para os quais o método de desintoxicação era desconhecido.

—Eu a vi uma vez na cordilheira do extremo sul.

—Gostaria examiná-la algum dia…

Theor, que observava ansiosamente a panela fervendo, correu em direção à porta.

—Tio Fritz!

Fritz, vestido com uma túnica, entrou.

—Irmão? O que você está fazendo aqui?

Fritz estava agora vestindo o manto do duque. Ele ainda não havia herdado completamente o título, mas já era chamado de duque.

Há poucos dias, ele compareceu oficialmente a uma reunião com o imperador.

Fritz olhou para Astella e respondeu com um sorriso.

—Ouvi a notícia de que você estava por aqui. Se estiver bem, podemos ir juntos.

Astella assentiu, e depois baixou um pouco a voz.

—E o nosso pai?

—Ele disse que não iria porque não estava se sentindo bem hoje.

Fritz acrescentou rapidamente enquanto Astella mostrava um pouco de ansiedade.

—Ele disse que estará presente no jantar amanhã .

Seu pai ainda não tinha mostrado nenhuma reação especial. Ele continuou na mansão sem receber visitas.

De qualquer forma, ele não poderia escapar de uma situação como esta.

—Gretel, você gostaria de se juntar a nós?

As orelhas de Gretel coraram, como se estivesse envergonhada.

— Ah, eu… acho que preciso me organizar mais aqui. Só quero ir para o dia em que a competição for realizada.

—Bom.

Parecia que seria um fardo andar com a Imperatriz.

Elas foram amigas nos últimos 6 anos. Mas a essa altura, não tinha o que ser feito.

Os três se despediram de Gretel e seguiram para a arena ao ar livre.

* * *

Astella sentou-se nas arquibancadas do grande estádio da capital.

As arquibancadas do Imperador e da Imperatriz ficavam no ponto mais alto no centro do estádio. Quatro pilares sustentavam o teto e um pano fino foi colocado para cobrir o sol.

No encosto do assento, o emblema da Família Imperial estava inscrito. Ao lado dos três tronos, foi colocada uma cadeira para o novo Duque de Reston. E o assento do Imperador estava vazio.

Kaizen disse que não compareceria hoje.

Quando Astella se sentou, os olhos de todos focaram nela.

Haviam vários eventos no Palácio Imperial, mas esta foi a primeira vez que Astella apareceu diante dos plebeus.

As pessoas sentadas no púlpito olharam para a Imperatriz, que finalmente revelou sua aparência.

Fritz perguntou, preocupado.

—Você parece nervosa. Está bem?

— Já faz um tempo que não recebo tanta atenção assim.

A história da relação entre o imperador e sua companheira, que foi do divórcio ao reencontro, era conhecida pelos plebeus.

Era uma história estranha em muitos aspectos e eles seguiram encarando a Imperatriz, que havia se divorciado e sido expulsa, e então voltou com o príncipe.

—Não falaram mal de você.

Fritz disse com voz firme. Ele parecia já ter ouvido os rumores que circulam entre o povo.

‘Então, eles estão falando mal do Imperador?’

—Eu sei. Não parece haver muita opinião negativa.

Astella levantou a mão para iniciar o evento. Aplausos se espalharam pela multidão.

Theor estava parado perto da grade e olhando para baixo sem ouvir a conversa entre os dois.

—Tio Fritz, o que é isso?

Theor perguntou enquanto olhava para um modelo de um grão preparado para o desfile.

—Parece ser uma decoração para comemorar a colheita. Vamos a ver?

—Sim!

Fritz pegou Theor e desceu. Astella manteve-se sentada enquanto observava os dois descerem.

O início do evento foi um desfile.

Várias decorações em homenagem ao deus da colheita começaram a encher o estádio, uma por uma.

Ela estava sentada assistindo ao desfile e de repente Velian apareceu.

—Vossa Majestade.

—O que é?

Ele educadamente curvou-se para Astella e disse.

—Sua Majestade o Imperador disse que lamenta não poder comparecer.

‘Enviou essa pessoa para se desculpar?’

Como o Imperador não pôde comparecer, não era incomum enviar um assistente. Mas tinha que ser justo ele…

— Por favor, diga a ele que estou bem, e que não se preocupe.

— Sim, então eu vou…

—Velian.

Astella a chamou.

—Você falou com a senhorita Naen da última vez, certo?

A expressão de Velian não mudou, apenas seus olhos se moviam ansiosamente.

—Do que está falando, Vossa Majestade?

— Não precisa fingir que não sabe, porque ouvi tudo das empregadas.

Foi só então que o constrangimento se espalhou pelo rosto gentil de Velian. Parece que ele não adivinhou que Naen contaria tudo a Astella.

Ele escapou dos olhos de Astella e começou a dar desculpas.

—Isso é porque ouvi algo estranho da senhorita Florin…

Era patético e ridículo ver um homem que se chamava de braço direito do imperador culpar Florin.

—Não foi por causa da senhorita Florin. Você não tentou me investigar?

Velian não podia negar. Não havia nada a negar. Isso era verdade. Mas ele murmurou insatisfeito

—Mas havia questões que não ficaram claras…

—Velian.

Astella interrompeu suas palavras em um tom seco. Velian estremeceu.

—A família do Marquês Croychen tem assediado a mim e ao Theor desde o momento em que chegamos. Tentei várias vezes resolver tudo de modo pacífico. Mas a esposa do marquês até tentou me matar, e Florin me ameaçou e trouxe veneno para o palácio.

Astella perguntou, olhando diretamente para Velian.

—E mesmo assim você ainda acha que minhas ações foram excessivas?

—Claro que não…

Velian respondeu com uma expressão angustiada e Astella olhou para o estádio.

Entrou uma carruagem cheia de frutas coloridas decoradas com fitas.

— Espero que no futuro não troque mais palavras inúteis com as funcionárias do meu palácio.

— Sim, Vossa Majestade.

Velian parecia insatisfeito, mas ainda assentiu para ela educadamente.

* * *

Só ao anoitecer é que Kaizen terminou seu trabalho e saiu do escritório.

—A imperatriz ainda está na arena?

—Sim, Vossa Majestade. Estará de volta em breve.

Kaizen passou rapidamente pelo Palácio do Imperador.

Após o dia do piquenique no jardim, Kaizen não conseguiu se comunicar adequadamente com Astella.

Depois de se desculpar com ela perto do lago naquele dia, surgiu uma atmosfera estranha entre os dois.

Hoje eles iriam comparecer ao evento juntos.

Mas foi adiado devido ao trabalho, e Kaizen também evitou deliberadamente ir. Porque ele sabia que sua presença deixava Astella desconfortável.

Embora não pudesse ser evitado por algum tempo.

Antes, ele esperava que um dia Astella o aceitasse. Mas ele não sabia sobre os sentimentos de Astella no passado.

Ele pensou que eles poderiam recomeçar do zero, já que não houve nada entre os dois desde o começo.

Mas agora era difícil imaginar que Astella aceitaria isso.

A melhor coisa que ele poderia fazer agora era pedir desculpas a Astella e aceitar tudo o que ela quisesse.

Se Astella quisesse ir embora daqui a 5 anos… ele não tinha escolha a não ser ajudá-la a ir.

Ele não merecia abraçá-la.

—Vossa Majestade, vai ao estádio?

O assistente olhou para ele e perguntou. Kaizen se virou após uma breve reflexão.

—Eu irei ao palácio da Imperatriz.

No primeiro dia do festival da colheita, o Palácio da Imperatriz também ficaria mais lotado do que em outras ocasiões.

A Imperatriz e o Príncipe Herdeiro não estavam no estádio, mas as criadas e atendentes restantes se moviam sem hesitação em preparação para o próximo evento.

Amanhã haveria um grande jantar no Palácio da Imperatriz, e depois de amanhã haveria uma festa do chá e um baile de máscaras.

Hannah caminhou pelo corredor, revisando sua agenda.

Era o primeiro evento importante a ser celebrado depois que Astella se tornou Imperatriz. Não podiam haver problemas.

Após o pôr do sol, o palácio ficou mais movimentado do que antes.

Porque em breve chegaria a hora do Imperador e da Imperatriz retornarem.

Depois de verificar a residência da Imperatriz, Hannah voltou e caminhou pelo corredor e encontrou um criado entrando na cozinha.

—O que você está fazendo?

Segurando uma pequena bandeja, o criado que estava prestes a entrar parou ao ouvir a voz de Hannah.

—Estava preparando um sanduíche para Sua Alteza o Príncipe.

Ele era um jovem assistente a serviço do príncipe. Hannah olhou para o que ele estava segurando.

Era uma bebida em um copo e um lanche em uma tigela pequena. Não parecia haver nada de especial.

Ela estava ocupada demais para ter tempo de analisar os detalhes.

—Sim, continue.