Como esconder o filho do imperador - Capítulo 136
A conversa que tiveram deixou Astella mais ansiosa.
Ela contou a Fritz o que a preocupava.
— Tenho certeza que o nosso pai está pensando em alguma coisa.
Fritz disse-lhe que examinaria mais de perto o que seu pai estava fazendo.
— Me sinto um pouco desconfortável.
No entanto, Astella não teve tempo para se concentrar nos assuntos do duque.
Mesmo antes do início do outono, ela estava ocupada se preparando para o festival da colheita.
A festa da colheita era uma das principais festas do ano.
Ela já vinha preparando o orçamento e os eventos há muito tempo, mas à medida que a data se aproximava, o número de coisas que ainda faltavam aumentava exponencialmente.
Astella passava cada dia agarrada freneticamente ao trabalho.
Ela ainda se sentia desconfortável, como se houvesse uma névoa de fogo que a sufocava, quando pensava no pai.
‘Não há nada que eu possa fazer agora.’
Embora seu título tenha sido destituído, ele não era um traidor, então não poderia ser expulso da mansão.
E, no entanto, seu pai era um homem que podia ficar trancado em um quarto, mas ainda assim conspiraria contra quem fosse necessário.
Astella se perguntou se seria melhor persuadir seu pai novamente a desistir do título antes ou depois do festival da colheita,
Um dia, no início do outono, o palácio recebeu uma pessoa inesperada.
—Quem veio me ver?
A empregada curvou-se educadamente para anunciar a chegada da visitante.
—Ela é uma jovem farmacêutica do leste. Ele está aqui para ver Vossa Majestade.
— Farmacêutica?
—Sim, ela tem uma carta carimbada com o selo de Sua Majestade.
Astella levantou-se da cadeira.
—Onde está agora?
A empregada disse que estava esperando no salão de recepção.
Astella dirigiu-se rapidamente para o local.
Uma mulher com cabelo castanho escuro e encaracolado estava sentada na sala onde a luz brilhante penetrava.
Ela usava um vestido de lã cinza, seu cabelo não estava bem cuidado e suas roupas eram velhas e sem graça, mas estava bem arrumada. Ela estava usando um par de botas resistentes.
Astella sabia quem ela era à primeira vista.
—Gretel?
Gretel sorriu abertamente enquanto olhava em volta.
— Lady Astella!
Foi a farmacêutica com quem ela fez amizade. Gretel quem fez o remédio que mudou a cor dos olhos de Theor.
—Gretel.
Depois de muito tempo, elas se encontraram novamente. Meio ano se passou.
Gretel sempre vagava de um lugar para outro para estudar ervas medicinais.
— Lady Astella! Oh, não. Vossa Majestade, a Imperatriz.
Gretel ajoelhou-se tardiamente, espantada.
Astella rapidamente a segurou.
—Está bem. Levante-se.
Gretel não mudou quase nada, apesar de não terem se visto em muito tempo.
— Você realmente é a Imperatriz.
Os olhos castanho-amarelados de Gretel olharam com curiosidade para o vestido decorado de Astella
— Ouvi a notícia, mas não pude acreditar.
—Você recebeu minha carta.
—Sim, vim aqui assim que recebi a carta.
Quando a primeira carta foi enviada, não houve resposta.
Devia estar muito longe.
Quando Astella lhe perguntou onde ela estava, Gretel respondeu com vergonha.
— Estive no sul há algum tempo. Originalmente, tentei ir para o norte, mas temia que o norte ainda estivesse desconfortável.
Gretel tirou um caderno grosso da bolsa. Nele havia desenhos e anotações de ervas e informações.
—Mas recebi muita informação do Sul! Desenvolvemos uma nova fórmula.
Com apenas uma rápida olhada, ela percebeu que havia muitas novidades.
—Eu vi muitas ervas pela primeira vez.
Gretel, que dizia os dados, surpreendeu Astella, que estava admirando os desenhos.
—Na verdade, ainda não consigo acreditar. Lady Astella é a Imperatriz.
Gretel hesitou e perguntou com cuidado.
—Eles te tratam bem aqui?
Ela deve estar preocupada se seu relacionamento com o Imperador estava sendo correto ou se ela foi forçada a se tornar Imperatriz.
Astella não havia contado a Gretel quem exatamente ela era, mas não podia esconder dela o verdadeiro trabalho de seu avô materno.
Gretel, que vagou pelo continente, também conhecia até certo ponto as famosas famílias nobres do império.
Depois de anos de idas e vindas, Gretel percebeu quem era Astella.
No entanto, ela nunca pediu detalhes.
O pai biológico de Theor nunca foi mencionado.
Ela tinha certeza de que Gretel fez algumas suposições ao descobrir a identidade de Astella e a cor dos olhos de Theor.
Astel respondeu com um sorriso, agradecida pela preocupação de Gretel e não queria preocupá-la.
— Sim, o mal-entendido foi resolvido e estamos bem.
— Isso é muita sorte.
Gretel ficou visivelmente aliviada.
—Se houver algo que eu possa fazer, diga-me, Majestade.
—Obrigada.
Gretel, que logo recuperou as energias, sorriu e perguntou.
—Onde está nosso Theor, não… o Príncipe Herdeiro?
* * *
Com a visita de Gretel, a tarde ficou animada.
Theor correu para seus braços e abraçou Gretel assim que a viu, depois de muito tempo.
— Tia Gretel!
—Theor, digp, príncipe herdeiro. Você cresceu muito durante todo esse tempo.
Gretel brincou muito com Theor e depois se despediu.
Embora lhe tenham dito que poderia ficar aqui, ela disse que já havia pago por uma hospedaria na capital, e parecia preocupada que Astella fosse criticada se ela permanecesse dentro do palácio.
Theor estava de bom humor graças à visita de Gretel, mas quando ela saiu, ficou deprimido novamente.
Felizmente, Kaizen logo chegou ao Palácio da Imperatriz.
—O que está acontecendo?
—Vossa Majestade.
Kaizen disse, abraçando Theor.
—Você deve estar muito entediado no palácio. Quer que eu reserve um tempo amanhã para irmos ao jardim?
— Já estive em todos os jardins.
— Você nunca esteve no jardim nordeste. Faremos um piquenique lá.
— Quero ir a um piquenique!
A ideia de um piquenique pareceu animar Theor.
— Vejo que você gosta de ir para a floresta.
Kaizen sorriu e colocou Theor no chão.
—Não se preocupe. Em breve será o festival da colheita. Vou levar você comigo quando na competição de caça. Acontecerá na floresta próxima à capital, e você poderá correr livremente pela floresta.
Astella, que estava ouvindo a conversa entre os dois, disse surpresa.
—Vossa Majestade, realmente vai a uma competição de caça?
—Eu te disse antes.
Ele disse tal coisa, mas ela achou que era uma piada.
Enquanto ouvia a conversa, Theor agarrou Kaizen pela bainha do manto e puxou-a.
—Vossa majestade vai caçar no festival?
— Sim, é um grande concurso.
Kaizen disse com confiança, dando tapinhas na cabeça de Theor. Ele parecia certo de que iria vencer.
‘ É melhor eu pará-lo.’
As competições de caça eram realizadas na floresta.
A entrada do imperador na floresta tornava difícil para os cavaleiros permanecerem ao lado dele e defendê-lo. Poderia ser um pouco perigoso.
Depois de pensar por um momento, Astella deu um passo à frente para detê-lo.
Porém, Theor afrouxou a mão que segurava as roupas de Kaizen e deu um passo para trás.
— Eu não gosto de caçar.
—Quê?
Theor olhou para Kaizen com um rosto tão inexpressivo quanto o de uma boneca.
A neve brilhante e clara havia afundado sombriamente. Os olhos que sempre brilhavam ficaram escuros.
—O urso está morto.
—….
Astella entendeu o que isso significava.
Ele disse a ela que viu um urso ser caçado na vila de caça do castelo em Maern.
Foi uma lembrança bastante chocante para Theor, que nunca tinha visto um animal morto.
Kaizen evitou furtivamente o olhar de Theor e tocou a ponta do queixo.
Então uma sugestão lhe ocorreu.
—Então, que tal fazermos outra competição?
—Outra competição?
—Vai organizar outro concurso?
Astella, ao ver essa conversa, ficou surpresa mais uma vez.
A competição de caça na festa da colheita era uma tradição do Império, e ela não conseguia acreditar que ele iria trocá-la por outra coisa.
Quando ouviu falar de outra competição, Theor novamente se agarrou a Kaizen.
—Então por que não fazemos um show de marionetes?
— Uh… hum, isso não combina bem com a colheita.
Na festa da colheita eram realizados eventos tradicionais como caça e tiro.
Quando ela disse isso a ele, Theor levantou a cabeça depois de pensar por um momento.
—Então, que tal um torneio de espada?
* * *
No dia seguinte, o Marquês, que estava sentado em frente a Astella, soube da noite anterior e perguntou novamente.
— Sim, foi assim que foi decidido.
Astella continuou a responder enquanto saboreava o chá perfumado.
—Ouvi dizer que costumavam realizar competições de espada e arco e flecha nos festivais da colheita.
— Era assim antes de eu nascer.
Astella riu das palavras do avô.
No passado, eram organizadas competições de esgrima ou tiro com arco, mas quando a pólvora e o canhão foram introduzidos, mudaram para uma competição de caça.
—Theor odiou a ideia, então Sua Majestade decidiu fazer um torneio de espada. Para ser exatos, Theor disse que tinha visto isso em livros de contos de fadas, então sugeriu isso.
O conto de fadas era na verdade sobre uma corrida de cavalos.
Mas a competição de espadas seria melhor do que uma corrida de cavalos.
Ambos eram perigosos, mas se um duelo de espadas ficasse sério, os guardas poderiam detê-lo, mas não há ninguém que impeça um acidente a cavalo.
—Sim, reviver antigas tradições… isso não é ruim.
—Theor estava tão entediado que decidimos fazer um piquenique juntos amanhã. Vovô, você quer vir junto?
— Não. Só quero descansar porque está calor.
O avô materno recusou apressadamente. Parecia que ele estava evitando estar com essas três pessoas.
Astella não se preocupou em apontar isso e sugeriu novamente.
— Vamos, venha comigo. Se você não vier, Theor ficará muito chateado.
Teve que convencê-lo algumas vezes antes de finalmente obter a resposta de que o marquês iria com eles.
O avô, erguendo as xícaras, olhou para Astella e disse:
—Você parece bem.
Quando ela levantou o rosto para olhar para ele, o avô, que suspirou suavemente, virou o rosto para a janela e evitou o olhar dela.
— Quer você goste ou não, esta vida combina com você.
Astella aceitou as palavras com calma.
— Cresci ouvindo isso.
Ela sofreu uma lavagem cerebral para se tornar a Imperatriz desde que era criança. Seu avô perguntou, olhando para Astella com olhos tristes.
—Então você quer voltar para o interior?
—Mas o que aconteceria com você, vovô?
Astella sabia que seu avô havia deixado sua antiga mansão no interior abandonada. Agora ele havia recuperado sua pensão.
E se um dia ele quisesse voltar para sua casa no campo?
Ela se perguntou por que se sentia assim.
— Não me importa onde moro. Quanto tempo mais posso viver?
Seu avô materno respondeu com uma atitude teimosa e olhou Astella cara a cara.
Era um tom teimoso, mas seus olhos, que olhavam para Astella, estavam cheios de amor.
— O que eu quero é que você viva a vida que deseja.
—…
Uma sensação calorosa e comovente surgiu em um canto de seu coração.
Ela não sabia que decisão tomaria no futuro. Mas estava grata por ter um membro da família que lhe disse isso.
Astella colocou a mão sobre a do seu avô na mesa.
—Obrigada, vovô.
* * *
—Eles cancelaram a competição de caça?
O duque de Reston ergueu a voz, surpreso com o fato inesperado.
Seu subordinado relatou com um olhar envergonhado.
—Dizem que hoje, do nada, o Imperador disse isso.
O duque estava ouvindo o relato na sala secreta da sua mansão.
Ele ficou frustrado ao saber que a competição de caça havia sido cancelada, contrariando o seu plano.
‘Por que ele fez isso de repente?’
Ele notou alguma coisa? Impossível, não tinha como perceber um plano que ainda nem foi colocado em ação.
Como o Kaizen podia perceber um plano que estava apenas na sua cabeça?
Foi Astella quem percebeu isso e convenceu o Imperador?
O duque, que estava pensando nas probabilidades, franziu a testa.
A ideia de ser traído por Astella e Fritz o deixou com raiva. Seus próprios filhos estavam tentando expulsá-lo da família, ele, que era o pai deles.
‘Malditos ingratos. Quão difícil foi criá-los.’
Principalmente Astella, que ele perdoou, e aceitou mesmo sendo uma divorciada. Ele até a estava ajudando com entusiasmo.
O duque também tinha carinho pelo neto, o príncipe herdeiro.
Pelo menos foi o que ele pensou.
Quanto mais o duque pensava no que Astella havia feito com ele, mais se sentia traído.