Como esconder o filho do imperador - Capítulo 128
Astella teve uma longa conversa com o Conde Ecklen naquele dia.
— Serbel sempre elogia o príncipe, dizendo o quão inteligente ele é.
Serbel era sobrinho do conde Ecklen. Ele perdeu os pais quando jovem, então o Conde o tomou como filho adotivo.
Os dois trocaram temas leves como Serbel e Theor, o Conde e seu território.
Não era muito, mas quanto mais conversavam, mais próxima Astella se sentia do conde. Quanto mais ele falava, mais ela gostava dele.
Eles não se conheciam há muito tempo, então era impressionante. Astella hesitou um pouco e disse:
—Meu avô me contou sobre os velhos tempos.
O conde Ecklen ficou envergonhado por um momento, mas logo disse com um simples sorriso.
—Esqueci todas as coisas ruins do passado.
Ele não culpava o Marquês. Não havia nenhum ressentimento. Isso significava que ele havia esquecido sua mãe?
Ela se perguntou o quão próximos os dois eram, mas não podia perguntar à pessoa envolvida.
‘Qualquer que fosse o relacionamento deles, deve ter terminado depois do casamento de meus pais, então não importa.’
Ela pensou isso e entendeu que não falar nada era uma cortesia do conde para com a sua mãe.
O conde Ecklen levantou-se e despediu-se de Astella antes de partir.
—Vossa Majestade, se houver algo que eu possa fazer, eu a ajudarei.
Astella olhou nos olhos sinceros do Conde Ecklen e estava pronta para pensar sobre isso. Ela poderia usar esse homem para derrubar o seu pai?
O pai dela odiava muito esse homem, por isso deduziu que provavelmente sabia o quão próximo ele tinha sido de Jacqueline.
Astella pensou que usá-lo tornaria o plano um pouco mais fácil. Mas ela não tinha certeza se o conde Ecklen a ajudaria tanto assim.
Eles realmente não eram tão próximos, então ela decidiu não pedir a ajuda dele com isso.
—Obrigada.
O Conde sorriu com a resposta de Astella. Foi um sorriso cheio de alegria amigável. Seus olhos estavam olhando diretamente para ela naquele momento.
Quando ela os viu diretamente à luz do sol, eles tinham uma cor diferente. Olhando de perto, os olhos do conde brilhavam num tom verde claro.
‘Que estranha coincidência.’
Foi isso que ela pensou ao olhar para o conde.
* * *
Os próximos dias passaram em silêncio.
Kaizen impediu Theor de ter aulas até que ele estivesse totalmente recuperado.
Na verdade, ele superou o resfriado em três dias. Mesmo assim, ele teve que ficar quieto em seu quarto até se recuperar totalmente.
— Quero sair…
Theor lutou contra o tédio por vários dias. Já fazia uma semana.
Kaizen recompensou Theor por sua boa saúde.
—Vamos ao Grande Teatro ver uma peça.
No centro da capital ficava o Grande Teatro. Era um edifício esplêndido e magnífico construído nas gerações anteriores.
Peças de teatro, óperas, balé e outras apresentações acontecem dependendo da temporada.
— Quero ir! Quero ver uma peça!
Theor ficou, é claro, satisfeito. Ele sempre gostou de peças de teatro e estava trancado em seu quarto há vários dias, então estava pronto para ir a algum lugar.
Astella perguntou ansiosamente.
— Não seriam necessários muitos preparativos antes de ir?
Não era fácil para o imperador e o príncipe irem ao teatro. O teatro devia ser inspecionado quanto a qualquer perigo, e o passeio deve ser verificado com antecedência.
Kaizen sorriu ao ver Astella preocupada.
—Não se preocupe. Estou trabalhando nisso há três dias.
‘Quer dizer que estava se preparando sem dizer nada?’
Aparentemente, Kaizen tinha planejado um presente surpresa para Theor.
Theor alegrou-se e preparou-se para ir imediatamente ao teatro.
—Eu também quero levar Levin. Ele pode ir comigo?
Vendo Theor se animar, Astella achou que era algo bom que os três fossem juntos.
—Bem. Mas você e ele, ambos têm que sentar quietos e assistir.
* * *
O Grande Teatro da capital era um grande edifício que se erguia em três andares. Era quase do tamanho do edifício principal do Palácio Imperial.
Os três sentaram-se em um balcão no segundo andar. Era o melhor lugar para ver o palco.
Os nobres abaixo olharam para eles surpresos.
Foi a primeira vez que os três saíram juntos, então chamaram a atenção.
Felizmente, o espetáculo começou imediatamente. A peça era um clássico antigo.
Uma adaptação de uma antiga lenda sobre uma princesa e um príncipe que derrota um dragão.
Kaizen baixou a voz para que Theor não pudesse ouvir e disse para Astella.
—Era o único espetáculo bom para Theor ver. Todos os outros eram dramas políticos.
— Isso é bom.
Theor nem ouviu o que os dois estavam dizendo.
Ele segurou Levin com força nos braços e se concentrou no espetáculo.
‘Quando morávamos no campo, eles exibiam muitas peças.’
Mas era a primeira vez que o menino estava num grande teatro.
Além disso, por ser o Grande Teatro da capital, o equipamento de palco e os adereços eram muito bons.
Havia também efeitos especiais de pólvora e fumaça. Nos assentos do balcão estavam alguns dos melhores doces e biscoitos que haviam sido preparados para o pequeno príncipe, mas Theor estava tão concentrado na peça que não tinha tempo para experimentá-los.
A peça terminou depois de uma hora. Ao contrário de outras, parecia que Kaizen havia escolhido uma que não era muito longa.
Se a duração da peça fosse muito longa, havia uma chance do jovem Theor se cansar de assistir, perdendo o interesse nela.
Após a peça, os dois atores principais vieram cumprimentá-lo.
— “Princesa”, você é tão linda.
Theor distribuiu as cestas de doces preparadas para os atores.
— Muito obrigado, Vossa Alteza o Príncipe.
Quando o pequeno príncipe lhe deu um presente com alegria, os atores ficaram emocionados.
— Gostou da peça?
—Sim! Foi muito divertido, posso voltar amanhã?
Theor continuou a divagar sobre a peça mesmo depois que a carruagem partiu para o palácio.
Porém, ao sair do centro da capital e a caminho do Palácio Imperial, adormeceu.
Já era meia-noite, então o pequeno Theor não podia não estar com sono. Kaizen sorriu para o menino, que dormia nos braços de Astella.
—Theor gosta muito de peças. Quando se tornar Imperador, certamente construirá vários teatros.
Astella também sorriu. Ela se lembrou de quando mostrou a peça de fantoches para Theor. Não foi há muito tempo, mas parecia que tinham se passado anos.
A carruagem desceu a rua na noite tranquila.
A rua deserta estava silenciosa e sombria. Olhando pela janela, Kaizen disse em voz baixa.
— Já saímos juntos antes.
Ele parecia estar falando sobre ver que eles tinham ido ao mercado noturno da capital com Theor.
Naquele dia, os três foram ao mercado assim.
—Às vezes penso nisso. O que teria acontecido com nós três se não estivéssemos lá naquele dia?
Kaizen falou com os olhos fixos na janela da carruagem.
—Você e Theor teriam saído da capital e nunca mais voltariam.
—…
Astella não respondeu. Não houve necessidade de responder. Porque essa era a verdade.
—Achei que tinha que voltar para o interior o mais rápido possível.
Mas ela mudou de ideia ao ver Theor tão feliz.
—Mas agora…
Astella disse impulsivamente.
— Acho que a situação atual é a melhor para o Theor.
Kaizen olhou para Astella, surpreso.
—Mas e você?
Ele perguntou baixinho.
—Haverá um dia em que você achará que ter ficado aqui foi uma coisa boa?
—Eu não sei.
Astella não tinha certeza se conseguiria partir em cinco anos.
Não é como se ela tivesse entrado nesse casamento realmente pensando que se divorciaria em cinco anos com segurança. O passado era irreversível, de qualquer maneira.
—…Bem.
Depois disso, os dois ficaram em silêncio.
Nesse momento, a carruagem que corria pelas ruas noturnas parou de repente.
Quando Kaizen olhou pela janela, eles estavam em uma pequena ponte. A carruagem que transportava os guardas puxava algo na ponte estreita.
—O que está acontecendo?
— Tem uma árvore em frente à ponte, então estamos removendo ela.
Os motoristas devem ter verificado o caminho de volta com antecedência, então por que isso aconteceu de repente?
Depois de uma longa espera, a carruagem ainda não estava pronta para partir.
Frustrado, Kaizen saiu da carruagem.
—Por quanto tempo isso vai durar?
Lyndon, que liderava na frente, veio correndo preocupado.
—Vossa Majestade, por favor, fique dentro da carruagem. Poderia ser perigoso.
—Estou bem.
Kaizen se aproximou da carruagem dos cavaleiros.
Eles estavam na capital, e esta rua deveria ter sido examinada pelos cavaleiros antes, então não era perigosa.
Astella, que estava pensando nisso, de repente ouviu um som estranho. O som de respingos de água podia ser ouvido na grade da ponte.
‘Som de água?’
Ela achou que era uma situação estranha. A carruagem parou de repente na ponte e agora o som da água sendo agitada sob a ponte podia ser ouvido. Assim que Astella percebeu isso, ela gritou.
—Vossa Majestade!
Kaizen se virou para ela.
E naquele momento, ocorreu uma explosão com um clarão ofuscante.
Um rugido horripilante rompeu o silêncio da noite. Havia um cheiro amargo de pólvora ao redor.
Astella, que abraçou Theor, levantou lentamente a cabeça.
Felizmente, do lado de fora da janela, nada mudou. Os cavaleiros cercaram Kaizen, mas ninguém parecia ferido.
—Mãe? O que está acontecendo? O que está acontecendo?
Theor, que estava cochilando, abriu os olhos, surpreso.
—Está tudo bem. Houve um acidente. Não se preocupe, todos estão bem.
Olhando de perto, a ponte também não parecia ter desabado. O que foi aquele barulho?
Kaizen correu em direção a Astella.
— Estou feliz que vocês dois estejam seguros.
—Sim, Vossa Majestade está bem?
—Estou bem.
Lyndon se aproximou da carruagem e relatou.
— Aparentemente havia um pequeno saco de pólvora na junção da amurada. Estava preso em um espaço pequeno. Examinei o local antes, mas não consegui encontrar. Tudo é minha culpa. Sinto muito, Vossa Majestade.
Devia ser uma bomba muito pequena se fosse invisível aos olhos dos cavaleiros.
— Procure e prenda o criminoso.
Era estranho. Se a bomba fosse pequena demais para não ser vista, não teria machucado o Imperador, mesmo que estivesse escondida e explodisse sobre ele.
Então qual era o objetivo do culpado?
Mas… a bomba explodiu até que Kaizen saiu, como se estivesse esperando por ele.
Vários dos presentes pareciam ter pensamentos semelhantes.
Um dos guardas, que parecia confuso, disse.
—Isso é estranho. Eles não atacaram a carruagem do Imperador…
Kaizen se virou para ele. O jovem cavaleiro baixou a cabeça apressadamente ao olhar furioso do imperador.
—Eu não vou te perdoar se você continuar falando coisas ridículas.
Astella não disse nada, mas havia confusão em seu coração.
‘Quem fez isto?’
Não podia ter sido do pai dela.
Ele, apenas alguns dias atrás, admitiu que não tinha certeza de que o imperador era a pessoa que o estava investigando.
Não tinha como ele tentar matar o Imperador assim, do nada.
Então, quem diabos fez isso?