Como esconder o filho do imperador - Capítulo 126
Astella hesitou ao ouvir as palavras da empregada.
─Quem disse que está aqui?
A empregada baixou a cabeça educadamente e repetiu a resposta anterior.
─ O Duque de Reston. Ele solicitou urgentemente uma audiência com Sua Majestade, a Imperatriz.
Foi tão inesperado que ela ficou chocada.
─ Onde ele está agora?
─ Está esperando na sala de visitas.
Astella olhou pela janela para o corredor.
Um amanhecer azulado brilhou pela janela. Era muito cedo. Muitos dos servos da Casa Imperial ainda dormiam nessa hora.
‘Por que meu pai veio tão cedo de madrugada?’
Ele não devia ter vindo por causa de Theor, embora provavelmente já tivesse ouvido falar que o menino estava doente.
Certamente seu pai havia subornado um dos criados e estava ouvindo detalhadamente o que acontecia dentro do palácio.
Mas Theor só estava resfriado. Seu pai não teria se importado de vir já que não era uma doença grave.
‘Bem…’
Um pequeno pensamento sinistro a atingiu. Ele descobriu o que Fritz estava fazendo?
O que Astella pediu a Fritz foi descobrir o que seu pai havia escondido. Fritz retornou após completar suas funções, conforme Astella ordenou.
─ Está tudo bem. Vou encontrá-lo agora, por favor, faça um chá.
Ele mandou a empregada de volta e foi para a sala de estar.
Já amanhecia do lado de fora da janela, mas ainda estava escuro dentro da mansão.
A sala estava sendo iluminada por um lustre, como se fosse noite.
Ela viu seu pai sentado em uma cadeira sob as luzes do lustre, pensando.
Embora fosse de manhã cedo, o duque de Reston, já estava bem vestido com suas vestes refinadas.
─ Pai, o que o trouxe aqui tão cedo?
Os olhos verdes claros olhando para ela pareciam um pouco perturbados.
─ Onde está o Imperador?
─ Ele está com Theor.
Astella sentou-se calmamente respondendo às perguntas do duque. O duque de Reston perguntou, como se só então se lembrasse.
─ Ah, sim. Ouvi dizer que meu príncipe estava doente. Como está o menino?
─ Ele teve febre a noite toda, mas já baixou. Agradecemos a sua preocupação.
Astella disse sarcasticamente, mas o duque pouco se importou.
─ Disseram-me que não era uma doença grave. As crianças pequenas ficam frequentemente doentes.
O duque de Reston olhou para a porta pela qual Astella havia entrado.
Ele começou a falar, depois de confirmar que estava fechada.
─ Há algum tempo, alguém investigou secretamente meus bens.
Astella tentou parecer não muito surpresa. Ela sabia que ele notaria, mas não imaginava que seu pai perceberia tão rapidamente o que estava acontecendo.
O duque de Reston falou como se estivesse frustrado.
─ Enquanto Fritz estava nos territórios do oeste, alguém fez uma investigação sobre meu passado.
─ É mesmo?
Astella fingiu surpresa ao olhar para o rosto ansioso de seu pai.
Estava pensando em testá-la dizendo essas coisas? Isso era algo que ele faria.
Talvez ele suspeitasse que ela tivesse algo a ver com isso e foi por isso que veio, para ver a reação dela agora.
Astella agiu como se estivesse surpresa e um pouco assustada, perguntando da forma mais natural possível.
─Quem fez isso?
─ Eu não sei.
─O que houve?
Astella perguntou, mas o Duque permaneceu em silêncio por um momento.
─ Você não precisa saber. Não é grande coisa.
─ Se não é nada preocupante, então, por que veio me ver tão cedo?
─ Não estava acordada, de qualquer modo?
─ Não dormi, cuidei do Theor toda noite porque ele estava doente.
─ Você deveria ter deixado as criadas cuidarem disso, era só um resfriado…
Naquele momento, Astella quase gritou de raiva com o pai.
Ela estava cansada, sensível porque não pôde dormir, e agora tinha que ouvir essas palavras que só a irritavam.
Felizmente, a empregada trouxe as xícaras com um tilintar. Astella abandonou qualquer tentativa de conversa e bebeu o chá.
─ Fiquei surpreso quando o Imperador disse que estava enviando Fritz para o oeste.
O duque de Reston começou a falar novamente, olhando para Astella.
─ Isso é bom, mas ao mesmo tempo, misterioso. Não acredito que o Imperador esteja nos dando poder só porque está interessado em você. O mesmo Imperador que fez um ótimo trabalho ao longo dos anos, expulsando famílias como a nossa…
─ Espere… está dizendo que o Imperador fez a investigação?
Astella percebeu porque seu pai veio aqui tão cedo. Ele parecia pensar que era o imperador quem investigava a corrupção da família ducal enquanto após enviar Fritz para o oeste.
É por isso que ele veio para o Palácio da Imperatriz no início do dia, para poder discutir a sós com Astella.
Estava preocupado que o Imperador ainda pudesse estar pensando em se livrar dele, e encontrou uma desculpa para vir por causa da doença de Theor.
Ninguém duvidaria que ele veio para ver o principezinho se desse a desculpa de que estava preocupado ao saber que Theor estava doente.
─ Então, quem fez isso? Não pode ter sido Fritz.
Astella percebeu que seu pai tinha muita fé em seu irmão.
Houve momentos em que eles tinham opiniões conflitantes, mas o pai parecia confiar em Fritz.
‘Porque ele é o único que ele considera seu filho.’
Astella disse novamente, enquanto engolia os sentimentos amargos.
─ Poderia ser qualquer um dos nobres. Porque eles não gostam de você, pai.
─ Nem todos…
O duque de Reston murmurou significativamente.
Astella nem precisou perguntar o que isso significava.
Após a queda do Marquês Croychen, alguns aristocratas, sem saber o que fazer, tentaram agradar a família Reston.
As palavras de seu pai significavam que ele já havia conquistado a lealdade de alguns.
─ De qualquer forma, não acho que tenha sido o imperador. Por que estaria fazendo isso agora?
‘Pelo bem de Theor… vou enganar meu pai.’
Astella disse isso, com a aparência mais ingênua que conseguiu reunir.
─ Não seja estúpida. Quando o Imperador perder o interesse em você, tentará novamente tirar o poder de nossa família, quer você tenha um filho com ele ou não.
O duque de Reston parecia frustrado, e levantou um pouco a voz.
Ele então confrontou Astella e a aconselhou.
─ Você deve… enquanto o Imperador ainda está apaixonado por você, terá que dar à luz outro filho.
Astella pensou por um momento se deveria bater no pai.
Talvez realmente devesse bater nele. Mas isso arruinaria o plano em que ela estava trabalhando. Tinha que manter o pai calmo até que o plano fosse concluído. Ela simplesmente pegou sua xícara de chá.
No entanto, a conversa não pôde continuar porque a porta foi aberta.
─ Astella. O que faz aqui?
Foi Kaizen quem entrou, também parecendo um pouco cansado e desorientado, graças a ter ficado acordado a noite toda com Theor.
Kaizen olhou para Duke Reston com uma expressão carrancuda.
O duque levantou-se apressadamente do assento para fazer sua saudação.
─ Cumprimento a Vossa Majestade…
─ O Duque não aprendeu boas maneiras? Por que nos visita antes do amanhecer e sem avisar?
O duque de Reston baixou a cabeça com uma pitada de reprovação em sua expressão.
─ Este velho veio correndo preocupado quando soube que o príncipe estava doente.
─ Então o que está fazendo aqui nesta sala, se diz que está tão preocupado?
─ É porque o Príncipe ainda está dormindo…
─ Tanto faz. Obrigado pela sua preocupação com nosso príncipe. Theor está saudável, então pode voltar para casa. Não vou permitir que estranhos cuidem do meu filho quando ele estiver doente.
Era uma ordem clara de que ele não permitiria que o duque visse o príncipe.
O duque de Reston estava zangado por dentro, mas não podia censurar o imperador por nada.
─ Fui descuidado… bem, voltarei mais tarde.
O duque de Reston olhou para Astella, fez uma reverência e saiu. Suas palavras indicavam claramente que ele retornaria.
Depois que seu pai desapareceu, Astella olhou para Kaizen, que usava roupas casuais.
Ela estava muito grata por ele ter afugentado seu pai irritante, apesar de ter entrado inadvertidamente.
─ Ah, certo… Theor acordou, estávamos te esperando, mas você não voltou.
─ Como ele está?
─ Acho que está bem agora. Assim que ele acordou, dei-lhe o que tinham prescrito.
Astella foi com Kaizen para o quarto de Theor
Felizmente, com forças renovadas, o menino estava abraçando Panqueca na cama.
─ Panqueca!
Theor riu e segurou o cão nos braços. O cachorro lambeu a bochecha de Theor, abanando o rabo.
Panqueca ficou debaixo da cama a noite toda enquanto Theor estava doente.
Acariciando o pelo dourado, Theor olhou Astella nos olhos.
─ Mãe.
─ Theor, você está bem agora?
─ Sim. Não estou doente.
Theor, que respondeu, parecia um pouco pálido, mas confortável.
Os olhos vermelhos brilhantes e as bochechas brancas também estavam cheios de vitalidade.
Astella sorriu de alívio.
─ Você não está com fome?
─ Sim… um pouco
Astella piscou para Hannah.
Depois de um tempo, Hannah trouxe uma pequena tigela de sopa quente.
Theor sentou-se na cama e comeu a sopa.
Astella estava ajudando Theor a tomar a sopa quando viu Kaizen a observando.
─ Você deve estar exausta, deveria descansar. Não trabalhe hoje.
Ao ouvir a voz amigável de Kaizen, Astella sorriu suavemente.
─ Vossa Majestade deve estar mais cansado do que eu.
Astella estava cansada por não ter dormido, mas não era nada comparado a Kaizen.
O trabalho do Imperador era mais difícil, e ontem à noite ele nem piscou. Ela tinha certeza de que ele devia estar mais cansado.
─ Estou bem. Estou preocupado por você.
Theor, que tomava sopa enquanto ouvia a conversa dos dois, perguntou, com uma cara ingênua.
─ Vocês dois não podem descansar hoje?
Ao ouvir as palavras inocentes de Theor, Astella e Kaizen começaram a rir ao mesmo tempo.
Arrumando o cabelo desgrenhado de Theor, disse Kaizen.
─ Isso vai ser um pouco difícil, mas prometo voltar mais cedo, depois de terminar o trabalho de hoje.
Entre os três, surgiu, pela primeira vez em muito tempo, uma atmosfera calorosa.