Como esconder o filho do imperador - Capítulo 124
O avô materno explicou em tom conciso. Houve uma batalha na fronteira naquele ano.
Não foi uma grande batalha. Os imigrantes na fronteira estiveram em crise apenas brevemente.
Porém, a batalha, que deveria terminar facilmente, se arrastou, causando danos e contrariando as expectativas.
Isso ocorreu porque o vice-comandante Ecklen distorceu as ordens durante a batalha e as ordens chegaram erradas para as unidades.
Foi um erro simples, mas a reprimenda era inevitável.
Ecklen reclamou da opressão, mas não havia como provar suas palavras.
O Marquês considerou que foi um erro simples e acabou expulsando-o do cargo como punição.
Ecklen foi expulso desonrosamente e enviado para a fronteira.
—Foi o que aconteceu.
No entanto, descobriu-se que não foi seu erro.
—Depois de alguns anos de investigações, descobriu-se que não foi culpa dele.
O avô materno franziu a testa neste momento.
‘É uma pena.’
A posição de vice-comandante não era algo que qualquer um pudesse obter. Embora fosse uma posição mais parecida com a de secretário, os novos cavaleiros queriam ser tenentes de alto status.
Isso porque eles poderiam ganhar experiência ao lado de seu superior e obter fortes conexões pessoais.
Um jovem que acumulava um histórico ruim foi expulso injustamente do cargo que havia obtido.
Para o jovem Ecklen, naquele momento, a sua vida desmoronou. Astella ouviu a história do avô e perguntou-lhe:
—Você descobriu quem foi o real culpado?
—Eu não pude descobrir.
— Talvez… ele fosse parente do meu pai?
Parecia algo que ele poderia fazer. Era um papel adequado para alguém como seu pai, um vilão famoso que elimina o seu rival.
Mas o avô negou os pensamentos de Astella.
— Não. Seu pai não estava interessado em sua mãe naquela época.
— É mesmo ?
Ela acreditava que seria realmente algo que seu pai poderia fazer. Foi muito estranho ouvir o avô dizer não.
—Pedi desculpas diretamente para ele e tentei compensá-lo, mas ele disse que não precisava.
‘Por que não? Seu ressentimento foi tão grande?’
Ele deveria ter sido recompensado.
Para o conde Ecklen, não seria estranho culpar o Marquês, pois pensaria que dois anos da sua vida tinham sido desperdiçados injustamente.
Não foi culpa dele, mas os infortúnios foram despejados sobre ele.
Mesmo assim, o Marquês deu oportunidade ao jovem tenente de apresentar o seu caso, e também fez uma investigação, para que pudesse dizer o que realmente aconteceu.
Depois de dois anos, ele continuou a investigar e finalmente revelou a verdade do incidente.
‘Por que se sente desconfortável com ele até hoje, então?’
Astella, que sentia tantas dúvidas, encontrou a resposta momentos depois.
Depois de obter essa resposta, ele conseguiu entender a situação.
Por que o conde Ecklen, que foi expulso injustamente, recusou-se a receber uma recompensa. Embora seu avô materno, comandante na época, tenha feito o possível para revelar a inocência de seu vice-comandante, por que ele ainda se sentia incomodado em sua presença até hoje?
‘É porque a minha mãe se casou enquanto ele estava fora.’
O avô materno deu um longo suspiro.
—Eu não sabia que eles eram tão próximos. Eles eram mais próximos do que eu pensava.
Eles eram de status muito diferentes, e mesmo que o que tivessem fosse um relacionamento semelhante ao de amantes, não poderiam ficar juntos.
—Mas a minha mãe aceitou a proposta do meu pai.
Astella achava que, se eles realmente tivessem um relacionamento profundo o suficiente para prometer um ao outro um futuro juntos, não teriam rompido tão facilmente.
Talvez sua mãe gostasse mais do duque, e não do conde Ecklen, que estava longe.
Claro, ela achou um pouco surpreendente que sua mãe gostasse do seu pai. Mas aos olhos dela, ele pode ter parecido um bom partido…
‘Hum…’
Era um pouco difícil de acreditar, mas Astella não tinha certeza, porque não sabia como era sua mãe.
— Sua mãe não gostava muito do seu pai, mas ainda assim, ela insistiu em se casar.
Astella entendeu os sentimentos de seu avô. Parecia que ele ainda sentia pena deles, pois sentia como se tivesse acabado o relacionamento dos dois, os quebrando em um milhão de pedaços.
—Pode ser que o conde Ecklen não o culpe. Não seria melhor esclarecer o passado?
O avô materno não respondeu. Astella lembrou-se do Conde Ecklen, que já havia visto várias vezes.
Ele foi muito gentil e cortês com Astella. Porque gostava de sua mãe.
Antes disso, ela não entendia o porquê de sua amabilidade com ela.
Mas depois de ouvir isso, Astella ficou em dúvida sobre como tratá-lo no futuro.
Seu pai sabia sobre seu relacionamento com sua mãe? Ao ouvir o nome do conde Ecklen, o duque pareceu um pouco sensível.
Enquanto ela estava pensando nisso, o avô chamou Astella, olhando para o lado.
—Está chovendo.
Quando ela olhou para trás, gotas de chuva aderiram gradualmente às janelas. Astella olhou para a hora e levantou-se da cadeira.
Kaizen e Theor estariam esperando no quarto.
—É muito tarde. Eu tenho que voltar.
Astella terminou a conversa com o avô materno e voltou para o seu quarto.
Ao passar pelo corredor, a chuva que caía do lado de fora da janela de repente começou a cair com mais força.
Agora uma chuva torrencial encharcava o jardim.
— De repente…
Ela viu os criados correndo em direção ao canteiro de flores sob a chuva. Eles começaram a cobrir o jardim com uma lona gigante para proteger as plantas.
Alguns deles carregavam guarda-chuvas, mas a chuva forte e o vento os quebravam.
—Que trabalho…
Para o próximo ano, ela decidiu pedir que não plantassem flores tão fracas contra a chuva.
Pensando nisso, ela entrou no quarto do filho, mas mesmo o local estando iluminado, não havia ninguém ali.
—Vossa Majestade? Theor?
Ela pensou que eles estariam brincando lá, mas não estavam no local.
Uma empregada encontrou Astella e se aproximou dela. Ela estava segurando toalhas e pijamas.
—Vossa Majestade?
—Onde estão o príncipe e o imperador?
—Sua Majestade o imperador saiu para o jardim junto com o Príncipe.
—Eles estão no jardim?
Estava chovendo.
As janelas que davam para o jardim faziam barulho porque a chuva continuava vindo com ventos fortes.
—Astella.
Uma voz familiar a surpreendeu, e Kaizen estava prestes a entrar no quarto.
Kaizen abriu a porta de vidro que dava para o jardim com as mãos molhadas e entrou.
Theor estava em seus braços.
Ambos estavam completamente encharcados pela chuva, provavelmente por estarem no jardim.
Cada vez que dava um passo, a água escorria de seu corpo, deixando pequenas poças.
Theor murmurou, enxugando o rosto com as mãos enquanto a água fluía sobre ele.
— Olá… está frio.
Kaizen colocou Theor no chão com cautela para que ele não escorregasse.
Astella limpou o cabelo de Theor com a toalha trazida pela empregada.
— Vá tomar um banho com água morna.
Quando Astella acenou para ela, a empregada abaixou a cabeça e correu em direção ao banheiro.
Num instante, a água morna estava pronta.
Por ordem de Kaizen, as empregadas primeiro encheram a banheira de Theor com água quente.
Astella levou Theor diretamente ao banheiro e as instruiu sobre como deveriam lavá-lo, depois voltou para o quarto.
Kaizen simplesmente se enxugou com uma toalha no quarto.
— Tentamos sair para brincar um pouco e de repente começou a chover.
Kaizen estava vestido com roupas leves e um casaco preto e prateado. Quando ele tirou o casaco, Astella viu sua camisa branca úmida.
A camisa fina grudava na parte superior do corpo, revelando sua constituição forte.
Astella inadvertidamente evitou olhar nos olhos dele. Ela fingiu inspecionar a janela para evitar olhar para ele, mas uma voz baixa a capturou.
—Algum problema?
—Quê?
—Você parece um pouco abatida.
Quando ela se virou para olhar ele, encontrou o par de olhos vermelhos a encarando.
Eles tinham um olhar ligeiramente feroz enquanto olhavam para Astella, brilhantes.
O cabelo de Kaizen era de um preto intenso, como o céu noturno, seu nariz pontudo e reto.
A água fria da chuva escorria pelas linhas de sua mandíbula e pelo peito firme.
Astella não pode deixar de pensar que ele parecia uma estátua viva.
Deixando de lado seus pensamentos inúteis, ela falou calmamente.
— Não é nada. Meu avô acabou de me contar sobre minha mãe.
—O que aconteceu com sua mãe?
—Nada…
Astella ficou sem palavras.
Ela ficou um pouco chateada depois de ouvir sobre o passado de sua mãe. Também pensou em seu relacionamento com o conde Ecklen.
Kaizen falou em voz baixa e perguntou o que a estava deixando tão mal.
—Se há algo que te preocupa, pode me dizer. Quero te ajudar, não se trata apenas de comprar joias ou um palácio.
—…
Eram poucas palavras, mas nelas se sentia uma forte sensação de ansiedade.
Astella, no entanto, sabia que não voltaria a colocar sua confiança neste homem.
— Obrigada por dizer isso, Majestade.
Ela fez um momento de silêncio.
—Mas estou bem. O avisarei se precisar de um favor.
Kaizen olhou silenciosamente para Astella. Ela fingiu não ver as emoções dolorosas em seus olhos vermelhos.
Era constrangedor traçar um limite assim repetidamente, mas Kaizen, com sua atitude, conseguia cruzar o limite todas as vezes. Isso era algo que a impressionava.
Será que Kaizen já havia esquecido que eles estavam em uma relação contratual?
‘Já faz um tempo desde o casamento…’
Felizmente, este momento estranho terminou rapidamente.
O criado veio correndo em passo acelerado e bateu na porta.
—Vossa Majestade, a água quente está pronta.
Kaizen se virou sem responder e foi para o banheiro.
Houve muitos problemas, então Astella não teve tempo para refletir sobre o assunto do Conde Ecklen.
Três dias depois, o irmão Fritz chegou ao Palácio Imperial.