Como esconder o filho do imperador - Capítulo 122
— Sim, acreditarei nas palavras da senhorita.
Foi o que Velian disse a Florin naquela hora.
Considerando esse incidente junto com o caso da tentativa de envenenamento no vestido de casamento e a questão da carta secreta, Velian não tinha muita fé na inocência de Florin, mas disse que acreditaria nela de qualquer maneira.
‘Mas sendo verdade ou não, o que posso fazer?’
Sua Majestade se apaixonou pela Imperatriz e nenhuma outra mulher importava para ele.
A moça trazida como criada pelo Ministro do Interior estava farta da indiferença de Sua Majestade, o Imperador, e não parava de reclamar com Velian.
Nesta situação, como ele poderia revelar que a queda dos Croychen era uma conspiração da Imperatriz? Que poder ele tinha?
Velian pensou nisso com uma cara abatida.
Ele não podia fazer nada além de ficar de olho na Imperatriz e procurar evidências.
‘Mesmo se eu encontrasse evidências…’
—A Imperatriz é má o suficiente para fazer isso conosco. Obviamente, um dia irá matar o Imperador para fazer de seu filho o novo Imperador. Não acha?
Com essas palavras, Florin incitou Velian.
—Talvez tudo tenha sido planejado por ela desde o início.
A voz que sussurrou para Velian na escuridão era furtiva.
—A Imperatriz escondeu deliberadamente o príncipe enquanto sua situação era perigosa. Assim que as coisas se acalmaram, ela voltou e apareceu diante dos olhos de Sua Majestade, chamando sua atenção.
A Imperatriz não apareceu porque quis, mas pelo testamento da Imperatriz Viúva. Mas Velian não se preocupou em enfatizar esse ponto.
Claro que não concordava totalmente com a ideia de Florin. Mas era verdade que tudo isso o incomodava.
Não importa quanto tempo tenha passado, o relacionamento entre o Imperador e Astella ainda não mostrava sinais de melhora.
Agora, Astella estava cuidando da própria família, tendo enviado o irmão para administrar terras.
À medida que a família Croychen perdeu poder, tal poder passou para o duque de Reston, o que reavivaria as chamas da antiga facção nobre.
Velian trouxe uma nova dama para atrair sua atenção, mas o Imperador a ignorou abertamente, sem sequer olhar para ela.
Além disso, Sua Majestade deu novas ordens assim que o banquete terminou.
Os mandou fazerem preparativos para que o Príncipe Theor fosse oficialmente designado como Príncipe Herdeiro.
E se o imperador estivesse realmente errado?
‘Certamente não seria bom.’
Enquanto Velian caminhava pelo jardim, pensou no Palácio da Imperatriz.
‘Talvez valha a pena perguntar um pouco.’
Ele se dirigiu a Serbel, à sua frente, com um olhar ansioso. Serbel ainda parecia se perguntar por que o Imperador o odiava.
— Serbel…
— Hein?
—Você vai ao Palácio da Imperatriz todos os dias?
Serbel frequentemente ia e vinha ao Palácio da Imperatriz para educar Theor. Parecia ser mais um nível de jogos do que de aulas reais.
Ainda assim, era uma grande honra poder circular livremente pelo Palácio da Imperatriz todos os dias enquanto a Imperatriz mantinha a sua guarda rigorosa.
—Sim, por quê?
Velian sorriu gentilmente e pediu um favor.
—Então, você pode me ajudar?
* * *
Na tarde seguinte, uma festa aconteceu no jardim do Palácio Imperial. Astella teve que comparecer pessoalmente ao evento.
Como resultado do banquete no palácio, Astella juntou-se aos eventos da corte.
Até agora, todos esses pequenos eventos foram ignorados porque não havia uma Imperatriz.
Mas agora que Astella se tornou a Imperatriz, todos tinham que participar dos eventos de acordo com os costumes, mesmo que não gostassem dela.
A festa no jardim do palácio era uma reunião social em plena luz do dia.
Desta vez, Theor estava com eles.
Ele era muito jovem para aparecer em eventos como bailes e jantares, mas podia comparecer às festas ao ar livre no jardim.
O jardim estava banhado por luz solar intensa e aromas florais frescos.
Era um evento ao ar livre, e estava um pouco quente por causa do sol.
—O que você está fazendo, Theor?
Cercada por aristocratas, Astella encontrou Theor sentado em uma mesa próxima ao canteiro de flores e perguntou.
Theor estava segurando bonequinhas sobre a mesa.
—Mãe, esses são meus novos soldados!
Quando ela olhou de perto, eram bonecos de soldados cuidadosamente trabalhados.
Todos pareciam mais sofisticados do que os bonecos que Theor usava antes, com cores pintadas e expressões faciais.
—Eu os trouxe.
O duque de Reston, que estava ao lado dele, falou com orgulho. Seguia dando presentes para a criança e tentando agradá-la…
—Sim. O Vovô mau deu para mim.
Até mesmo Theor parecia ter se acostumado com esse avô detestável. Theor estava ocupado carregando seus soldados em um pequeno navio militar. O duque, sorrindo e olhando, estendeu a mão.
—Esse velho pode te ajudar?
Theor escondeu os bonecos nos braços, evitando suas mãos.
— Não.
—…
O sorriso do duque endureceu. Theor ainda não confiava nele.
—Theor, vá mostrá-los também ao seu outro avô.
Theor correu em direção ao Marquês de Calenberg, avô materno de Astella.
O duque de Reston, que olhou com desaprovação para Theor, voltou seu olhar para Astella.
— Eu também trouxe um presente para você.
—Não preciso.
—Você vai dizer isso antes de ver o que é?
A recusa fria de Astella fez o duque tremer.
Mas ele não perdeu o sorriso, porque as pessoas olhavam para ele.
Ele baixou a voz para Astella.
—É algo de além da cordilheira. Possui um aroma sedutor que atrai qualquer homem.
—Isso é algo que me interesse.
O duque de Reston, ainda sorrindo, apenas estalou os lábios de irritação. Astella não respondeu.
—Astella.
Então, ouviram uma voz familiar vinda de trás.
Kaizen, que estava cercado por nobres, caminhou em direção a eles. Estava vestindo o manto do Imperador que era usado em eventos da corte.
Era uma roupa que geralmente combinava com Kaizen, mas era ainda mais impressionante em plena luz do dia. Trazia a dignidade e a graça do império.
Ele chegou a Astella com um passo rápido.
—Vossa Majestade o Imperador.
Kaizen, que se aproximou, franziu a testa quando ela fez uma reverência. Por que ela estava fazendo isso?
Ele continuou a olhar para ela e de repente levantou a mão. Inevitavelmente, sua mão tocou a bochecha de Astella.
Astella ficou surpresa.
— Você está com calor.
— Ah… não, está tudo bem.
Ela não conseguia acreditar que ele de repente tocou seu rosto em um lugar tão público.
Os nobres ao seu redor olharam para a cena, fingindo rapidamente estar absortos nas suas conversas.
—Vossa Majestade, estou bem.
—Você vai ter uma insolação se exagerar.
Estava um pouco quente por causa da luz do sol, mas não chegava a esse ponto.
Kaizen apontou para um pequeno pavilhão ao lado do jardim.
— É melhor você ir lá e descansar um pouco.
Astella não podia dizer não à sugestão do Imperador. Na verdade, ela não teve tempo de recusar, pois Kaizen já segurava a sua mão e caminhava em direção ao pavilhão.
O pavilhão também servia como salão de chá ou local de descanso. Quando entraram, o ar frio encheu o local.
No centro havia uma mesa com chá e sobremesas simples. Como o dia estava quente, as comidas preparadas foram sorvete e chá gelado.
Kaizen sorriu satisfeito ao olhar para o sorvete de melão na frente de Astella.
—Eu mandei preparar porque era o seu favorito.
—…
Astella não gostava muito de melão, mas não disse nada e apenas sentou-se. Mas estava curiosa.
—Quem disse que eu gosto disso?
Kaizen olhou para Astella um pouco envergonhado.
O duque de Reston, que estava ao lado dele, respondeu em seu lugar.
—Eu disse a ele.
Kaizen foi seu noivo por cerca de uma década e seu pai a viu nascer e a criou desde bebê, mas nenhum dos dois sabia sobre os gostos de Astella.
‘Não estou totalmente surpresa, mas…’
O belo rosto de Kaizen estava cheio de decepção.
—Você não gosta disto.
— Não é que eu não goste.
Ela não odiava, só não fazia questão. Kaizen ainda estava desapontado.
—Eu deveria ter perguntado a Hannah. Mas eu tinha acabado de te ver e estava me preparando para te surpreender…
—Vossa Majestade, estou bem. Não importa.
Astella, com seu toque calmo, comeu o sorvete na tigela de cerâmica.
O sorvete frio derreteu suavemente na ponta da sua língua, deixando um perfumado sabor de melão.
Então ela viu um homem correndo de longe. Era Velian.
—Vossa Majestade!.
Velian, que veio correndo apressadamente, disse a Kaizen.
—O Ministro das Forças Militares solicitou uma audiência com urgência.
—Ecklen?
Velian parecia um pouco nervoso. No momento, Astella olhou para ele surpresa, perguntando-se o que estava acontecendo.
O conde Ecklen era um general, Ministro das Forças Militares e pai adotivo de Serbel.
‘O que está acontecendo na fronteira?’
Kaizen levantou-se da cadeira e olhou para Astella.
—Já volto.
Quando ele desapareceu com Velian, apenas o Duque e Astella permaneceram no local. O duque de Reston olhou para Astella e estalou a língua.
—Não sei porque o Imperador gosta tanto de você.
—O que aconteceu com o conde Ecklen?
—Algum tipo de perturbação no norte ou algo assim. Não será um grande problema.
Astella perguntou ansiosamente, mas o duque de Reston acenou com a mão como se não fosse grande coisa.
—A propósito, você lidou muito bem com o assunto da família Croychen. Foi muito bom.
—Achei que você ficaria desapontado por eu não tê-los matado.
—Às vezes não há necessidade de matar. O Marquês Croychen é um homem de grande influência entre os aristocratas emergentes. Se o matasse, isso teria trazido muito ressentimento de todos. Ainda bem que você acabou banindo-o da capital.
‘Eu não esperava ser elogiada por isso.’
Mesmo quando estava sendo elogiada, ela não se sentia feliz.
— Fritz estará de volta em breve. Tudo está indo satisfatoriamente.
Ao ouvir o pai dizer isso, Astella pensou nas coisas que havia pedido ao irmão para fazer. Ela mal podia esperar para se livrar do pai.
Não seria difícil se o irmão Fritz fizesse a coisa certa.
—Mãe.
Um momento depois, Theor entrou no pavilhão com o avô materno de Astella.
—Pai.
O duque de Reston sorriu feliz para o marquês de Calenberg, mas o marquês o ignorou ao se aproximar de Astella.
—Você estava aqui.
— Sim, eu estava fazendo uma pausa pelo calor.
Astella estava pensando em deixar o pai aqui e ir para outro lugar com o vovô e o Theor. Ela estava prestes a se levantar quando um criado caminhou em direção a eles.
—Duque.
Assim que o criado o chamou, o duque de Reston levantou-se do assento.
—Tenho que encontrar alguém daqui a pouco. Vamos conversar novamente à noite.
Astella nem queria perguntar com quem ele tinha uma reunião.
O duque desapareceu pelo jardim com o seu criado.
O Marquês Calenberg olhou para ele com desaprovação e murmurou.
— Esse é o seu pai, que tipo de homem ele se tornou, minha filha, minha neta, e por que…
O marquês murmurou insatisfatoriamente, as palavras tornando-se cada vez mais baixas. Astella mal conseguiu entender algumas.
Talvez fosse um lamento devido a ter tido ambas uma filha e uma neta que acabaram se casando com homens de quem não gostavam.
—Você disse que minha mãe se casou com meu pai porque gostava dele.
Foi o que o Marquês lhe disse quando Astella lhe perguntou sobre o casamento de sua mãe.
Seu pai primeiro a pediu em casamento antes de oferecer a proposta ao marquês, então ela lhe deu permissão.
— Sim, sua mãe aceitou a proposta.
Foi o que disse o Marquês, mas seus olhos pareciam um pouco franzidos. Astella disse.
—Sua Majestade saiu por um momento porque o Conde Ecklen solicitou uma audiência.
—Quem solicitou uma audiência?
—O Conde de Ecklen, o chefe do exército…