Como esconder o filho do imperador - Capítulo 121

Após terminar o trabalho da tarde, Astella caminhou pelo corredor do palácio da Imperatriz.

Depois de muito tempo, houve uma atmosfera calma dentro do palácio.

O marquês e sua irmã Florin foram para o interior e Naen continuou seu trabalho silenciosamente no Palácio da Imperatriz.

Astella a chamou depois que Florin foi libertada.

Florin usou essa garota duas vezes, e desta vez Astella ajudou sua família a deixar a capital.

Astella queria assumir a responsabilidade por Naen.

─ Estou bem, Vossa Majestade.

Quando as coisas deram errado, Florin tentou culpá-la por tudo. Embora parte da situação fosse uma armação, Naen não parecia guardar rancor de Astella.

─ Acho que seria melhor minha família ficar junta assim. Minha irmã mais velha e minha mãe tem que ficar no interior de qualquer modo, e…

É claro que a esposa do marquês preferiria uma vida em que pudesse viver com o marido e as filhas, em vez de um exílio solitário.

É claro que Marianne também preferiria viver no seu próprio território do que num convento.

Astella não se importava com a forma como viviam, desde que não voltassem para a capital.

─ Se você não quiser voltar para sua família, você pode ficar aqui.

Se Naen retornasse para sua família imediatamente, poderia sofrer com o ressentimento deles.

─ Eu quero ficar no palácio da imperatriz.

Devido ao incidente com o marquês, o banquete imperial que o seguiu foi calmo e tranquilo.

Astella se saiu bem no seu primeiro evento imperial.

* * *

Finalmente, um dia tranquilo passou. Theor estava em aula em sua sala de estudos.

Astella caminhou furtivamente, abrindo a porta silenciosamente para não incomodá-lo.

A pequena sala de estudo estava ligada ao escritório pela pequena porta, e ela viu Theor sentado à escrivaninha pela porta entreaberta.

Theor estava segurando uma caneta na sua pequena mão e escrevendo alguma coisa.

Sua figura parecia bastante madura.

Astella estava tentando ver se Theor estava estudando.

Depois de um tempo, Serbel cobriu o livro, como se a aula tivesse terminado.

Theor levantou casualmente a cabeça e encontrou os olhos de Astella.

─ Mãe!

Theor correu em direção a Astella. Serbel levantou-se, surpreso.

─ Theor, você terminou sua aula?

─ Sim, aprendi tudo.

Astella acariciou suavemente o cabelo de Theor.

─ Posso brincar com Panqueca agora?

─ Sim. Mas antes, chame uma criada e vá com ela.

─ Sim!

Theor cumprimentou Serbel e correu em direção ao jardim.

─ Vossa Majestade a Imperatriz.

─ Sir Serbel.

Serbel cumprimentou educadamente Astella. Sempre havia uma atmosfera suave e gentil em torno desse jovem aristocrático.

─ Você está tendo dificuldades em ensinar o príncipe? Theor não está ouvindo ou está distraído?

─ Não. O príncipe tem entendimento rápido e boa concentração.

Houve uma admiração genuína no tom de Serbel.

─ O príncipe é muito inteligente. Às vezes, ele avança para outros tópicos por dominar rapidamente o entendimento que lhe ensinei como base.

─ Sério?

Não há professor que diga abertamente que um príncipe não consegue acompanhar suas aulas ou que os ensinamentos foram muito pesados.

Ainda assim, foi bom ouvir tais elogios.

─ Theor tem se divertido muito estudando ultimamente

‘Nesse ritmo, mais cedo ou mais tarde, o tempo de estudo e a carga de trabalho dele aumentarão.’

Astella foi com Serbel até a estufa do jardim, onde podia ver Theor brincando.

Sentada à mesa próxima à parede de vidro, a empregada serviu chá para dois.

─ É a primeira vez que o vejo desde o último banquete no palácio.

Serbel vinha ao Palácio da Imperatriz em um determinado horário para ensinar Theor, mas Astella intencionalmente não se encontrava com Serbel diretamente porque parecia que isso deixava Kaizen um pouco desconfortável.

─ Eu ia cumprimentá-la durante o banquete, mas não tive oportunidade. Sinto muito.

Serbel se desculpou com um olhar triste.

Mesmo assim, ele não teria conseguido tempo durante o banquete, já que era o líder dos Cavaleiros e ficou cercado de nobres.

Na verdade, Astella também estava ocupada dando ordens às criadas e recebendo saudações dos aristocratas, por isso não notou se tinha visto Serbel ou não.

─ Está tudo bem. Espero que seja lembrado como um banquete agradável.

Serbel disse a Astella cuidadosamente:

─ Se posso me atrever, direi que este banquete foi o melhor que já vi no Palácio Imperial.

Os olhos de Serbel eram calmos e educados. Astella sorriu levemente com seu elogio sincero.

─ Já faz muito tempo que eu não organizava um evento, então tentei garantir que não haveriam erros. Estou feliz que tudo tenha dado certo.

Quando Serbel estava tentando dizer outra coisa, uma voz grave veio de trás.

─ Astella.

Kaizen e Velian foram vistos se aproximando rapidamente.

Os dois entraram pela porta de vidro da estufa.

─ Vossa Majestade?

Astella e Serbel levantaram-se espantados.

Kaizen perguntou com um olhar descontente.

─ O que vocês dois estão fazendo juntos?

Em resposta à pergunta de Kaizen, Astella respondeu com um sorriso calmo.

─ Eu estava conversando com Sir Serbel sobre as aulas de Theor.

Kaizen olhou para Serbel novamente. O cavaleiro falou educadamente.

─ O príncipe está progredindo rapidamente, e eu estava propondo aumentar a quantidade de aulas.

Kaizen não ficou nada feliz. Em vez disso, ele falou insatisfeito.

─ Theor é inteligente por natureza, é óbvio que aprenderá tudo o que for ensinado rapidamente.

Serbel baixou a cabeça de vergonha.

Astella quase interveio e refutou, mas não conseguiu fazer isso com o Imperador na frente de seus servos.

Em vez disso, para aliviar o clima, ela disse com um sorriso forçado.

─ Theor gosta muito de Sir Serbel. Por isso deve ter tido um progresso tão rápido

─…

Mas Kaizen não respondeu. O clima estava piorando. Serbel curvou-se, com uma cara triste.

─ Sinto muito, Vossa Majestade. Devo ir.

Parecia que a atmosfera Kaizen era incomum, Velian percebeu rapidamente.

─ Majestade, eu…

─ Sim, você também. Vão embora.

Kaizen respondeu o mais rápido possível. Eles cumprimentaram Astella e saíram pela porta.

Kaizen não disse nada até que os dois desapareceram. Astella falou primeiro com Kaizen.

─ Vossa Majestade, há algo errado?

─ Nada.

─ Então por que…

Quando ia perguntar por que ele estava zangado com Sir Serbel, ele fechou a boca. Kaizen não respondeu, com uma expressão insatisfeita.

‘É por Sir Serbel de novo?’

A princípio, vendo que Kaizen odiava Serbel, Astella ficou preocupada e perguntou qual era o problema.

Ela se perguntou se Serbel tinha feito algo que fizesse Kaizen odiá-lo.

Naquele momento, Kaizen mencionou seus verdadeiros pensamentos com um olhar auto-depreciativo.

─ Estou com ciúmes de ver você com um homem que não sou eu.

Astella ficou mais surpresa do que com raiva e ficou sem palavras naquele momento.

Depois disso, Kaizen voltou atrás e permitiu que Serbel se tornasse professor de Theor.

─ Eu sei. Não mereço interferir nas suas decisões.

Kaizen, quando disse isso, parecia terrivelmente abatido. Desde então, Kaizen não reclamou de Serbel.

Ao ver Theor estudando, apenas o elogiou, mas não houve palavras mal intencionadas.

‘Então por que está fazendo isso de repente, de novo?’

Enquanto Astella o olhava em estado de choque, Kaizen deu uma desculpa tardia.

─ …Porque pode causar rumores estranhos.

Ela ficou ainda mais chocada quando ouviu essa resposta.

─ Serbel é professor de Theor, visitando o Palácio da Imperatriz. Como é possível que surjam rumores estranhos?

Com a expressão absurda de Astella, Kaizen tentou dizer mais alguma coisa.

─ Vossa Majestade!

Então Theor apareceu pela janela.

Depois de brincar no jardim, ele viu Kaizen e correu para lá. Theor abriu a porta de vidro e entrou.

─Theor.

Quando Theor apareceu, a conversa terminou. Kaizen chamou o garoto, como se quisesse escapar da situação.

─ Vamos praticar esgrima antes do jantar?

─ Sim!!

Astella o confrontou, mas Kaizen saiu com Theor, evitando seu olhar.

‘O que diabos há de errado com ele…’

Ela suspirou.

Podia ver pela parede de vidro Kaizen praticando com Theor, segurando a espada de madeira.

Era mais uma brincadeira do que um treino, mas se não fosse assim, os dois não teriam tempo de manter a relação pai-filho, então ela deixou passar para não incomodá-los.

Astella estava prestes a voltar ao palácio, mas Hannah entrou na estufa.

─ Vossa Majestade a Imperatriz.

─Hannah? O que está acontecendo?

Hannah anunciou, com uma expressão feliz.

─ Recebi uma mensagem do duque. O Mestre Fritz retornará.

* * *

Serbel estava saindo do Palácio Imperial com Velian.

Depois de passar completamente da entrada do palácio pelo jardim, ele parou em um lugar deserto.

─ Velian.

─ Hã?

Velian parou e voltou sua atenção para ele. Serbel ficou com uma expressão preocupada no rosto.

─ Acho que o Imperador me odeia.

─ Por que pensa assim?

─ Bem, pelo o que aconteceu hoje…

Serbel pensou por um momento e perguntou novamente.

─ Sua Majestade não te disse nada?

─ O quê?

Velian desviou o olhar por um momento e depois respondeu casualmente.

─ Bem, ele nunca disse nada sobre você.

─ Sério?

Serbel suspirou suavemente. Velian olhou para o amigo e clicou a língua silenciosamente.

‘Por que mais ele te odiaria?’

Era uma razão óbvia.

A relação entre o Imperador e a Imperatriz continuava distante e cada vez mais fria, e Kaizen devia estar de mau humor por causa do belo e jovem cavalheiro que rondava a Imperatriz.

Mesmo um aristocrata comum não seria capaz de lidar com tal situação.

Pensando em Astella, Velian lembrou-se da conversa com Florin.

Antes de ser libertada e partir para o interior, Florin disse que Astella havia enganado a todos.

‘Tudo foi uma armadilha da Imperatriz. Sou inocente.’

Florin insistiu.

Bem, não era totalmente descabido. Astella tinha motivos para tramar tal coisa, afinal.