Como esconder o filho do imperador - Capítulo 118
Naen pegou a pequena nota com as mãos trêmulas. Verificou novamente, porque pensou que a havia interpretado mal.
Não importa quantas vezes o revisasse, o conteúdo não mudou.
A nota de Florin dizia:
‘O cachorro de estimação do príncipe. Eu vou te dar veneno. Alimente-o.’
Naen não podia acreditar em seus olhos.
‘Por que está me obrigando a fazer isso?’
Não conseguia entender nada. O que o animal de estimação do príncipe tinha a ver com Florin?
Depois de pensar cuidadosamente, Naen encontrou a resposta.
‘É por causa das últimas notícias do casamento?’
Sua Majestade a Imperatriz disse que convidaria Florin para o banquete.
Florin havia atingido a maioridade e infelizmente não tinha uma mãe que poderia encontrar um bom casamento para ela, então a Imperatriz queria ajudar.
A história foi contada em uma carta formal enviada à mansão. Quando a entregou, estava se sentindo um pouco perturbada.
‘Florin está fazendo isso porque ficou chateada quando descobriu?’
Era algo que Naen não conseguia entender.
Ela queria matar o cão do príncipe só porque estava com raiva?
Até onde Naen sabia, Florin não era alguém que costumava ficar com raiva dessa maneira.
‘O que diabos é isso?’
Naen lutou durante toda a noite e encontrou uma resposta.
‘Florin está tentando impedir Sua Majestade de retaliar?’
Não importa o quanto pensasse sobre isso, parecia não haver outra resposta a não ser essa.
Florin estava tentando desviar a atenção do palácio com esse evento. Naen pegou o bilhete amassado e refletiu sobre sua mente perturbada.
E pensou no jovem príncipe, a quem conheceu recentemente. Ele era um príncipe muito fofo.
Naen não tinha irmãs menores porque era a mais nova, mas achava que seria bom ter um irmão tão fofo.
Naen tocou a nota em sua mão, impotente.
‘Hm… acho que não consigo…’
Se a vida de sua irmã dependesse disso, ou se o destino de sua família dependesse disso, ela faria todo o possível.
Mas não existia um grande propósito em ferir animais inocentes e entristecer o pequeno príncipe
Ela não acreditava que poderia fazer tal coisa.
‘O problema com o casamento da irmã Florin… tenho que dizer pessoalmente a ela que seria melhor encontrar outra maneira.’
No dia do banquete, Florin também viria ao Palácio Imperial.
Naen decidiu que a veria pessoalmente nesse dia e diria que não podia fazer isso.
* * *
Astella estava sentada perto da janela com vista para o jardim, costurando.
No jardim florido, o sol brilhava. Era uma tarde tranquila.
Enquanto olhava para o jardim e enfiava a agulha em um bichinho de pelúcia, uma voz grave veio de trás.
— As criadas que deveriam fazer isso.
Quando olhou para trás, Kaizen estava entrando. Astella levantou-se.
Kaizen franziu a testa para a caixa de costura na mesa.
— Por que você está fazendo isso?
— O bichinho de pelúcia de Theor rasgou de novo.
Astella virou o urso de pelúcia que estava segurando e mostrou a parte rasgada. Havia um buraco nas costas do urso, do tamanho de um dedo.
— Ele é muito velho. Compre um novo para ele.
— Theor gosta mais deste. É um urso que tem um significado especial para ele.
— Então você deveria dizer às criadas para consertá-lo.
— Eu conserto isso o tempo todo. É tão antigo que é difícil costurar.
Astella sorriu levemente, mas Kaizen ainda estava insatisfeito.
— Mas você está ocupada trabalhando…
A voz que reclamava estava cheia de ansiedade.
Após o dia em que ele recebeu a caixa com as ervas, seu relacionamento com Kaizen havia retornado a como era antes.
Kaizen dormia em seu palácio dia sim, dia não.
Ele chegava mais cedo e agia de forma amigável. Astella mudou de assunto.
— Os preparativos do banquete foram concluídos até certo ponto. Tudo vai dar certo e sairá bem.
— Depois do banquete, estará ocupada preparando a colheita novamente.
— Sim.
Assim como o Imperador estava ocupado com os assuntos do Império de todos os dias, a Imperatriz também estaria ocupada preparando os eventos oficiais ao longo do ano.
Kaizen olhou para o jardim por um momento, onde a luz do sol cintilava, e então falou em voz baixa.
— Estou planejando participar da competição de caça nesta colheita.
— Vai participar da competição de caça?
Astella perguntou surpresa.
— Por quê?
— Por nada.
Astella se sentiu um pouco chocada. Ela não entendia por que o imperador ia entrar na competição de caça.
Na adolescência, quando ainda era o príncipe, devia parecer legal competir e ganhar um prêmio.
Mas agora, que ele era o imperador, seria um pouco estranho. Era senso comum que, se Sua Majestade entrar, ninguém iria aproveitar a competição.
Todos ficariam simplesmente parados, deixando-o ganhar. Kaizen pareceu perceber o que ela estava pensando e retrucou como se fosse injusto.
—Eu não fui ano passado.
— Há algum motivo especial para querer ir este ano?
Kaizen ficou em silêncio. Existia alguma razão para ele não conseguir responder?
De repente, o concurso de caça da época em que era adolescente veio à sua mente.
Kaizen deu a Astella a coroa de flores que recebeu por ter vencido a competição.
Astella cuidadosamente guardou as coroas de flores para que não murchasse, de tanto que a estimava.
‘O que aconteceu com essa coroa?’
Quando ela se divorciou e saiu da capital, a deixou na mansão e foi embora. Talvez a coroa tenha sido descartada durante a limpeza.
— De qualquer forma, o festival da colheita vai ser cansativo. Chame as criadas e pare de trabalhar. Não exagere.
Kaizen mudou de assunto.
Ele não parecia querer dizer mais nada sobre o concurso de caça. Astela assentiu.
— Bem.
— Já disse isso muitas vezes, mas por favor me diga se há algo que eu possa fazer para ajudar.
— Sim, Majestade.
Em resposta às palavras curtas de Astella, o olhar de Kaizen se voltou para ela. Uma emoção solitária ficou por um tempo nos olhos dele e depois desapareceu.
* * *
Naen caminhava silenciosamente, pois não havia ninguém no jardim naquelas horas da noite. Andou pelos corredores laterais do jardim com o maior desânimo possível.
Depois de vários dias de ansiedade, voltou ao jardim.
Ela não tinha conseguido ir ver se Florin tinha colocado um novo bilhete desde a última vez.
Estava preocupada que Florin pudesse ter enviado veneno para o jardim, então ela não podia ficar parada.
Uma nota com uma senha seria ok, porque ninguém poderia interpretá-la.
O problema seria se eles a encontrassem com o veneno. Aí sim mudaria tudo.
‘É melhor eu pegá-lo primeiro e me livrar dele.’
Ela saiu para o jardim com isso em mente. Naen foi para o local combinado.
Quando olhou para a pedra debaixo da árvore, havia um pequeno pedaço de papel dobrado e uma pequena bolsa.
— Aqui está, claro.
Ela pensou que era um alívio. Rapidamente pegou a nota e a bolsa, e assim que se virou, apareceu alguém ao lado do arbusto.
— Senhorita Naen.
Naen pensou que seu coração estava parando. Era uma criada da Imperatriz. Ela se aproximou e falou calmamente.
— Sua Majestade, a Imperatriz, está procurando por você.
— Ah, isso é…
Quando Naen ouviu que a Imperatriz estava procurando por ela, percebeu a realidade da situação, mesmo no meio de seu choque.
‘Estavam me observando. Esperavam que viesse aqui?’
Naen agarrou a bolsa em sua mão desesperadamente.
— Eu, eu… eu não, isso é… quero dizer…
Ela tinha que dar uma desculpa, mas não conseguia pensar em nenhuma.
Tinha ido ao jardim no meio da noite e encontrou um bilhete e uma bolsa escondida sob uma pedra. Era suspeito para qualquer um.
Não havia desculpa possível. A criada falou asperamente.
— Sua Majestade está esperando por você. Diga você mesma à Imperatriz.
— …
Ela queria fugir, mas não havia para onde correr. Naen seguiu a empregada com a bolsa na mão.
—Imperatriz, eu trouxe Naen.
— Sim, entre.
A Imperatriz estava fazendo o resto do trabalho na sala de descanso. Naen entrou, com as pernas bambas.
A Imperatriz olhou para ela com um rosto casual.
— Desculpe pela chamada repentina.
— Ah… não, Majestade.
Naen estava pálida como um cadáver. Astella disse em um tom indiferente, enquanto examinava um documento.
— Eu sei que a senhorita Naen está recebendo bilhetes da senhorita Florin.
— Quê?
Seu rosto ficou mais branco.
— Eu sei o que diz o bilhete de Florin. Deve ter te enviado veneno, certo?
— Bem, isso é…
— Perguntei à senhorita. O trouxe?
Naen pegou a bolsa na sua mão e apenas assentiu.
— Sim, eu tenho…
Astella largou os papeis e olhou diretamente para ela, avisando-a.
— Você sabe que trazer veneno para o palácio é um grande crime, certo?
— Bem, eu…
Naen balançou a cabeça, com os olhos cheios de lágrimas.
— Eu não queria fazer o que minha irmã me ordenou. O peguei porque achei que não devia deixar lá…
Naen contou toda a situação. Sua irmã lhe disse para matar o cachorro do príncipe, mas ela não quis.
Achou que não deveria deixar o veneno no jardim, então, depois de várias considerações, foi recolhê-lo.
Depois de terminar a explicação, Naen chorou e implorou.
— Por favor, acredite em mim, Vossa Majestade.
Astella observou Naen tremer de medo sem dizer uma palavra.
Não parecia mentira. Já havia observado cuidadosamente as ações de Naen.
Naen não respondeu ao último bilhete de Florin e não tinha estado nem perto do jardim até hoje.
— Tudo bem, vou confiar em você.
Naen olhou para cima, como se tivesse encontrado esperança. Astella viu seu rosto manchado de lágrimas e perguntou calmamente.
— Mas em troca, você pode fazer o que eu disser?