Como esconder o filho do imperador - Capítulo 112
Astella ficou surpresa com o que ouviu.
No entanto, Kaizen se desculpou novamente com Astella, que ficou com a expressão em branco.
— Eu deveria ter pedido sua permissão com antecedência, fui imprudente. Peço desculpas. Não vai acontecer novamente.
— …
Isso a fez se perguntar se ele estava sendo sarcástico.
Mas a expressão de Kaizen era séria. Não havia sinais de raiva. Ele parecia sincero.
Kaizen admitir sua culpa tão facilmente foi um tanto surpreendente, tendo em conta o seu comportamento habitual.
Astella pensou que teria uma grande briga com Kaizen esta manhã.
Um dia atrás, Kaizen estava irritado com a questão da carta secreta.
Mas agora, ele estava olhando para Astella com uma expressão calma.
— No momento tenho muitas coisas para fazer, então não acho que posso ficar a noite de hoje, mas não se preocupe.
Astella foi surpreendida mais uma vez. Ele estava dormindo ali todas as noites, por que de repente ele…?
Claro, não é como se o imperador tivesse que dormir no palácio da Imperatriz todas as noites.
Ele tinha um quarto em seu palácio.
Agora que estavam casados há mais de um mês, as pessoas não comentariam se ele se afastasse por um tempo, mas ainda assim foi uma mudança repentina de atitude.
Especialmente considerando o fato de que eles tiveram uma discussão ontem sobre a carta secreta.
‘Ele ainda está aborrecido?’
O rosto de Kaizen parecia muito calmo. Não havia vestígios de ressentimento.
— Está bem, Vossa Majestade.
Para Astella, era melhor não ter Kaizen ali à noite. Ela não se sentia confortável em colocar o Imperador para dormir no sofá.
Mas se essa mudança acontecer depois da briga pública, as outras pessoas poderiam pensar coisas estranhas.
Mas ela não podia forçar o Imperador a dormir ali quando ele disse que não o faria.
Assim que Astella disse sim, os olhos vermelhos de Kaizen escureceram.
Ele acrescentou, como se quisesse tranquilizar Astella.
— Mas… eu passarei aqui à noite, então não se preocupe.
Ela não estava preocupada.
Dito isto, era óbvio que os rumores das pessoas aumentariam se ele parasse por completo de vir.
Mas se ele viesse à noite, haveria menos boatos.
— Nos vemos mais tarde.
Kaizen deixou essas palavras, virou-se e saiu. Astella ficou em silêncio olhando para trás.
‘Bem, isso foi uma reconciliação, mas…’
Foi uma reconciliação meio estranha.
Kaizen veio ao Palácio da Imperatriz todas as tardes daquele dia em diante e então ia para seu próprio palácio antes da noite.
Ele não parecia zangado enquanto brincava com Theor, e Astella foi tratada como de costume.
Depois de brincar com Theor e conversar com Astella sobre o dia, eles jantavam.
Astella ficou feliz por isso não a incomodar, mas estava um pouco preocupada sobre como isso pareceria para os outros.
—As damas da corte do Palácio Imperial estão falando sobre vocês dois.
Hannah estava muito atenta aos rumores.
— O que elas dizem?
Hannah olhou para Astella com olhos preocupados.
— Elas presumem que brigaram.
Não é como se elas estivessem erradas. Alguns podem ter ouvido a discussão que tiveram no palácio do imperador no dia do incidente de Naen.
A partir desse dia, Kaizen passou a dormir em seu palácio.
Qualquer um pensaria que eles estavam brigando por causa disso e é por isso que estavam usando quartos separados.
— Não importa. Theor não ouviu sobre isso, certo?
— Os servos e criadas da Imperatriz Viúva foram ensinados a não falar imprudentemente.
— Isso é o suficiente, então.
Não havia nada que ela pudesse fazer sobre os rumores externos. Desde que Theor não ouvisse tais bobagens, estava bem.
Mesmo que o imperador e sua esposa continuassem “brigados”, os rumores iriam desaparecer com o tempo se não houvesse mais mudanças, mesmo que falassem sobre isso.
—Vossa Majestade, Lady Naen está aqui.
— Diga-lhe para entrar.
Quando a empregada abriu a porta, Naen entrou, usando um vestido simples. Ela curvou-se com uma expressão de medo.
— Estou feliz em vê-la.
— Vossa Majestade, eu…
Astella levou a garota para o Palácio Imperial e a deixou sozinha por alguns dias. Naen passou esse tempo lendo livros ociosamente no palácio do Imperatriz.
Ela deve ter ficado muito ansiosa, já que Astella não disse nada mesmo tendo a trazido ali para puni-la.
Astella falou afetuosamente com Naen, que estava pálida.
—Como é ficar aqui? Existe algum inconveNaente?
— Está tudo bem, Vossa Majestade.
— Bom. Avise as empregadas caso tenha algum inconveNaente.
Naen olhou para o semblante de Astella com um olhar perplexo.
— E eu, Vossa Majestade?
— O que tem?
Naen ficou sem palavras com a pergunta de Astella.
Nos últimos dias, permaneceu no quarto que a empregada tinha arranjado para ela.
A Imperatriz certamente a puniria pelo crime que Naen confessou, e foi por isso que a arrastou até aqui.
Oficialmente, Naen espionou o duque e enviou a carta secreta falsa para o palácio como se fosse real.
Não era um crime grave que merecesse a pena de morte, mas não era um mal-entendido trivial. Ela pensou que eles iriam mandá-la para um convento ou algo assim.
No entanto, a Imperatriz a trouxe a seu palácio dizendo que iria puni-la conforme sua vontade, então não podia deixar de ter medo.
Mas Astella, a quem ela reencontrou, parecia calma e relaxada. Ela não parecia zangada, nem parecia estar tentando intimidá-la.
Agora, além do medo, Naen se perguntava
‘O que diabos ela está tentando fazer comigo?’
Naen se preparou e tentou a sorte.
— Bem, Vossa Majestade não disse que ia me punir?
Astella respondeu como se tivesse feito uma pergunta óbvia.
— Claro, a senhorita Naen será punida aqui.
Agora ela me dirá o que vai fazer. Naen engoliu em seco, nervoso, porque temia o castigo que viria.
Mas Astella disse algo inimaginável.
— O castigo da senhorita Naen é trabalhar no Palácio da Imperatriz.
— Hein?
Foi inesperado.Os olhos de Naen se arregalaram.
— Eu… aqui?
Astella explicou com uma voz calma.
— Antigamente era comum uma jovem aristocrática trabalhar como dama de companhia no palácio da imperatriz.
Poder trabalhar no Palácio da Imperatriz era uma grande honra para as damas nobres.
Enquanto trabalhavam ao lado da Imperatriz, aprendiam a etiqueta da corte e como gerenciar a vida da mansão.
Com a mudança dos tempos, esses costumes desapareceram um pouco, mas mesmo agora, as filhas de famílias aristocráticas mais pobres muitas vezes trabalhavam como criadas no palácio imperial.
— Não é como o trabalho de uma empregada. Você será minha dama de companhia e trabalhará por um período, e tem que vir e fazer o que eu digo quando eu te chamar.
— Quê?
— Estará me ajudando com meu trabalho e fazendo as tarefas que eu lhe disser. Aprendeu a ajudar a organizar documentos e fazer cálculos, certo?
— Sim, sim, aprendi.
Quando uma dama nobre se casa, tem que gerenciar a sua mansão. Jovens aristocráticas aprendem a fazer contas e manter livros em ordem, juntamente com a etiqueta e as artes.
— Então será bastante útil. Eu vou te dizer do que se trata.
—Isso é… isso é tudo?
Isso era o castigo? Naen se perguntou novamente, como se não pudesse acreditar.
Astella perguntou, com uma contração de uma sobrancelha.
— Por quê? Quer outro castigo?
— Ah, não, não.
Naen rapidamente balançou a cabeça e Astella sorriu como se isso fosse divertido.
— Não pense muito nisso. Porque eu sei que a senhorita Naen cometeu um erro.
— Entendo, obrigada, Vossa Majestade a Imperatriz.
Ao agradecer, Naen ficou um pouco confusa. Estava com medo de que pudesse haver algo mais acontecendo. Por enquanto, tinha que se curvar e agradecer.
— Começa hoje. Vá para o escritório e me traga as coisas que eu preciso.
Naen tomou nota do que Astella ordenou e dirigiu-se ao escritório. A nota continha os nomes de vários livros.
‘Nossa… Ela é tão diferente do que eu pensava.’
Ele achava que a Imperatriz era uma mulher muito assustadora.
A Astella que Naen imaginou era uma mulher má que incriminou sua irmã mais velha Marianne e a aprisionou, e então puniu sua mãe, enviando-a para fora da capital.
Ela pensou que aquela deveria ser uma mulher assustadora e má.
O seu pai, o marquês, amaldiçoava Astella todos os dias, e a imagem ruim só aumentava a cada dia.
Mas quando a conheceu pessoalmente, Naen sentiu que ela era bem diferente do que pensava.
Sentiu a aparência calma e digna da Imperatriz, que sorriu para ela com calma. Não era a vilã malvada de aparência elegante que Naen havia imaginado..
Naen manteve o bilhete na mão.
O toque do papel a fez se lembrar de ontem.
A criada da Imperatriz disse a ela que, se necessário, ela poderia trazer roupas e pertences da mansão do Marquês.
Ao saber disso, ela entrou em contato com sua casa para que uma muda de roupa fosse enviada a ela.
Mas havia um pequeno bilhete no meio do vestido que lhe foi enviado da mansão.
Era uma carta de sua segunda irmã, Florin, que descobriu que Naen estava hospedado no palácio do Imperatriz.
‘Conte-me tudo o que vir e ouvir enquanto estiver aí.’
Ela escreveu o nome de uma das criadas que trabalhavam no palácio, instruindo Naen a escrever tudo em um bilhete e entregá-lo a ela.
Naen apressadamente jogou o bilhete de Florin no fogo.
* * *
Assim que Velian ouviu a porta abrir perto do canto do corredor, ele rapidamente saiu do outro lado.
— Conde.
O mordomo-chefe o encontrou e parou. Velian sorriu com carinho e falou com ele.
— Ainda está muito ocupado ultimamente, não é? Mês passado, passamos por momentos muito difíceis por causa do casamento nacional. Há algo em que eu possa ajudar?
—Tudo está bem.
O atendente de meia idade respondeu sem rodeios, mas Velian caminhou até ele com um sorriso constante.
— Na verdade, há algo que eu gostaria de pedir. Alguns dos meus parentes têm uma jovem filha que está passando por dificuldades financeiras e diz que quer trabalhar como criada aqui no Palácio Imperial. Pode contratá-la?
— Como criada?
Era comum que membros de famílias nobres de baixo status trabalhassem como criadas ou serviçais no Palácio Imperial.
O mordomo parecia um pouco nervoso, mas aceitou com facilidade.
— …Está bem. O farei.
— Muito obrigado. Eu nunca vou esquecer isso.
A mulher que Velian pediu para ser contratada era a candidata ao cargo de concubina de Sua Majestade o Imperador, e foi o que se decidiu depois de discuti-lo com os grandes nobres.
Embora ela fosse uma nobre, não era membro de uma família distinta.
Então, estava pensando em fazê-la passar por uma criada e fazê-la conhecer o Imperador naturalmente.
Velian pensou que seria melhor colocar ela para dentro como uma criada, porque ele estava certo de que o imperador se oporia se ele a apresentasse oficialmente como concubina.
‘Se não funcionar, podemos devolvê-la.’
Velian não tinha nada a perder.