Como esconder o filho do imperador - Capítulo 111
Kaizen abriu os olhos no quarto onde o sol brilhava.
Quando ele se virou, viu um corpinho enrolado. Theor dormia profundamente, com o braço no travesseiro.
Sua testa tinha pequenos cabelos escuros e suas bochechas eram macias como as de um bebê.
Theor, adormecido, era fofo como um anjo.
‘O rosto adormecido dele se parece com o de Astella.’
Sua figura calma e charmosa parecia exatamente igual à de Astella.
Embora ele tenha visto Astella dormindo apenas uma vez.
Olhando para o adormecido Theor, ele claramente relembrou as memórias da noite anterior.
* * *
Após um simples jantar e banho, Theor voltou para seu quarto.
Hannah, a empregada enviada por Astella, lavou Theor e trocou sua roupa pelo pijama que trouxe.
─ Vossa Majestade, coloquei meu pijama.
─ Hum? Sim, venha aqui.
Theor foi para a cama com seu velho ursinho de pelúcia nos braços. Ela se meteu debaixo do edredom e deitou ao lado de Kaizen.
Panqueca, que seguia Theor, também se sentou na almofada ao lado da cama, e deitou-se confortavelmente.
─ Vossa Majestade, príncipe. Tenham uma boa noite, os dois.
Hannah colocou Theor na cama, inclinou a cabeça educadamente e saiu. Theor acenou com a mão debaixo do cobertor.
─ Boa noite, Hannah.
A porta se fechou e eles ficaram sozinhos. O quarto era grande o suficiente para sentir frio, mas estava quente. A luz da lareira dava calor ao ambiente.
Theor se cobriu com um cobertor grosso e sacudiu o ursinho com a mão pequena e então o abraçou.
Era a primeira vez que Kaizen colocava uma criança para dormir ao seu lado, mas ele estava encantado. Theor era muito fofo e encantador.
Não esperava que iria gostar de crianças.
Kaizen perguntou, olhando para Theor enterrado sob a colcha fofa.
─ Precisa de mais alguma coisa?
Ao ouvir essa frase, Theor, que parecia estar esperando por ele, puxou suas roupas.
─ Por favor, conte-me uma história!
─ Uma história?
─ Um conto de fadas.
‘Conto de fadas.’
Quando ele era tão jovem quanto Theor, costumava gostar dessas histórias.
Mas foi há mais de 20 anos. Agora ele não conseguia se lembrar de nenhum conto de fadas.
Kaizen começou a ser educado como o futuro imperador quando tinha seis ou sete anos.
Teve que memorizar e estudar montanhas de livros, e todas as velhas histórias de sua infância foram apagadas de sua cabeça.
─ Contos de fadas… Não conheço muitos.
─ Por que você não conhece?
Theor olhou para ele incrédulo.
Era um olhar que parecia dizer ‘como é possível que alguém não conheça contos de fadas?’
─ Porque quando você é adulto, se esquece disso.
Theor inclinou a cabeça como se não pudesse entender.
─ Mamãe se lembra de tudo. Vovô também.
─…
─ O avô mau também me contou histórias.
─ Quem fez o quê?
Theor sempre chamava assim o Duque de Reston.
─ Meu avô mau me contou uma história do passado. Era sobre a história do imperador anterior nos velhos tempos.
─ Deve estar falando do meu pai.
Kaizen realmente não gostou que o duque de Reston continuasse falando com Theor.
Antes do casamento, Astella pediu-lhe que deixasse os assuntos do duque para ela, dizendo que cuidaria disso.
Ele não teve escolha a não ser cumprir a promessa que fez quando ela aceitou se casar. Ainda gostaria de matá-lo e depois disfarçar isso como uma morte acidental.
─ Ok, vou te contar um conto de fadas.
Mas ele não podia dizer que foi ele quem mandou fazer tal trabalho.
Kaizen apertou a memória para relembrar a história de um conto de fadas que tinha ouvido quando criança.
Em sua cabeça, todos os tipos de histórias sobre ursos, coelhos, príncipes, princesas e dragões, se misturavam.
Este conto era como um novo conto de fadas.
‘Não posso evitar. Vou misturar isso e aquilo e fazer uma história.’
Como Theor tinha apenas cinco anos, ele ficaria adormecido ao longo da história e não percebia que era inventada.
No momento em que Kaizen decidiu improvisar um conto de fadas, Theor, que estava esperando, puxou o cobertor até o queixo e suspirou.
─ Então, me conte sobre minha mãe e Vossa Majestade.
─ O que você quer saber sobre mim e Astella?
─ Hum…
No cobertor, Theor balançou a cabeça. Os olhos que se projetavam do cobertor macio brilhavam intensamente.
─ Quando mamãe e Vossa Majestade começaram a gostar um do outro?
Theor devia querer saber quando e como eles se conheceram. Era uma pergunta ingênua e infantil.
─ Hum…
Kaizen relembrou seu primeiro encontro com Astella.
— Conheci Astella…
O primeiro encontro oficial dos dois, conforme o público conhecia, foi no dia do baile da Duquesa.
Mas Kaizen conheceu Astella antes. Foi no dia em que Astella entrou pela primeira vez no Palácio Imperial.
O Duque de Reston levou Astella ao Palácio para cumprimentar a Imperatriz.
Mas a real razão para levá-la ao palácio era para julgar se ela tinha os requisitos para se tornar a noiva do príncipe herdeiro.
Kaizen, que passeava a cavalo no jardim do Palácio Imperial, encontrou uma menininha na lagoa do jardim.
Era Astella usava um vestido roxo claro.
Ela tinha cabelos loiros platinados que caíam até a cintura e olhos verdes claros.
A pequena Astella era como uma linda fada.
‘Ela era realmente muito bonita.’
Embora tenha sido apenas um encontro curto, Kaizen ainda se lembrava da Astella daquele dia. Mas a fascinação daquele momento desapareceu sem deixar vestígios no momento em que descobriu que Astella era filha do duque Reston.
A jovem Kaizen não gostava do duque e odiou Astella por ser filha dele.
Logo depois, Kaizen foi levado à força para o baile da Duquesa.
E lá, conforme estabelecido, ele propôs casamento a Astella, pendurando em seu pescoço a joia azul da família imperial.
─ Você a pediu em casamento?
─ Sim. Foi um pedido de casamento.
Ao ouvir a resposta, Theor perguntou novamente, com olhos curiosos.
─ E se a mamãe dissesse não?
─ Esse tipo de coisa… não acho que teria acontecido.
O noivado deles já havia sido arranjado.
Ele lembrou que Astella fingiu mostrar uma cara feliz, mas estava nervosa.
Assim como Kaizen propôs casamento ao entregar um colar a pedido do imperador, Astella apenas fingiu a felicidade que esperavam ver os mais velhos.
‘Nosso relacionamento deu errado desde o primeiro passo.’
Kaizen sentiu um sentimento amargo novamente. Por outro lado, Theor, que ouviu atentamente a história, se divertiu ao ouvir sobre a proposta.
─ Por favor, conte-me mais.
─ Você não está satisfeito com esta história?
─ Não consigo imaginar mamãe e sua majestade quando eram pequenos, mas eu gosto desta história. É como um conto de fadas.
Kaizen repetiu mais uma vez aquela cena em que ele propôs a ela o casamento no dia do baile da duquesa.
Claro, tudo o que o menino não precisava saber foi omitido. Theor ouviu a história de Kaizen, mas suas pálpebras estavam se fechando.
Kaizen cobriu Theor com os cobertores e deu um tapinha em suas costas.
─ Durma se estiver com sono.
─ Vossa majestade…
Theor pressionou o rosto no travesseiro e murmurou com os olhos fechados.
─ Mamãe não teria dito não. Mamãe gostava muito de vossa majestade antes.
─ Quem te disse isso?
─ O vovô.
O avô a que Theor se referia era o avô materno de Astella.
─ Vou dormir um pouco…
Theor fechou os olhos e adormeceu. O som da respiração foi ouvido.
‘Astella gostava de mim?’
Kaizen achou ridículo.
‘O marquês disse isso ao pequeno Theor?’
Se Astella gostasse dele, ele não teria concordado tão facilmente com o divórcio.
Mesmo depois de se encontrarem novamente, Astella foi fria com ele, sem qualquer calor.
Ele tinha certeza de que ela não tinha nenhum sentimento de amor, e pensou que deveria ter sido difícil para a jovem Astella viver como a noiva do príncipe herdeiro.
‘Astella trabalhou duro, mas eu a joguei fora unilateralmente.’
Kaizen sabia que não poderia evitar que Astella não confiasse nele.
A lua branca brilhava na janela de vidro do quarto. De repente, Kaizen se lembrou do colar azul que havia colocado no pescoço de Astella quando tinha 10 anos de idade.
No dia em que o divórcio foi decidido, Astella deixou o colar na sala do Palácio do Príncipe Herdeiro, que foi também o quarto onde os dois passaram a primeira noite.
Naquele momento, ele não se importou que Astella tivesse removido seu colar e o deixado.
Kaizen havia ordenado que as joias que perderam seus donos fossem devolvidas à sala do tesouro.
─…
Kaizen não conseguiu devolver a mesma joia para Astella.
Embora ele tenha proposto casamento novamente e até tiveram uma grande cerimônia de casamento sob o disfarce de um contrato, não foi descarado o suficiente para devolver a joia a ela.
Ainda assim, ele não podia desistir de Astella.
Mas Kaizen também percebeu que a forma como ele fez tudo até agora foi errada.
Não era certo forçar Astella para satisfazer suas próprias ideias egoístas.
* * *
Astella levantou-se cedo de manhã. Ficou nervosa a noite toda porque Theor não estava ali.
Embora Hannah estivesse junto com ele, ela ainda estava preocupada.
Como de costume, levantou-se, lavou-se, arrumou-se e começou a fazer os deveres de imperatriz, mas seu nervosismo estava aumentando.
─ Vossa Majestade, o Príncipe voltou.
Felizmente, Theor voltou cedo.
─ Mãe!
─ Theor, você dormiu bem?
Astella sorriu brilhantemente e abraçou o Theor.
O sorriso de Astella desapareceu em um instante. Isso porque Kaizen entrou atrás dele.
─ Vossa Majestade, dormiu bem?
Kaizen assentiu silenciosamente. Hannah também entrou.
Assim como Astella, seu rosto parecia estar sobrecarregado, como se ela estivesse nervosa a noite toda.
─ Eu dormi com vossa majestade!
─ Entendo. Deve ter sido divertido.
Astella escondeu seus pensamentos íntimos desconfortáveis e mostrou um sorriso.
─ Theor, agora vá até seu avô. Ele estava esperando por você.
─ Sim!
Depois que Theor saiu, Astella falou com Hannah.
─Hannah. Você deve estar cansada. Vá descansar.
A criada acenou e saiu. As outras empregadas, que estavam sob o comando de Hannah, também a seguiram.
─ Vossa Majestade.
Apenas Astella e Kaizen ficaram na sala.
Astella olhou diretamente para Kaizen e continuou falando.
─ Majestade, é o mestre do Império, e tem o direito de fazer o que quiser.
Ela queria falar o mais calmamente possível, mas sua voz tremia espontaneamente com a raiva.
─ Mas é minha responsabilidade cuidar do príncipe. No futuro, me avise antes de levá-lo para outro lugar.
Ele até levou Theor para descontar sua raiva nela e o trouxe para seu palácio. Ela não podia perdoá-lo por usar Theor em suas lutas emocionais.
Não importa que Kaizen fosse o imperador, isso não era aceitável.
Ela estava determinada em deixar isso claro.
─ Me desculpe.
Kaizen se desculpou com uma voz calma.