Como esconder o filho do imperador - Capítulo 109
─ O que quer dizer?
O Marquês de Calenberg perguntou, intrigado.
Theor largou o pincel e olhou para o marquês com olhos brilhantes.
─ Casamento é feito entre pessoas que se gostam, certo? Então, a mamãe amou sua majestade antes?
─…
O Marquês não encontrou resposta para a questão lógica do jovem Theor.
‘Nesse caso, o que devo responder?’
Algum dia ele saberia a verdade, mas não podia contar tudo agora. No entanto, ele não podia mentir, já que…
‘Na verdade, agora Astella já não gosta de Sua Majestade.’
E então Theor perguntaria por que ela era casada com o imperador se não o amava.
Realmente não havia resposta para essa pergunta. O Marquês suspirou e falou sem rodeios.
─ Sim, antes, Astella gostava muito de Sua Majestade.
Astella, em sua infância e adolescência, gostava muito de Kaizen.
Nas cartas que ela lhe enviava, na bela caligrafia de sua jovem neta, ela sempre comentava os feitos de Kaizen.
O que o príncipe herdeiro disse a ele e que tipo de presentes ele deu a ela. As cartas sempre estavam cheias de histórias sobre ele.
Desde então, o Marquês Calenberg não gostava de Kaizen. Para ele, era terrivelmente desagradável que a bela Astella se casasse com o neto do senhor que o desacreditara vergonhosamente.
E ele só o viu algumas vezes quando era criança, mas Kaizen era muito parecido com seu avô.
O Marquês, que conhecia a índole do Imperador da época anterior, teve um sentimento um pouco apreensivo depois disso.
Mas vendo as cartas do jovem Astella, ele sentiu que os dois poderiam se dar muito bem e Kaizen poderia ser diferente de seu avô.
Mas no fim, as coisas aconteceram daquele modo.
‘Eu deveria ter interrompido o noivado, para começar.’
No entanto, não lhe foi possível cancelar a um compromisso já estabelecido.
Naquela época, Astella era a jovem dama mais preciosa do Império. Todos pensaram que era razoável para Astella se tornar a noiva do príncipe herdeiro.
O Marquês sacudiu suas velhas lembranças e terminou a história.
─ Então eles se casaram há muito tempo e você nasceu.
─ Entendo…
Felizmente, Theor pareceu acreditar nele.
Theor inclinou a cabeça enquanto olhava para a pintura por um momento.
─ Mas por que minha mãe odeia Sua Majestade agora?
─ Não é assim…
O marquês negou apressadamente.
─ Sua mãe não gosta muito de Sua Majestade, mas ela não o odeia.
─ Sério? Foi isso que a mamãe disse?
─ Sim.
Claro, Astella odiava muito Kaizen, mas ela não podia dizer isso ao jovem Theor tão diretamente.
Theor pareceu simplesmente convencido desta vez. O marquês achou um alívio que Theor ainda fosse jovem.
Ele se preocupava em como responderia às suas perguntas no próximo ano ou em
dois anos.
Theor, que estava tocando a ponta do pincel, ergueu a cabeça novamente e perguntou com uma voz muito ingênua.
─ Então por que o vovô não gosta de Sua Majestade?
─…
O Marquês ficou pálido, com a boca ligeiramente aberta. Estava se esquivando de todas as perguntas difíceis que surgiram, mas com essa pergunta ele ficou sem palavras.
─ Por que… você acha que o vovô odeia Sua Majestade?
Theor olhou para o avô com olhos cintilantes. Como se ele estivesse perguntando algo natural.
─ Você não o odeia?
Toc Toc.
Nesse momento, como um milagre, alguém bateu na porta. O homem que o salvou foi um criado designado para Theor.
─ Príncipe, Sua Majestade o Imperador está aqui.
O criado deu um passo para o lado e Kaizen entrou.
Pela primeira vez em sua vida, o Marquês de Calenberg ficou satisfeito ao ver Kaizen.
─ Vossa Majestade!
Theor largou o pincel e o abraçou.
O marquês também se levantou e fez uma saudação formal.
Kaizen, segurando Theor, era a figura representativa de um relacionamento harmonioso de pai e filho.
Há poucos momentos atrás, ele disse que respeitava o imperador, mas era uma fachada porque o odiava, mas agora tinha um nó na garganta.
─ O que estava fazendo?
─ Fiz um desenho com meu avô.
Kaizen olhou para a pintura na mesa. Na pintura estavam Astella, Theor e o marquês, e Kaizen estava em canto.
Ele sorriu um pouco quando se viu no canto.
─ O vovô deve estar cansado. Agora eu vou brincar com você.
O Marquês odiava Kaizen há muito tempo, mas hoje em dia, toda vez que via esse jovem imperador, sentia-se estranho.
Até onde ele sabia, nenhum imperador havia amado tanto seu filho. Não houve Imperador tão devotado à uma Imperatriz.
Ainda assim, Astella era fria com Kaizen e Theor não o chamava de pai.
‘Embora ele faça isso para corrigir seus erros, sinto um pouco de pena dele.’
Teria sido bom se ele tivesse mostrado esse lado desde o início.
Ainda assim, Kaizen, ao contrário de seu avô, não teve outras mulheres. Mesmo depois de se divorciar de Astella, ele ficou sozinho por seis anos, sem ter uma amante ou um harém.
O Marquês de repente se perguntou o que Kaizen havia pensado de Astella naquela época do passado.
Talvez ele pensasse que ela era apenas uma noiva problemática. Ele se perguntou se havia algum outro pensamento em sua mente.
‘Bem, agora não adianta mais pensar nisso.’
Theor, puxando a bainha da roupa de Kaizen com uma mão pequena que parecia tão delicada quanto uma folha de grama, falou.
─ Podemos jogar xadrez no quarto da minha mãe esta noite?
─ Ah…
Kaizen ficou impressionado com a pergunta inocente de Theor.
Naquele momento, uma sombra passou pelo rosto do imperador.
Kaizen deu uma olhada no Marquês e novamente abraçou Theor e disse:
─ Vamos brincar juntos aqui hoje.
* * *
Naen caminhava pelo corredor do Palácio da Imperatriz.
O Palácio da Imperatriz não era tão grandioso quanto o Palácio do Imperador, mas parecia mais colorido.
Naen, que estava atordoado, seguiu uma empregada. Não sabia para onde estava indo. Foi ordenada a seguir a criada sem explicação.
─ Está aqui.
A empregada abriu a porta no final do corredor. Era um quarto de hóspedes pequeno, mas bem decorado.
─ Pode ficar aqui por enquanto.
─ Uau, aqui?
Naen olhou ao redor do quarto mais uma vez.
Era um lugar pequeno, mas limpo e elegante. Pareceu-lhe que não era um quarto para criminosos.
A criada curvou-se educadamente.
─ São ordens de Sua Majestade a Imperatriz. Se precisar de alguma coisa, não hesite em me dizer.
A criada respondeu-lhe.
─…
Naen não conseguia entender a situação.
Desde que ele entrou no Palácio Imperial, tudo fluiu fora de seu controle.
Quando Astella a levou ao Palácio da Imperatriz para puni-la, Naen pensou que sofreria coisas terríveis.
No entanto, a empregada a guiou até aqui de maneira educada.
‘O que está acontecendo?’
Seu pai e sua segunda irmã queriam colocar a culpa sobre a tentativa de incriminar o duque sobre ela.
Eles ordenaram que Naen fosse ao Palácio Imperial, confessasse e fosse punida.
Mas ela falhou desde a primeira missão.
As mentiras de Naen foram facilmente reveladas diante das perguntas repentinas da Imperatriz.
Pensou que receberia um castigo maior no momento em que as coisas acabassem mal.
‘Por que a Imperatriz me mandou para este lugar quando ela disse que iria me punir?’
Haviam muitas coisas que ela não conseguia entender.
Se ela tivesse sua mãe ou sua irmã mais velha, ela poderia ter perguntado. Mas Naen estava em um quarto vazio.
Este era o Palácio da Imperatriz e ninguém poderia ajudá-la.
* * *
Hannah foi para Astella após ouvir o relatório da empregada.
─ A senhorita Naen foi levada para um quarto.
─ Ok. Por favor, cuide bem dela.
Ela disse que iria puni-la, mas Astella não tinha intenção de punir Naen.
─ De qualquer forma, aquela garota também foi abandonada por sua família.
Então foi expulsa de sua própria casa em vez de Florin. A garota era apenas um bode expiatório.
Mesmo que fosse punida, Astella seria acusada de ser uma pessoa cruel. Era melhor observá-la enquanto ela estivesse trabalhando no Palácio da Imperatriz.
Astella ia deixar Naen ficar aqui e fazer algumas tarefas.
Claro, não era apenas compaixão. Assim que Florin soubesse que Naen estava ali, ela tentaria usar Naen para planejar algo.
Sua própria irmã estava no Palácio da Imperatriz, então ela não podia ficar parada por medo de que ela entregasse a verdade do caso.
Hannah entendeu o significado e assentiu.
─ Direi as criadas para observá-la.
Astella largou os papeis que estava lendo. Tinha sido um dia difícil.
Hannah trouxe seu chá com um olhar preocupado.
─ Lady Astella, faça uma pausa hoje.
─ Sim, deveria.
Astella se levantou de seu assento. Estava quase na hora do jantar.
─ Onde está Theor?
─ O Príncipe está na biblioteca com Sua Majestade.
Kaizen já estava lá.
‘Deve ter tido muito trabalho a fazer. Também é rápido.’
Kaizen geralmente esperava, brincando com Theor até Astella terminar com seu trabalho.
Mas hoje não parecia assim.
Astella discutiu com ele no Palácio do Imperador e não teve tempo de encontrá-lo novamente.
A disputa entre os dois terminou inconclusiva devido ao aparecimento do problema com Naen. Kaizen ainda estava com raiva.
Normalmente não era um jantar harmonioso, mas o jantar desta noite parecia ser mais desconfortável.
Tentando engolir um suspiro, pensou no que pedir para prepararem no jantar, mas uma empregada correu rapidamente.
Ela era a dama de companhia de Theor.
─ Vossa Majestade a Imperatriz.
─ O que está acontecendo? O que aconteceu com Theor?
Havia um constrangimento no rosto cortês da criada.
Astella ficou ansiosa para ver se algo havia acontecido com Theor, mas teve uma resposta inesperada.
─ O príncipe foi com Sua Majestade, o Imperador, ao Palácio do Imperador.
─ Sua Majestade levou Theor ao Palácio do Imperador?
Era hora do jantar e do banho, então por que o levou ao Palácio do Imperador de repente? Foi para mostrar o palácio?
─ Quando disse que voltaria?
─ Isso é…
Quando Astella perguntou, a empregada inclinou a cabeça com um olhar mais desconcertante.
─ Sua Majestade o Imperador disse que o príncipe vai passar a noite de hoje no Palácio do Imperador.
─…
Astella olhou para a empregada, chocada.