A Vilã, Cecilia Sylvie, decidiu se travestir - V3 01 - O caminho para a rota do amor verdadeiro (3)
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No jogo, Lean conhecia os gêmeos na festa do chá de primavera da Academia Vleugel. Os alunos da Academia Vleugel eram todos da nobreza que um dia deteriam uma influência política significativa, e os elegantes chás, organizados na primavera e no outono, representavam uma oportunidade para eles se socializarem. Embora a presença não fosse obrigatória, muito poucos deixariam passar esta oportunidade de estabelecer conexões úteis para o futuro.
No jogo, Lean ia à festa a pedido de Cecilia, mas quando ela aparecia com seu uniforme escolar habitual em vez de um vestido, ela se tornava objeto de ridículo para Cecilia e suas seguidoras. A vilã convidou Lean sabendo muito bem que ela não tinha a roupa adequada nem conhecia a etiqueta para esse tipo de reunião. É isso mesmo: Cecilia pretendia fazer dela objeto de zombaria o tempo todo.
No momento em que a inexperiente Lean olha para seus pés para esconder as lágrimas que brotam de seus olhos, sem nem mesmo entender completamente por que as meninas bem-nascidas estão rindo dela, os galantes irmãos Machias fazem sua entrada. Eles a defendiam e repreendiam Cecilia. “Você deveria ter vergonha.”
“Alguém tão vaidosa e superficial como você não está em posição de criticá-la.”
Furiosa com a impertinência deles, Cecilia ia embora, com o rosto vermelho de vergonha. Os meninos então voltam sua atenção para Lean, que estava totalmente perplexa.
“Você está bem?”
“Por que não encontramos um lugar para sentarmos juntos?” A partir daí, o vínculo deles começa a se aprofundar.
* * *
Este era o evento que Cecilia estava tentando recriar agora, só que seria no chá de outono, e não no de primavera.
“Conhecer os gêmeos é a parte complicada. Não posso causar uma má primeira impressão intimidando o Lean para desencadear o evento…”
“Tenho certeza que você vai pensar em alguma coisa. Mas primeiro, diga-me onde Eins mantém a heroína trancada e me dê todas as informações que você tiver sobre o final do Suicídio Duplo de Zwei também.
Cecilia piscou.
“Ei, Gil… Você não está presumindo que vou falhar, está?”
Gilbert lançou-lhe um olhar glacial.
“Pense em tudo o que aconteceu recentemente e pergunte-se até que ponto seus planos foram bem-sucedidos. Ainda se sente tão confiante sobre isso?”
“Bem, hum…”
Em menos de meio ano, Cecilia já havia cometido inúmeros erros. Gilbert estava a par de todos eles; não era de admirar que ele estivesse cauteloso com o novo esquema dela.
“Você é muito impulsiva para pensar sobre as coisas.”
“Acho que é verdade…”
“E você sempre toma essas grandes decisões sem me consultar.”
“Não posso negar isso também…”
“Você só me informa depois de já ter se decidido ou colocado as coisas em movimento, e espera que eu desempenhe um papel de apoio em seus planos.”
“Hm…”
“Honestamente, me pergunto como posso gostar de alguém como você pelo menos uma vez por semana.”
“Lamento que seja sempre assim, Gil…”
Cecilia parecia desanimada enquanto seu irmão adotivo a repreendia. Mas então ele se afastou dela e forçou um sorriso.
“Deixa para lá. Estou acostumado a ser seu peão.”
“Gil, eu…”
“Você me entende, certo? Então me dê todos os detalhes que você tem. Não podemos permitir que você acabe presa ou forçada a cometer suicídio. Grace lhe contou alguma coisa?”
Por insistência de Gilbert, Cecilia contou a ele tudo o que sabia, acrescentando que aprendera muito com Grace, já que ela não havia completado essas rotas em sua vida passada.
“A propósito, Gil, por que você aceitou tudo o que eu lhe contei sobre minha vida passada sem duvidar jamais?”
Eles tinham acabado de chegar à praça entre os dormitórios masculino e feminino.
Gilbert se virou para Cecilia quando ela parou abruptamente.
“Você está dizendo que eu deveria ter acusado você de mentir?”
“Não, mas… Se eu fosse você, acharia difícil de acreditar.”
Gilbert pensou um pouco sobre sua declaração, acariciando o queixo.
“Senti que havia algo estranho em você muito antes disso.”
“Como o quê?”
“Como você previu seu noivado com o príncipe quando tinha seis anos.”
“Hein? Eu fiz isso?”
“Sim. Ninguém sabia se seria você ou a filha da família Wills na época.”
Agora que ele mencionou isso, talvez Cecilia tenha dito que seria ela naquela época.
Se ela tivesse seis anos, isso significava que Gilbert tinha apenas cinco. Sua memória não era brincadeira.
“E quando Donny veio à nossa casa pela primeira vez, você conhecia o nome antes mesmo de ele se apresentar.”
“Realmente?”
“E você estava sempre falando sobre coisas estranhas, como você queria comer ‘macarrão instantâneo’ ou como você gostaria de ter seu ‘smartphone’. Então um dia, totalmente do nada, você exigiu que Hans treinasse você. Quando perguntei por quê, você me disse: ‘Porque não quero morrer!’ Isso me deixou tão confuso.”
“Hahaha, posso imaginar!”
Sua risada foi um pouco tensa. Ela sabia que às vezes podia ser meio avoada, mas não tinha percebido que era tão ruim assim.
“Você teve muitos outros momentos estranhos como esse também. Eu tinha certeza que você tinha algum segredo estranho. Mas não vou mentir, quando você me revelou tudo e disse que se passaria por um cara na escola para salvar sua vida, pensei por um momento que você tinha enlouquecido.”
Ele parecia exausto. Cecilia sorriu sem jeito.
“Deve ter sido um grande choque para você…”
“Você acha? Isso me deixou muito bravo.”
“O quê? Por quê?”
“Porque pensei que algum idiota devia estar brincando com você, contando todas essas bobagens.”
Cecilia arregalou os olhos de surpresa.
“Espere aí, Gil… Você está dizendo que não acreditou em mim quando contei sobre ser transmigrada?”
“Claro que não! Você acreditaria em alguém se ele começasse a contar uma história sobre suas lembranças bizarras de uma vida passada? Principalmente se viesse da pessoa mais ingênua que você conhecia? Eu tinha certeza de que era tudo uma mentira.”
Cecilia ficou tão perturbada com essa revelação que seu lábio inferior tremeu. Gilbert ignorou isso.
“Mas as coisas continuaram acontecendo como você disse que aconteceriam, então agora você me convenceu, eu acho.”
Parecia que ele só começou a acreditar nela recentemente, como se estivesse presumindo que ela estava pirando por nada antes.
“Você tem me ajudado todo esse tempo mesmo sem acreditar em mim?”
“Sim.”
“Por quê?”
Gilbert matriculou Cecilia na academia, ajudou a criar seu alter ego, forneceu-lhe um uniforme escolar masculino e fez muitas outras coisas para ela. Mas se ele não acreditava que a vida dela estava em risco, então por que ele se esforçou tanto para ajudá-la?
“Porque você queria que eu fizesse isso.”
Cecilia inclinou a cabeça, confusa com a resposta dele.
“Se você me dissesse que queria frequentar a academia vestido de menino sem explicar porque, eu teria ajudado você do mesmo jeito. Independentemente de eu sentir que havia algo incomum em você.”
“Mesmo?”
“Eu tenho uma fraqueza quando se trata de você. É só pedir e eu moverei montanhas.”
Ele disse isso com tanta indiferença que Cecilia riu, presumindo que ele estava apenas sendo sarcástico. De repente, eles ouviram uma voz familiar e estridente atrás.
“Sinto muito se deixei vocês esperando.”
Eles se viraram para encontrar Lean de vestido. Não era do tipo que se usa para uma festa, com decote, mas sim um mais modesto, preso no pescoço. Cecilia havia fornecido a ela, junto com um convite para a festa.
‘Tenho que marcar o máximo de caixas possível para acionar o evento…’
Lean olhou em volta para ter certeza de que estavam sozinhos, depois relaxou a expressão estoica que ela usava como protagonista do jogo para a da amiga de confiança de Cecilia.
“Preparar-se foi muito frustrante. Eles deveriam ter contratado mais ajudantes para a ocasião!”
Os vestidos formais que as meninas deveriam usar para a festa eram bastante complicados de vestir, então as alunas tinham que obter ajuda de criadas empregadas pela academia ou de suas famílias. Lean precisou pedir a ajuda de uma criada da academia por causa de suas circunstâncias familiares, mas como eram tão poucas, foi uma espera bastante longa.
Ao ver Lean de vestido pela primeira vez, Cecilia exclamou: “Nossa! Fica incrível em você! Você está tão fofa!”
“Não é? Fofa é meu nome do meio!”
Lean era realmente adorável. Tão cativante, na verdade, que era impossível criticá-la por se gabar disso.
Lean olhou para Gilbert.
“Não precisa economizar nos elogios.”
“Você quer que eu te elogie? Então tente fazer algo que mereça elogios.”
O ar entre eles ficou gelado. Cecilia olhou de um para o outro com preocupação nos olhos.
“Por que é tão difícil para você pensar em algo bom para dizer a uma dama? Homens sombrios são impopulares por uma razão.”
“Por que você se importa? E desculpe, mas não suporto pessoas que se sentem no direito de receber elogios só porque existem.”
“Basta! Por que vocês tem que discutir o tempo todo?” Cecilia se intrometeu para detê-los.
Lean e Gilbert estavam em desacordo desde que Cecilia revelou a Gilbert que ela era sua melhor amiga de sua vida passada, que também havia sido transmigrada como uma personagem do jogo. Os dois raramente interagiam antes disso, mas pelo menos não brigavam. Dito isto, era bom que eles pudessem ser verdadeiros um com o outro agora.
“Ele está sempre tentando me irritar, é por isso.”
“Não vejo uma única razão pela qual minha irmã gostaria de você.”
“Parem! Não me façam escolher entre vocês dois, porque não posso!”
Cecilia colocou as mãos na cabeça de forma dramática, mas os dois apenas a encararam com resignação.
“Ninguém está obrigando você a escolher, idiota”, disse Lean.
“De quem você é amiga é problema seu”, acrescentou Gilbert.
‘Eles não são realmente parecidos em alguns aspectos?’
Apesar de discutirem, muitas vezes acabavam dizendo exatamente a mesma coisa.
Lean deve ter conversado o suficiente com Gilbert, porque ela levantou a saia do vestido e se virou em direção ao pátio da academia.
“Esse favor vai custar caro, Cecilia.”
“Cobre-me o que quiser…”
Lean sorriu com a resposta mansa de Cecilia.
“Ok, meu príncipe. Vamos limpar a rota dos gêmeos.”
“Haha… Pronta quando você estiver.”
Lean deu a mão a Cecilia e elas saíram juntas.