A Vilã, Cecilia Sylvie, decidiu se travestir - V2 02 - Começam as férias de verão do inferno (2)

“Lean?” Ele piscou, parecendo que estava apenas se lembrando disso.

“Sim! Ela vai passar dois ou três dias aqui! Nós vamos fazer uma festa do pijama! Mal posso esperar”, disse ela, radiante.

Gilbert estreitou os olhos. “Você disse que contou a ela que é uma garota. Vocês duas não ficaram próximas demais ultimamente?”

“O quê?!” Cecilia gritou, sua voz falhando de forma anormal.

“V-Você acha…?”

“Sim. Você não está escondendo nada de mim, certo?”

“Eu… eu não! Nada mesmo!” ela falou com uma voz tensa.

“O que você está escondendo?” Ele exigiu. Sua atitude calma se dissipou; agora ele emanava perigo.

Gilbert sentou-se e aproximou-se dela; Cecilia desviou o olhar.

“Você me pediu para trabalhar com você e, ainda assim, está escondendo de mim alguns dos detalhes mais cruciais, não é? Se você fizer isso, não poderei ajudá-la, mesmo que queira.”

“Hummm, mas…”

“Como isso envolve sua vida passada, fui atencioso e esperei que você se abrisse comigo sobre muitas coisas. Mas estou quase no meu limite. Se você vai esconder tanto de mim, terei minhas próprias ideias sobre as coisas.”

Ela podia sentir o olhar dele perfurando-a. Mesmo que ela tentasse correr, ela não conseguiria – seus braços a seguravam. Ele a prendeu. Quando ela olhou para ele, seus olhos se encontraram – e ele estava obviamente com raiva.

‘Apavorante!’

Só então, houve uma batida na porta. Muito feliz por ter sido salva, Cecilia gritou: “S-sim?”

Uma de suas criadas entrou. “Senhorita Cecilia, eu… Ah!”

Assim que Reyna viu a posição deles, ela congelou. Então ela corou levemente, cobriu o rosto com as mãos e gritou: “E-eu sinto muito!” e tentou sair.

Enquanto isso, Cecilia entrou em pânico ao ver sua mão amiga dar meia-volta.

“E-espere!”

“Ah?”

“Você precisa de mim para alguma coisa? O que é?”

“Você quer que eu te fale agora ?” Reyna gaguejou, ainda vermelha como uma beterraba. Incapaz de encontrar o olhar de Cecilia, seus olhos percorreram todo o corpo.

“O que há de errado com agora?”

“Nada, mas… Ah… não estou me intrometendo?” ela perguntou, arriscando um olhar para eles.

Não querendo que sua tábua de salvação fosse embora, Cecilia balançou a cabeça enfaticamente. “De jeito nenhum! Como poderia ser assim?”

“Ah, hum, mas… O Mestre Gilbert…”

“Ele concorda! Certo, Gil?”

Depois de uma pausa estranhamente longa, Gilbert assentiu e murmurou: “Claro”.

Cecilia colocou um sorriso brilhante. “Viu? Ele diz que está tudo bem!”

“Eu me pergunto sobre isso, senhorita Cecilia.”

“O quê?” Ela piscou, confusa com o olhar subitamente crítico de Reyna.

Suspirando em resignação, Gilbert afastou-se da irmã adotiva e levantou-se. Então ele perguntou a Reyna: “Aconteceu alguma coisa?”

Com a bênção de Gilbert dada, Reyna explicou nervosamente: “Ah, temos uma visitante que diz ser amiga da senhorita Cecilia.”

“Visitante? Quem é?”

“Uma senhorita Lean, filha do Barão Rhazaloa…” A surpresa brilhou no rosto de Cecilia.

* * *

“Aqui estamos!”

“Olá…” Cecilia murmurou, encolhendo-se, enquanto escondia a maior parte do rosto sob um leque dobrável.

E não era de admirar. Não Lean estava parada no hall de entrada de sua casa – atrás dela estavam Jade, Dante e Huey. Tudo o que faltava era Oscar, e então toda a turma estaria lá.

Enquanto os convidados olhavam ao redor do grande hall de entrada, soltavam suspiros e assobios de admiração. Com seu lustre, o hall de entrada era tão grandioso quanto um salão de baile por si só.

“Lean, você poderia vir comigo um instante?” Cecilia perguntou, apontando para a outra garota até a beira do corredor

 Lá, ela sibilou: “Por que você trouxe todo mundo?! E por que você está aqui mais cedo do que planejamos?! Você não deveria aparecer por mais três dias!”

Lean deu uma risadinha. “Estava muito impaciente, eu acho.”

“Isso é desculpa?”

“Eu disse que não ia esquecer o que você fez, não foi?” Lean sorriu maliciosamente. Em outras palavras, isso foi uma vingança pelo incidente do vestido qipao chinês, realizada em um grau insano. Suas ideias eram incompreensíveis.

Cecilia estava perdendo o juízo. “Como você explicou as coisas para todos antes de vir?”

Ela precisava ter uma compreensão completa sobre isso primeiro. De todos os presentes, apenas Gilbert e Lean sabiam que Cecil era, na verdade, Cecilia e vice-versa. Dante sabia que Cecil era uma menina e tinha provavelmente descoberto por si só que sua real identidade era Cecilia, mas como ela ainda não havia confirmado para ele, era mais seguro tratá-lo como se ele não soubesse.

Cecilia continuou. “Você não disse a eles que eu sou Cecil, não é?!”

“Claro que não. Quem você acha que eu sou? Eu disse a eles que você é uma velha amiga minha. E então, quando estávamos todos conversando, mencionei que iria ver você e eles disseram que queriam ir junto. E então aqui estamos! Eles estavam todos muito curiosos para ver como é a propriedade de um duque.” – explicou ela, fazendo parecer que estava fora de seu controle.

E, no entanto, o fato de ela ter mencionado especificamente que iria visitar Cecilia na frente deles indicava que isso era premeditado.

Cecilia aninhou a cabeça latejante entre as mãos. Justamente quando ela pensou que iria relaxar, isso aconteceu. Além disso, havia também a aura claramente assassina que Gilbert emanava esse tempo todo. Era demais para suportar.

“Argh…”

“Vai ficar tudo bem, não se preocupe. Partiremos esta noite! Só passei aqui para te dar um susto! Vou para casa um pouco e volto em três dias!”

“Tudo bem então, mas ainda assim…”

O fato do grupo ter aparecido no dia em que Gilbert e Cecilia retornaram à propriedade significava que eles vieram direto dos dormitórios da Academia. Não havia como eles terem chegado tão rapidamente se todos estivessem vindo de suas respectivas casas. Embora fosse fácil para eles simplesmente passarem por aqui para uma visita rápida, Cecilia não suportava a iniciativa descarada que Lean havia tomado aqui.

“Ora, ora! Ah, veja todos os convidados que temos hoje”, veio uma voz serena da escada que levava ao segundo andar. Uma mulher com o mesmo cabelo loiro mel de Cecilia descia lentamente as escadas.

“Cecilia, estes são seus convidados? Ou de Gilbert?” perguntou a mãe de Cecilia e Gilbert, Lucinda Sylvie.

Uma senhora digna, que exalava toda a graça e equilíbrio de uma nobre, parou diante do grupo, radiante de alegria

 “Bem-vindos à propriedade Sylvie. Receio não saber em que negócio vocês vieram, mas, por favor, sintam-se em casa.”

Atuando como representante do grupo, Lean fez uma reverência.

“Sinto muito pela intrusão. Meu nome é Lean Rhazaloa, filha mais velha do Barão Rhazaloa.”

Ela agia como uma donzela educada, quase irreconhecível comprando-se com seu comportamento habitual.

Os olhos de Lucinda brilharam. “Oh! Você é a senhorita Lean? Amiga de Cecilia?”

“Ah, sim!”

“E as pessoas atrás de você?” Lucinda perguntou, com as bochechas tão coradas quanto as de uma menina, olhando ao redor de Lean.

“Ah, estes são-”

“Peço desculpas por tantos de nós chegarmos sem ser convidados. Meu nome é Jade Benjamim. Não conheço Cecilia, mas sou amigo do Gilbert na escola. Eu vim quando soube que iríamos ver sua linda casa!” Jade entrou na conversa suavemente com um sorriso bem-humorado, como convinha ao filho de um comerciante.

“Então você é amigo de Gil? Suponho que isso significa que todos vocês passarão a noite? Você vai ficar aqui, Srta. Lean, não é?” perguntou Lucinda, seu sorriso brilhando. Ela ficou muito feliz com a visita dos amigos de seus filhos.

Lean sorriu novamente com a atitude amável da senhora.

“Ah, sim. No entanto, pensei em vir e fazer isso em outro dia. Estamos apenas passando por aqui a caminho de casa hoje.”

“Estávamos apenas seguindo ela”, acrescentou Jade.

Assim que Lucinda soube que eles não passariam a noite, ela pegou uma das mãos de Lean e apertou-a. “Bobagem, insisto que você fique aqui esta noite! Cuidaremos de roupas e refeições e tudo mais para você. Jade e os outros jovens também estão convidados.”

“Mãe?!” Cecilia gritou, chocada por ela não estar apenas convidando Lean, mas também os meninos.

“Oh, já sei! Temos uma linda casinha à beira do lago. Todos vocês podem usá-la se quiserem. Tem muitos quartos, e vou designar alguns criados para vocês… e guardas também, é claro.”

“E-espere só um minuto!” protestou Gilbert, igualmente incapaz de suportar o rolo compressor da mãe adotiva.

“Acho que os pais deles ficarão preocupados se não passarem em casa antes…”

“Isso não é nenhuma preocupação. Eu mesma entrarei em contato com cada uma de suas famílias. Se alguma coisa estiver errada, eles podem me dizer então.”

Esta era a verdadeira autoridade. Se uma duquesa contatasse alguém pessoalmente, isso significava que a situação estava praticamente resolvida. Ninguém seria capaz de se opor.

“Você não está preocupada com a senhorita Cecilia ser a única garota com um grupo de rapazes?” perguntou Dante, levantando a mão para dar apoio.

Mas não teve nenhum efeito em Lucinda.

“Ora, mas Gil já estará lá. Não estou nem um pouco preocupada com isso. Ele protegerá sua irmã a qualquer custo. Não é mesmo, Gil?”

“Bem… suponho que sim, isso é verdade…”, ele se esquivou.