A Vilã, Cecilia Sylvie, decidiu se travestir - V1 06 - Cecilia é resgatada por...? (2)
Ele se virou para ir embora, como se quisesse dizer que a conversa havia terminado. “Gilbert!”
“Gilbert”, gritou Oscar, sua voz se sobrepondo à de Mordred. Ele bloqueou o caminho de Gilbert, sua expressão sombria.
“…Vosa Alteza.”
“O Dr. Morred está certo. Nesse ritmo, seus pais acabarão recebendo notícias desagradáveis. Quando as pessoas no topo dão atenção especial a um nobre de posição inferior, isso complica as coisas no futuro. Você precisa se acalmar por enquanto.”
“Como quer que eu fique tranquilo numa hora dessas?! Tenho certeza que você não sabe disso, mas Cecil é…”
Se ele revelasse que Cecil era sua irmã adotiva, Cecilia, todos seriam forçados a responder. Cecilia era filha de um duque e a noiva do príncipe herdeiro. Ela superava em muito o ranking de todos seus pares.
Gilbert sabia que revelar sua identidade era o método mais seguro e infalível para conseguir mobilizar as forças de resgate. Mas seria o equivalente a desfazer todo o alicerce que ela havia estabelecido.
Quando ele pensava em como seria a reação dela após o reencontro, ele não conseguia encontrar as palavras.
Interceptando o momento de hesitação de Gilbert, Oscar arriscou: “Novos soldados começaram a trabalhar no palácio em abril deste ano.”
“O que isso tem a ver com…?”
“Oh, apenas escute. De qualquer forma, o palácio tem recentemente trabalhado a ideia de praticar um ataque surpresa. Eles planejaram fazer um exercício em grande escala que também envolverá soldados veteranos com dois a três anos de experiência.”
Entendendo a mensagem de Oscar, Gilbert ficou em silêncio.
“Então, eu estava pensando em fazer tal exercício de prática hoje. O que você acha?”
“…Um julgamento astuto, Alteza.”
A conversa afetada e pouco natural deixou todos na sala surpresos.
“No entanto, o local da manobra prática ainda não foi decidido. Você tem alguma ideia? Você disse que tinha uma pista.”
“Vou investigar isso imediatamente.”
“Como aquecimento, eu estava planejando participar da prática sozinho. E você?”
“Sim, se eu tiver permissão…”
“Entendi. Enviarei uma carta aos seus pais e ao palácio informando-os disso, então. A série de eventos que estão prestes a acontecer farão parte de uma manobra de prática e eu serei responsável por tudo.”
Gilbert inclinou a cabeça.
Mordred interveio, seu tom revelando descrença exasperada. “Essa pequena encenação que vocês dois acabaram de fazer… Se vocês querem ir tão longe, bem, não vou impedi-los. Façam o que quiserem. Vou emitir os comprovantes de permissão para pernoite dos dois.”
“Obrigado”, Gilbert respondeu com uma reverência.
Lean, que ficou em silêncio o tempo todo, de repente entrou na conversa. “Posso participar desta manobra prática também?”
“Lean?!” gritou Jade ao lado dela. Estava claro que ele nunca esperaria isso dela.
“É tudo culpa minha que isso tenha acontecido, então quero fazer algo para compensar isso. Também sei para onde Lord Cecil foi levado.” – declarou ela com confiança.
Oscar balançou a cabeça. “Desculpe, mas não quero levar nenhum fardo comigo. Você está dizendo que não nos dirá para onde Cecil foi levado, a menos que a levemos conosco?”
“Tudo bem então. Nesse caso, para que eu não seja um fardo…”, respondeu Lean, depois se virou para Jade. Ela estendeu a mão.
“Jade, me dê seu Artefato Sagrado.”
“Quê?”
“Quero dizer, você não planejou dar para mais ninguém de qualquer maneira, então está tudo bem, certo? Não seria melhor ter várias pessoas que possam se camuflar?”
“Eu acho que sim…” ele respondeu, chocado com seu pedido. Mas como vinha de uma amiga, ele entregou a pulseira para ela.
“Eu não quero me tornar a Donzela Sagrada, então não estava planejando colecionar isso,” Lean observou, enquanto colocava o Artefato de Jade em seu pulso direito.
A pulseira de prata comum brilhava fracamente.
“Eu só tenho que salvar Lord Cecil. Não posso deixar que morra por minha causa novamente.”
Seus olhos ardiam com uma determinação que não existia antes. Ela balançou a pulseira na cara de Oscar. “Agora não serei um fardo para você, Príncipe Oscar.”
“É verdade… Faça o seu melhor para se manter segura por conta própria.”
“Eu entendo.”
Os quatro, incluindo Jade, iniciaram uma reunião estratégica.
Ao observar a discussão, Mordred falou consigo mesmo, como se não tivesse nada a ver com ele.
“O futuro rei e o futuro primeiro-ministro. O filho de uma companhia mercantil que controla o país por trás dos panos e a candidata à Donzela Sagrada… Quão importante é este cara, Cecil Admina?”
* * *
No momento em que aqueles quatro conversavam sobre estratégia, Cecilia caminhava pelo corredor. Ela passava por algumas pessoas ocasionalmente, mas para sua surpresa, ela estava conseguindo evitar toda e qualquer atenção, mantendo-se quieta e andando com determinação. A organização devia ser tão grande que as conexões interpessoais não eram muito profundas.
‘Arsenal, arsenal…’
Ela seguiu em frente, verificando sutilmente a esquerda e a direita.
Na parte mais profunda do primeiro andar do velho castelo escondia-se uma sala – embora parecesse mais um armazém. Era o único lugar onde a decoração estava visivelmente reduzida.
Ela se aproximou, apreensiva, mas descobriu que estava destrancada. Ela entrou e acendeu uma lanterna pendurada, iluminando o interior.
“Cheguei!”
A câmara estava cheia de armas. Inúmeras espadas estavam penduradas na parede com igual número de escudos abaixo. Adagas, bestas e outras pequenas armas de fogo também eram abundantes.
As armaduras, capacetes, canhões e artilharia não tinham uma vibração assassina, então deviam ser remanescentes de quando o prédio era um verdadeiro castelo. A sala retangular era tão ampla que ela não conseguia ver até o fim.
A seção mais distante da câmara parecia não ser utilizada. Na frente havia uma fileira de armamentos que pareciam fáceis de transportar. Cecilia pegou uma adaga.
“Eu não tenho muita experiência com lâminas reais. Será que ficarei bem…”
Nas aulas, ela sempre usava espadas falsas feitas de metal. Embora o tamanho e o peso da adaga parecessem próximos do que ela se sentia confortável, usá-la em combate real provavelmente seria estranho. Claro, isso não significava que ela iria se contentar com uma espada falsa…
Assim que ela prendeu a adaga na bainha que fixou na cintura, a porta se abriu de repente para revelar um rosto familiar.
Sem oportunidade de se esconder, Cecilia ficou cara a cara com a intrusa.
“É você…”
Marlin entrou em cena, fazendo jus à sua posição como líder. Seus olhos se arregalaram quando ela percebeu que era Cecilia; talvez ela tenha memorizado as características de todos os seus subordinados.
Cecilia imediatamente deu um grande passo para trás. Ela não tinha ideia do que fazer. Quando ela começou a deslizar a mão até a lâmina com a qual acabara de se equipar, Marlin fechou a porta atrás dela sem chamar mais ninguém.
Atordoada, ela observou: “Eu não esperava que você fugisse da nossa masmorra.”
Embora Cecilia permanecesse cautelosa com a falta de hostilidade de Marlin, ela tirou a mão da adaga.
“Achei que você seria um pouco mais refinada, já que é uma jovem da nobreza”, comentou Marlin, sentada em cima de uma caixa vazia próxima.
“Hum… então você não vai me capturar?” Cecilia respondeu, expressando a pergunta em seu coração.
“Do que isso serviria? Eu estava originalmente planejando deixar você escapar amanhã de manhã de qualquer maneira.”
“O quê?”
“Como me beneficiaria irritar o duque e sua família? Eu ainda prezo minha vida, você sabe.” – comentou Marlin descuidadamente, balançando as pernas.
“Mas, antes, você disse…”
“Isso foi apenas um blefe. Esse grupo ficou bem grande, e tenho um monte de caras chatos que adoram tagarelar sobre como eles vão se vingar ou que precisamos conseguir dinheiro por qualquer meio necessário. Agora, há até alguns aqui que querem agir como bandidos comuns. Eu tive que grelhar aqueles três.”
Marlin suspirou com uma careta, estalando os ombros.
Ela era uma pessoa totalmente diferente da mulher que Cecilia conhecera antes.
“Não é bom deixar os subordinados ficarem tão fora de controle. No começo, eu estava apenas tentando formar um bando de assassinos cavalheirescos que só matam bandidos. Agora se transformou em um bando de assassinos que matariam qualquer um se fossem pagos para isso.”
Mantendo-se quieta, Cecilia ouviu o monólogo de Marlin. Embora suas mãos não estivessem limpas, ela não parecia uma pessoa má em sua essência.
“Então, quando Dante desertou, pensei que essa seria a desculpa perfeita para fazer algumas mudanças, já que ele era o nosso mais forte membro. Já que eu me importo com a felicidade dele, não deveria mantê-lo preso a este lugar.”
Ela parecia uma irmã mais velha preocupada com o irmão mais novo – talvez esse fosse o relacionamento real deles. O jogo Otome não entrava em detalhes, mas parecia estranho que alguém do calibre de Dante trabalhasse sob o comando de outra pessoa sem motivo.
“E justamente quando eu ia aproveitar esta oportunidade para dissolver a organização, você apareceu.”
“Eu?”
“Sim. Meus estúpidos subordinados têm feito barulho já há algum tempo sobre o sequestro de um aristocrata para obter o dinheiro do resgate. Então eles fizeram aquela manobra agora há pouco, tentando se vingar de Dante ao mesmo tempo. Embora eu aposte que também deve ser algum tipo de rebelião contra mim, já que sempre me opus ao negócio de sequestro.”
Aparentemente, Heimat não era uma organização. A história de Marlin implicava que havia pessoas hostis a ela na organização.
Ela saiu de cima da caixa vazia. Ao espanar a poeira das calças, ela encarou Cecilia.
“Bom, de qualquer forma. Essa foi uma maneira prolixa de dizer que eu pretendia deixar você ir desde o início. Nunca pensei que você iria se libertar sozinha. Na verdade, só vim ao arsenal para escolher uma arma para te dar amanhã, já que pensei que você teria problemas se eu te mandasse embora desarmada.
“Eu… entendo…”, Cecilia respondeu, assentindo de modo nervoso. Ela não confiava completamente nesta mulher, mas Marlin não tinha motivos para mentir para ela.
O olhar de Marlin caminhou para a adaga na cintura de Cecilia.
“Mas acho que se você já fez sua escolha… Siga-me. Agora é a nossa chance. Vou mandar você de volta para sua escola.”
“Oh, tudo bem.”
Na frente, Marlin estendeu a mão para a porta. Mas…
“Hm?”
“O que houve?”
“A porta não abre”, respondeu Marlin, sacudindo a maçaneta repetidas vezes. Enquanto ela fazia isso, uma fumaça cinza subiu lentamente pela fresta sob a porta. Ao colocar a mão na madeira, ela sentiu um leve calor.
“Droga. Eu estraguei tudo,” ela amaldiçoou tensamente. Cecilia começou a suar frio.
Mordendo o lábio e parecendo encurralada, Marlin virou-se para Cecilia e gritou para ela: “Saia da frente!”
Cecilia deu um passo para o lado, conforme ordenado. Então Marlin se jogou contra a entrada. Com um estrondo, a porta – com dobradiças e tudo – caiu para fora.
“Parece que caímos numa armadilha.”
Fogo e fumaça encheram o corredor. Chamas brilhantes lambiam as cortinas e a madeira.
Um arrepio percorreu a espinha de Cecilia. “O que está acontecendo?!”
“Um incêndio – alguém provocou de propósito. Eles devem estar tentando se livrar de todos com quem não conseguem lidar de uma só vez.”
“Como assim?”
Marlin assentiu e manteve o nariz de Cecilia fechado.
“Eles seguiram o fluxo da situação e sequestraram você, embora não sejam ousados ou preparados o suficiente para desafiar a família de um duque. Agora eles ficaram com medo. Raptar a filha do duque é um crime grave, com pena de morte. O país dedicará tudo o que tiver para encerrar a organização, então eles vão jogar toda a culpa sobre mim e nos matar juntas.”
“O quê?!” Cecilia gritou.
“Se eu morrer aqui junto com você, eles podem dizer que foi tudo culpa minha. Além disso, se funcionar, eles podem assumir o controle de todo o grupo. Parece algo que aqueles idiotas inventariam.”
“Chefa!” gritou um homem que parecia um de seus subordinados do outro lado das chamas. Ele queria ajudá-las, mas o fogo e a fumaça o bloqueavam.
Marlin apontou para a saída. “Vocês, escapem primeiro! Eu seguirei mais tarde!”
“Mas-“
“Vá agora!”
“…Ok! Se cuide!
“Vocês também!”