A Vilã, Cecilia Sylvie, decidiu se travestir - V05 04 - Evento do Dia dos Namorados (4)
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Por outro lado, e se Oscar revelasse que não estava interessado no Dia dos Namorados e tivesse dado sua rosa para a primeira garota que a pediu? Isso definitivamente iria aborrecê-la. Ela poderia acabar gritando algo sem sentido como: “Por que você fez isso?!” o que não faria sentido depois que ele já tivesse se explicado.
Oscar piscou, surpreso.
“Você a quer?”
“Não! Não é isso!”
“Certo, foi o que pensei.”
Ele riu e Cecilia se sentiu boba. Ele achou o pânico dela divertido.
“Eu não a daria a mais ninguém. Mas eu sei que fazer isso agora só iria te estressar. Não quero que você se sinta obrigada a aceitar…”
“Você me conhece muito bem…”
Na verdade, ela se sentiria obrigada a aceitar a rosa dele, puramente por um senso de dever como sua noiva. Mas Cecilia sabia que esse seria um mau motivo para dizer “sim”, já que não tinha nada a ver com seus sentimentos.
“Não faria sentido se você aceitasse por obrigação.”
Então ele não iria oferecer a rosa a ela. Por um lado, isso deixou Cecilia à vontade, mas, por outro, também a decepcionou um pouco. Ela olhou para o céu estrelado acima, bloqueando seus sentimentos contraditórios.
“As questões do coração são complicadas. Você precisa considerar os sentimentos das outras pessoas, mas também não pode ignorar os seus. É impressionante.”
“Eles podem ser, sim.”
Oscar se levantou e bagunçou os cabelos de Cecilia.
“Lide com isso.”
“Hein?”
“Você merece sofrer com seus sentimentos depois de brincar com os de outras pessoas por doze anos seguidos.”
A gentileza em seus olhos lhe disse que ele queria dizer isso como um incentivo.
“Você vai voltar para dentro, Oscar?”
“Sim. Você não pode chorar comigo aqui”, disse ele, tirando a jaqueta e colocando-a sobre os ombros dela. “Não reprima as lágrimas quando sentir necessidade de soltá-las. Você se sentirá melhor depois. Chore o quanto for necessário. Mas tome cuidado para não pegar um resfriado ficando fora até tarde.”
“Claro.” Ela sorriu, a consideração dele aqueceu seu coração. “Obrigada, Oscar.”
* * *
Cerca de meia hora depois, Cecilia levantou-se do banco, pronta para voltar ao quarto. Ela terminou a última mordida na outra metade do sanduíche, olhou para o céu e suspirou. Ela finalmente se acalmou o suficiente para voltar para seu dormitório.
Embora Cecilia não estivesse mais chorando, a tristeza ainda apertava seu coração enquanto ela caminhava pelo corredor.
‘Nossa, já ficou muito tarde…’
Ainda havia alguns estudantes do lado de fora de seus quartos, mas parecia que os acontecimentos do dia haviam praticamente terminado. Cecilia sentiu que era a única para quem tudo ainda não havia acabado, o que a deixou ainda mais desanimada.
Ela parou na frente da porta, destrancou-a e fechou-a atrás de si depois de entrar. Uma fração de segundo depois, ela ouviu uma batida. Cecilia se virou, surpresa. Ela abriu a porta e espiou cuidadosamente para fora. Era Jade.
“Hein? Jade? O que foi?”
Ele sorriu sem jeito. Cecilia imaginou que ele tivesse algum assunto a tratar com ela, mas era muito incomum ele ir sozinho ao quarto dela. Ela o deixou entrar, perguntando-se se algo teria acontecido com Roland ou com outro de seus amigos.
Jade entrou em seu quarto e fechou a porta atrás dele antes de se virar.
“Aconteceu alguma coisa, Jade? Roland está bem?”
“Roland?”
“Hein?”
Jade parecia confuso, como se não soubesse quem era Roland. Ou melhor, como se ele soubesse quem era, mas não esperava ouvir esse nome de Cecilia.
“Espere… Essa voz!”
Cecilia se afastou dele. Ele não havia falado com ela na voz de Jade, mas em outra que ela também conhecia bem.
“É você, Margrit?” ela perguntou com cautela.
Seu visitante não se incomodou com a acusação e não fez nenhuma tentativa de enganá-la. “Jade” cobriu o rosto com as mãos por um momento e, quando as removeu, a ilusão desapareceu. Em seu lugar estava uma mulher alta e incrivelmente bela, com longos cabelos: Margrit. Ela abriu os olhos, os cílios pronunciados subindo, e olhou para Cecilia.
“Sim, sou eu. Como você está, Cecilia? Ou você gostaria que eu te chamasse de Cecil?”
Sua voz digna e fria ressoou por toda a sala.
As intenções da mulher eram difíceis de decifrar – ela não parecia amigável, mas ela também não parecia hostil. Cecilia deu alguns passos para trás cautelosamente, recuando em direção à janela, que ela poderia usar como rota de fuga de emergência. Seria uma grande queda, mas havia um arbusto abaixo da janela, então, embora ela pudesse sofrer alguns ferimentos, pelo menos sobreviveria.
Cecilia desejava ter outra oportunidade para conversar novamente com Margrit. Mas mesmo ela não receberia alegremente uma convidada que se infiltrou em seu quarto disfarçada de um de seus amigos de confiança.
Margrit mostrou os pulsos a Cecilia para acalmar seus medos. Ela estava usando apenas um único artefato – deve ter sido aquele que lhe concedeu a habilidade de mudar sua aparência. Isso significava que o resto de seu arsenal de artefatos estava em outro lugar e ela não representava uma grande ameaça.
“Eu entendo que você esteja desconfiada de mim, mas fique tranquila, não vim aqui como sua inimiga.”
“…”
“Não é tão fácil confiar em mim, não é?”
Uma sombra de decepção nublou sua expressão. Seus olhos brilharam com uma pitada de dor por serem mantidos à distância.
Cecilia ficou comovida com isso, mas ainda assim escolheu as próximas palavras com cuidado e cautela.
“Por quê você está aqui?”
“Eu tenho um pedido.”
“Que tipo de pedido?”
“Que você fuja o mais longe possível da Academia Vleugel.”
Cecilia franziu a testa com seu apelo inesperado.
“Por que você quer que eu saia daqui?”
“Porque a Academia Vleugel é o próximo alvo de Janis.”
Cecilia arregalou os olhos. Mas antes que ela pudesse dizer uma palavra, Margrit continuou falando rapidamente, como se não tivesse muito tempo.
“Os estudantes aqui são todos filhos e filhas da nobreza. Eles governarão este país um dia. Mas esse pensamento já passou pela sua cabeça? Sobre o que aconteceria se todos morressem?”
“Isso… não…”
“Suas mortes desestabilizariam gravemente o reino de Prosper. Além do mais, seus pais podem conspirar para derrubar o rei, já que a tragédia aconteceu sob sua supervisão. É nisso que Janis está apostando.”
“O que ele está planejando fazer?”
Cecilia perguntou trêmula. Margrit olhou para os pés.
“Eu não posso te contar. Isso seria deslealdade… Embora o aviso que lhe dei já conte como uma grave traição, suponho.”
“Mas-“
“Eu não me importo com o que aconteça com os outros. Não tenho um pingo de simpatia por ninguém neste país. Mas eu devo uma a você . É por isso que estou dizendo para você fugir.”
Cecilia não poderia simplesmente agradecer pelo aviso e fazer as malas. Ela não iria fugir.
Se Janis estava planejando um ataque à academia, então ela precisava impedi-lo.
Ela deu um passo em direção a Margrit, olhando-a suplicante.
“Você não pode parar Janis?”
“Não, e eu não gostaria de fazer isso de qualquer maneira.”
“Mas muitas pessoas poderiam morrer!”
“Eu não ligo. Só ele é importante para mim”, ela respondeu friamente.
Cecilia não achava que Margrit estivesse mentindo. Ela não poderia ser persuadida a impedir Janis, a menos que ele desistisse do plano por vontade própria.
Mantendo os olhos nela, Cecilia falou em voz baixa.
“Desculpe, mas não posso simplesmente virar as costas. Eu não poderia deixar todo mundo entregue ao seu destino e correr para salvar minha própria pele.”
“Entendo…”
Margrit se aproximou lentamente de Cecilia e tocou seu rosto apenas com as pontas dos dedos delgados.
“Eu gostaria que você tivesse me ouvido.”
Mal disse isso, Cecilia ficou paralisada, como que pelo olhar petrificante da Medusa. Ela não conseguia levantar um dedo, mover os olhos ou emitir qualquer som. Nem mesmo um pedido de ajuda.
‘Não pode ser…!’
Havia agora sete artefatos nos pulsos de Margrit. Ela imaginou que Margrit havia usado aquele que mudava a percepção das pessoas para tornar os outros seis invisíveis, fazendo Cecilia baixar a guarda.
“Eu levei em consideração que você poderia não seguir meu conselho. Vou te tirar daqui, quer você queira ou não.”
Margrit estendeu o outro braço para o lado e uma fenda dimensional se abriu na ponta dos dedos. Era sua habilidade de criar portais, que Cecilia já tinha visto em ação antes.
“Vamos?”
Em vez das pontas dos dedos, ela pressionou a palma da mão contra a bochecha de Cecilia neste tempo, e Cecilia começou a andar, seu corpo inteiramente sob o controle de Margrit. Sua habilidade de manipular os movimentos de outra pessoa parecia funcionar apenas quando ela os tocava.
Cecilia não queria passar por aquele portal, mas seu corpo continuava se movendo em direção a ele. Ela não sabia aonde isso levava, mas provavelmente era algum lugar muito longe da Academia. Se não fosse, ela correria direto de volta para o campus, o que Margrit deveria ter levado em consideração.