A Vilã, Cecilia Sylvie, decidiu se travestir - V01 04 - Rixa de Irmãos (4)
“Jade diz que comprou uma grande gráfica e estamos discutindo a impressão de livros em grande escala. Então, eu gostaria de lançar algo ainda melhor…”
Essa conversa estava saindo dos trilhos rapidamente.
Obviamente, não existia um evento equivalente a este no jogo. Se houvesse, as pessoas teriam reclamado com os desenvolvedores. Que tipo de jogo Otome tem a personagem principal imprimindo fanfics BL estrelando seus próprios personagens capturáveis?
Ao mesmo tempo, ela era a única que poderia salvar a alma de Gilbert.
“Está bem então, Lean! Vou te ajudar!”
“O quê?”
“Vou ajudá-la a escrever sua história! Aposto que posso fazer coisas como coletar materiais de referência e revisar! Então, já que terá tempo livre, você poderia simplesmente falar com Gil…?”
“Oh! Oh meu Deus! Meu Deus, meu Deus! De verdade?!” Lean gritou, os olhos brilhando, enquanto agarrava a mão de Cecilia.
“Ah, sim…”
“Nesse caso, como um pequeno adiantamento, você poderia me ajudar com algo agora? Se você concordar, farei o que você pedir!”
“O-ok…,” Cecilia concordou vagamente, dominada pela intensidade de Lean. Ao lado dela, Oscar suspirou.
“Seu idiota.”
“Tudo bem, vocês dois. Aproximem um pouco mais seus rostos. Sim! É isso! Agora coloquem as mãos nos ombros um do outro! Lorde Cecil, por favor, tente transmitir uma expressão mais sensual!”
“Ah, não tenho certeza se sou capaz de fazer isso…”
“E Príncipe Oscar, faça uma expressão como se estivesse sendo dominado!”
“…”
Cecil e Oscar – e Lean – estavam por trás da escola. Oscar estava de costas para a parede, enquanto Cecilia estava diante dele para parecer que queria prendê-lo.
Foi como o “kabedon” de um tempo atrás, só que com os papeis invertidos.
Seguindo a orientação de Lean, Cecilia colocou a perna entre os joelhos de Oscar.
“Eu queria adicionar ilustrações ao livro, mas sem modelos, simplesmente não conseguia fazer nada parecer certo! Muito obrigada, Lorde Cecil e Príncipe Oscar!”
“Mmm…” Cecilia respondeu desanimada. Quando ela se ofereceu para ajudar, ela não pensou que seria assim.
Para a outra vítima, que seguia obedientemente os comandos de Lean, ela disse: “Oscar, sinto muito por ter arrastado você para algo estranho.”
“Estou bem. Ao contrário de você, estou apenas parado aqui.” Oscar encolheu os ombros.
Enquanto eles conversavam, Lean estendeu seu caderno de desenho, o lápis rabiscando freneticamente. Ela era a imagem da concentração. Como eles não tinham nada para fazer além de ficar ali, Cecilia decidiu perguntar a Oscar algo que a deixava curiosa. “A propósito, o que você achou dessa fanfic?”
“Que fanfic?”
“Você sabe, aquele baseado em nós…”
Além de ambos serem teoricamente dois meninos, “Cecil” era apenas o filho de um barão. Embora fosse aceitável para o príncipe herdeiro casar-se com a filha de um duque, como Cecilia, normalmente alguém da posição dele sequer falaria com o filho de um mero barão. Pensar se Oscar estaria ofendido com tudo isso a levou a perguntar diretamente a ele.
“Não tenho muita opinião sobre isso. Primeiro de tudo, não seria possível você fazer isso e aquilo comigo de qualquer maneira. Uma pessoa com braços de graveto como os seus não poderia forçar alguém a recuar usando apenas um braço”, disse Oscar, com indiferença. Parecia que ele realmente não estava nem um pouco incomodado, o que a aliviou.
“É verdade, não há nenhuma maneira que eu poderia te empurrar para uma cama. Embora o contrário poderia funcionar.”
“Sim, o contrário seria, pelo menos, mais realista… Espere, o contrário?” Oscar gaguejou, congelando momentaneamente.
Ele corou instantaneamente. Quem sabia o que ele acabara de imaginar? Como o rosto dela estava tão próximo ao dele, Cecilia percebeu imediatamente.
“Oscar, você está bem?!”
No momento em que ela tentou ver melhor a expressão dele, ele a empurrou.
“Não chegue tão perto do meu rosto! Que susto! Você realmente me assustou!”
“Eu só estava tentando chegar mais perto de você…”
“Eu já tenho uma noiva, Cecilia!”
“Não entendo o que isso tem a ver!”, protestou Cecilia.
Oscar estava agindo de modo estranho ultimamente. Na maioria das vezes ele agia como sempre, mas sempre que ela se aproximava de seu rosto ou o tocava em algum lugar, ele reagia de forma exagerada.
Apesar de terem se tornado amigos e tudo mais, ela se sentia magoada por ele manter aquela distância entre eles.
Depois que Lean terminou seu esboço, ela virou a página.
“A seguir, Príncipe Oscar, você poderia abrir dois ou três botões da camisa? Por favor!”
“O quê? Você vai desenhar mais?”
“Claro! Não posso desperdiçar esta oportunidade! E Lorde Cecil, coloque sua mão aí!”
“Quê?!”
“Como se você estivesse enfiando as pontas dos dedos dentro da camisa dele! Pronto, assim! Perfeito. Fiquem assim,” ela falou, baixando o olhar de volta para seu caderno de desenho.
‘Que garota sem vergonha.’
Francamente, posar assim com Oscar era constrangedor o suficiente para causar uma morte prematura, mas Cecilia pensou em Gilbert e perseverou.
“Ok, agora eu quero…”
“Hm, Lean?”
Cecilia se virou. Na ponta da língua dela estava a frase ‘Isso está realmente ficando muito embaraçoso, podemos parar?’
Então ela percebeu quem estava parado além de Lean e olhando para eles.
“Ah, Gil…”
Era Gilbert. Sem dizer uma palavra, ele marchou até os três.
Então ele agarrou o pulso de Cecilia.
“Ai!”
Ele parecia decidido a arrastá-la silenciosamente ali mesmo.
Oscar também falou. “Ei, Gilbert!”
“Vossa Alteza, por favor, fique quieto agora. Estou de muito mau humor.” exigiu Gilbert, sem sequer se virar para encará-lo. Então ele arrancou Cecilia de lá.
Ele a levou a estufa onde sempre conversavam. Com certeza, eles eram as únicas duas pessoas ali. Gilbert não tinha falado o tempo todo, então Cecilia aventurou-se humildemente: “Umm… Gil?”
“O que foi aquilo?”
“Ah, hum…”
Ele devia estar se referindo a como ela e Oscar estavam pressionados um contra o outro. Ela se encolheu com seu tom gelado.
“Umm, nós estávamos ajudando Lean com uma ilustração para o livro dela, já que ela pediu…”
Com isso, Gilbert olhou nos olhos de sua irmã adotiva pela primeira vez. A expressão dele era ainda mais vazia e impenetrável do que ela imaginava.
“Ajudando? Ela pede para você ajudar, e você aceita sem problemas ficar naquela posição?”
“Bem, na verdade não…”
Claro, ela não teria feito isso se Lean tivesse pedido isso como um favor. Mas como a segurança de Gilbert dependia disso, ela concordou. E agora ele a estava criticando por isso…
“Estou surpreso que você tenha aceitado posar assim. Não tem vergonha? Você sabe o que aconteceria se as pessoas descobrissem que a filha de um duque estava fazendo isso sem hesitar?”
“Hum… Mas eu sou Cecil agora!”
“Tem certeza de que não está confundindo ‘travestida de Cecil’ com ‘posso fazer o que quiser’?” ele apontou acidamente, fazendo-a estremecer.
Isso não era verdade… Era totalmente falso.
“Mesmo se você estiver vestida como Cecil, você ainda é uma mulher e o príncipe é um homem. Você não está ciente de uma coisinha chamada restrição?”
“Mas…”
“Então eu acho que isso significa…” Gilbert ameaçou, de repente se aproximando dela. Agarrando o pulso dela, ele passou a mão em volta da sua cintura. Isso a deixou imobilizada, incapaz de escapar.
“…Eu posso fazer com você o que você estava fazendo lá atrás?”
Ele passou o polegar da outra mão sobre os lábios dela.
“Espere, o quê…?”
Reflexivamente, ela tentou empurrar o peito de Gilbert, mas ele não se mexeu. À medida que ele se aproximava cada vez mais, ela estava completamente perdida. Tudo o que ela podia ver era o rosto dele.
‘Ei, isso é meio… hein? É como se ele fosse me beijar… O quê?!’
“Não…”
Ela fechou os olhos com força e todo o seu corpo ficou tenso. Então, em vez de um beijo, o suspiro de Gilbert seguiu.
“Você entendeu, certo? Tenha mais cuidado no futuro”, Gilbert a repreendeu, soltando-a. Então ele se virou para ir embora.
“Gil!” ela gritou desesperadamente para detê-lo.
“Tchau”, disse ele, saindo da estufa sem sequer voltar atrás.
* * *
‘O que eu fiz…’
De volta ao seu quarto, Gilbert estava chocado e abatido. Ao recordar a sensação dos lábios de Cecilia contra seu polegar, seu rosto esquentou.
Isso estava indo longe demais por falta de paciência…
Ele tinha decido não fazer nada para fazer Cecilia ficar consciente que ele era um homem, mas quando testemunhou ela e o príncipe cruzando essa fronteira tão rapidamente, ele abandonou todo o seu autocontrole.
Se a linguagem corporal de Cecilia não tivesse deixado clara que ela não queria isso com todas as suas forças, ele com certeza a teria beijado naquele momento.
‘Aposto que ela me odeia agora…’
Não era bem assim. Ela provavelmente tinha apertado os olhos por puro reflexo, sem pensar muito sobre isso, mas para Gilbert, sua rejeição era óbvia.
Pressionando as costas das mãos nos olhos, ele soltou um gemido patético.
“Aaahhhh…”