A Vilã, Cecilia Sylvie, decidiu se travestir - V01 03 - Viagem escolar (5)
No mínimo, ele não era mais o homem que a queria morta.
Ela continuou alegremente: “Não se preocupe! Cecilia não te odeia! Há apenas uma razão pela qual ela não pode ver ninguém no momento!”
“O que você quer dizer? Que razão?”
“Hmm… É segredo?”
“Ei,” Oscar rosnou, sua voz ficando mais grave. No entanto, agora que ele revelou que não a odiava, não parecia mais ameaçador aos olhos de Cecilia.
“Está bem! Você poderá se encontrar com ela quando chegar a hora certa!” ela gritou, pressionando o punho contra o peito.
Quando ele rompesse o noivado, ela pretendia aparecer para lhe desejar boa sorte. Afinal, ela estaria cheia de felicidade por ele. Ele era um homem apaixonado por Lean.
‘Agora eu meio que quero torcer pelo Oscar!’
Lean estava na rota de Jade agora, mas isso não significava que ela não pudesse mudar para Oscar. Dependendo de seus esforços, o caminho dele ainda era uma opção.
“Oscar! Você consegue! Vou apoiá-lo de qualquer maneira que puder!” ela gritou, apertando a mão dele na dela.
“Quê-?”
“Obrigado! Estou tão feliz que conversamos! ela se entusiasmou, apertando a mão dele.
Só então, as vozes de algumas alunas flutuaram. “Príncipe Cecil! Onde você está?”
“Ah, precisam de mim? Tudo bem! Estou chegando!” ela gritou de volta, largando a mão dele e ficando de pé. Ela sorriu para ele com seu sorriso mais radiante. “Vamos ambos fazer o nosso melhor, Oscar!”
Ela trotou para fora da tenda.
Oscar foi deixado sozinho na tenda de primeiros socorros, com uma aparência atordoada e as bochechas vermelhas.
“O que há com aquele cara…?”
Mesmo que não houvesse ninguém por perto para ver, ele levou a mão à boca, escondendo o rosto.
“Por que minhas bochechas estão quentes…?”
* * *
“Sinto como se alguém estivesse me observando…”, disse Cecilia, deitada de costas e olhando para o teto do beliche de cima que lhe foi designado. Seus pensamentos estavam acelerados.
Desde que ela e Oscar foram para a tenda de primeiros socorros, ela sentia os olhos de alguém sobre ela. Inicialmente, ela descartou isso como se fosse sua imaginação, mas sentir o olhar penetrante novamente na hora do jantar foi o suficiente para convencê-la de que alguém a estava observando.
“Quem é…?”
Havia muitas pessoas no jantar, então foi impossível identificar quem era. Ela se sentou e olhou para seu colega de quarto, que estava se preparando para ir aos banhos comunitários.
“Ei, Oscar?”
“O que?” ele respondeu, voltando-se com um olhar sombrio. Talvez ele não quisesse que ninguém falasse com ele agora.
Sem lhe dar atenção, ela continuou. “Eu meio que sinto que alguém está me observando…”
“Bem, não sou eu!” ele gritou imediatamente.
Cecilia ficou atordoada. Por que parecia que ele estava corando?
“Eu sei”, ela respondeu.
“O-ok…” ele retrucou, desviando o olhar e enfiando a toalha violentamente na bolsa.
“Você notou alguém olhando para mim? Principalmente no jantar. Você estava sentado ao meu lado, certo?”
“Não, eu não…”
“Ah, ok.”
‘Talvez seja o Assassino?’
Ninguém conseguiu estabelecer o motivo do Assassino cometer seus crimes, mas estava claro que ele estava tentando matar as candidatas a Donzelas Sagradas.
Embora o Assassino ainda não tivesse feito sua primeira vítima neste mundo, ela não podia descartar a possibilidade de que, depois de perder a chance de assassinar a candidata a Donzela Sagrada com marca de azaleia, ele tivesse percebido imediatamente que ela estava se travestindo e chegado ali para extinguir sua vida.
‘Não há nenhum evento assim no jogo, mas tudo até agora saiu dos trilhos, então não posso ter certeza…’
Talvez a terceira candidata a Donzela Sagrada já tivesse sido morta e os jornais simplesmente não tivessem noticiado isso.
Já um pouco assustada, Cecilia desceu as escadas e foi até Oscar. Ele não se virou, mas disse: “De qualquer forma, você não vai tomar banho? Se você não entrar lá agora, os banhos comunitários vão ficar lotados.”
“Oscar, você tem bastante contato com os plebeus”, ela comentou.
“Quê?” Ele deixou escapar, olhando para trás com uma expressão confusa.
“Achei que os príncipes não iriam aos banhos comunitários”, explicou ela.
E no jogo, Oscar nem ia para a viagem de acampamento da escola.
“Quando eu teria a chance, se não for agora?” ele rebateu.
“Bem, acho que é verdade, já que somos todos da nobreza.”
Poucos na sociedade aristocrática aprenderam sobre habilidades ao ar livre. Cozinhar, limpar, tomar banho comunitário – tudo isso era para os plebeus.
‘Embora eu pessoalmente adore tomar banho em banhos públicos grandes e espaçosos.’
Mas considerando a situação atual dela, isso seria impossível.
“Eu passo! Vou usar o chuveiro do quarto!”
“Tudo bem.”
“Oh, espere, você queria que fôssemos usar os banhos juntos?” ela perguntou. Talvez Oscar fosse do tipo que gostava de tomar banho em termas junto com amigos, como era comum no Japão. Ela não quis dizer nada com isso, mas ele teve um ataque de tosse assim que a ouviu.
“Nn-não! Claro que não!”
“Você não precisa rejeitar a ideia tão fortemente…”
“Em primeiro lugar, eu já tenho uma noiva, Cecilia! Eu não vou… Não por você…”, ele balbuciou.
‘Por que isso está se tornando sobre mim?’
Ele agora estava vermelho como uma lagosta e praticamente tremendo. Ela realmente não entendia o que ele queria dizer.
“Eu vou embora…” ele murmurou, parecendo cansado. Cecilia assentiu.
Só então, um estrondo anormal soou do lado de fora da janela.
“O que foi isso?!” ela gritou, girando apenas para olhar para uma figura negra olhando para ela. A figura encarou Cecilia com olhos vermelhos.
“AAAAHHHHH!” Ela gritou, o sangue sumindo de seu rosto quando ela se lançou em Oscar, agarrando-o pela cintura.
“Quê-?”
A força do golpe bateu a cabeça dele contra a porta. Um estalo nauseante ecoou na sala.
“Ei! Que diabos, Cecil?!”
“O-Oscar! Havia alguém nos espiando do saldo de fora do quarto agora há pouco!” ela gaguejou, apontando para a janela, ainda segurando a cintura dele.
“O quê? Onde? Não há ninguém lá.”
“Hein?”
Com medo, ela se virou para olhar para trás. Assim como Oscar disse, não havia ninguém lá.
“Mas… Espere, o que? Foram embora…?”
“E este é o terceiro andar de qualquer maneira. Como alguém subiria?” ele apontou.
Cecilia abriu a janela e olhou para fora. Era difícil distinguir alguma coisa na escuridão, mas pelo que ela podia ver, não havia ninguém ali.
“Mas eu vi…” ela insistiu com uma voz desamparada. Oscar deve ter ficado com pena dela, porque saiu para inspecionar a área do lado de fora da janela também. Então ele falou.
“Ei, Cecil.”
“O quê?”
“Não importa o quão ridículo você seja, você não tem saído e entrado deste quarto pela janela, certo?”
“Claro que não.”
“Dê uma olhada nisso”, observou Oscar, apontando para o parapeito abaixo da janela.
“O que diabos…?”
Havia um conjunto de pegadas incrivelmente claro.
* * *
‘Ah, não… não consigo dormir…’
Com os olhos bem fechados, Cecilia se revirou na cama do beliche em seu quarto escuro. Ela não conseguia parar de pensar naquelas pegadas. Sempre que ela se lembrava do olhar intenso da pessoa do lado de fora da janela, ela estremecia.
‘Eu tenho que descansar um pouco, mas…’
Ela apertou os olhos ainda mais. Mas o sono não vinha.
“Você está bem?”
Uma voz subitamente veio de baixo e Cecilia deu um pulo. Era Oscar, que deveria estar dormindo profundamente. “Não consegue dormir?”
“Mais ou menos…” ela respondeu, minimizando a verdade.
“Eu não esperava que você fosse tão covarde.”
“Covarde…?”
“Considerando como você está sempre recitando essas falas embaraçosas tão suavemente, eu pensei que você teria mais coragem do que isso”, brincou Oscar, referindo-se a quando Cecil falava “eu vou te proteger, minha princesa” para estudantes do sexo feminino.
Cecilia puxou as cobertas até o nariz. “São meus esforços para parecer masculino, também não é fácil para mim…”
“Isso é para ser masculino?”
“E não é?”
“…”
O silêncio de Oscar foi acentuado, sua reação semelhante à de Gil anteriormente. Evidentemente, havia uma grande lacuna entre o que ela considerava masculino e o que eles consideravam masculino.
“Então você está me dizendo que se força a agir dessa maneira com as meninas?”
“Eu não estou me forçando. Eu gosto de falar com elas! Mas acho que é verdade que fica cansativo.”
“Acho que você sofreu à sua maneira por ter esse seu rosto feminino…”, reconheceu Oscar.
Em algum momento, o medo dela se dissipou. A conversa deles deve ter desviado a atenção. Mas ela não percebeu e então conversou alegremente com ele sobre coisas bobas por mais algum tempo. À medida que a conversa prosseguia, a voz de Oscar começou a ficar cansada.
“Oscar, você está com sono?”
“Mmm,” ele murmurou. Ela percebeu que ele estava esfregando os olhos por causa do farfalhar das cobertas.
Cecilia não queria que ele dormisse, mas ele precisava.
“Desculpe por mantê-lo acordado. Vamos dormir.”
“… Ainda estou bem,” ele protestou.
“Então por que você parece que pode adormecer a qualquer minuto?” ela provocou ironicamente e acrescentou: “Boa noite.”
Oscar também desejou boa noite para ela.
O quarto caiu em silêncio, apenas para o mesmo terror voltar rastejando dos dedos dos pés dela.
Quem era o assassino? Por que ele não assassinou a candidata a Donzela Sagrada portadora da marca de azaleia desta vez? Quem estava olhando para ela da janela?
‘E se ele realmente vier me atacar?’
Assim que tudo se acalmou, a dúvida encheu sua mente mais uma vez. Até agora, ela pensava que as coisas iriam dar certo de alguma forma no final. Na verdade, como ninguém foi morto, ela presumiu alegremente que ela e Lean também permaneceriam ilesas.
Mas agora que chegou a esse ponto, ela percebeu o quão ingênua essa linha de pensamento tinha sido. Não admira que Gil tenha ficado bravo com ela.
Os arrepios de medo que percorriam sua espinha a mantinham bem acordada. Nesse ritmo, ela iria passar a noite em claro.
“Cecil”, veio uma voz lá de baixo.
Os olhos de Cecilia se arregalaram. “Oscar, você ainda está acordado?”
“Se você ainda está com medo, quer dormir aqui comigo?” ele perguntou inocentemente.
“Quê?” ela guinchou, em estado de choque. Naturalmente, ela não tinha previsto essa opção.
“Você não precisa se não quiser…”
“Umm…” ela respondeu, considerando sua oferta. Os colchões dos beliches não eram estreitos demais para duas pessoas dormirem. Na verdade, ela teria que esticar os dois braços até tocar os dois lados da cama. Não seria exatamente espaçoso, mas também não ficariam amontoados.
O problema era que ela tinha que adormecer com a peruca, mas como não conseguir dormir era uma preocupação mais urgente, ela não se deteve nesse detalhe.
Seria impróprio para um menino e uma menina solteiros dividirem a cama, mas agora ela era Cecil, um homem. Dois meninos poderiam dividir a cama sem problemas. Provavelmente…
‘Acho que conseguirei dormir se estiver com alguém…’
Criando coragem, ela disse: “Tudo bem, então, posso?”
“Claro.”
“Está mesmo tudo bem?”
“Pare de questionar isso”, ele insistiu secamente.
Depois de arrumar a peruca, ela pegou o cobertor e o travesseiro e desceu a escada. Quando ela puxou a cortina e olhou para dentro do beliche de baixo, viu que Oscar já havia se aproximado da parede para ela. Ainda assim, ele não estava descontente, o que era muita consideração da parte dele.
“Com licença,” ela disse, rastejando para dentro. A cama ainda estava um pouco quente por causa do calor do corpo de Oscar, então quando ela colocou o cobertor que trouxera, ela estava agradável e quentinha.
‘Tão quente…’
Ela se sentiu um pouco emocionada. “Obrigado, Oscar.”
“Claro. Eu não culpo você depois do que aconteceu”, ele respondeu. Ele estava colado o mais próximo possível da parede.
“Você pode me acordar se eu roncar muito alto.”
“Você ronca?”
Ela riu. “Sempre que entro na cama de Gil, ele sempre me expulsa por causa disso.”
“Vocês dois com certeza são próximos,” Oscar respondeu, parecendo um pouco desanimado.
“Isso é porque nos conhecemos desde que éramos jovens.”
“Então vocês são como irmãos?”
“Sim. Como irmãos… irmãos…”
Enquanto eles continuavam divagando sobre tudo e nada, ela de repente começou a se sentir confusa. Ela estava ficando com sono. “Oscar… eu…”
“Vá dormir.”
“Tudo bem”, ela respondeu, deitando-se de costas para ele e fechando os olhos.
Ela estava dormindo em segundos.