A Relação simbiótica entre uma lebre e uma pantera negra - Capítulo 30
com o que eles contaram, houve alguma confusão entre Vivi, Rune e Ash enquanto conversavam na varanda. Então, viram que Rune havia se transformado em leão e que Vivi estava bravamente perseguindo um suspeito, com Rune indo atrás.
“É mais provável que ela esteja correndo porque tem medo de leões.”
Ahin, ainda correndo, riu. Uma coelha covarde não conseguiria ficar calma quando visse um leão.
“Mas, Restin… Tenho certeza de que tínhamos pedido ajuda à família Grace.”
Restin estremeceu com a implicação da fala de Ahin, de “você não faz parte da família.” Ele não tinha vindo porque queria.
Quando a carta de pedido de ajuda apareceu na reunião da aliança, Rune de repente levantou a mão e se voluntariou para ir. Restin, seu secretário, ficou envergonhado pelo mau comportamento de Rune. No entanto, ninguém se opôs à alegação dele de que o caso das drogas do Qatar também tinha relação com o clã dos leões, e assim ele tinha direito de se envolver. Então, Restin foi meio forçado a acompanhar Rune.
Ahin era igual – as pessoas de alto escalão nunca faziam nada sozinhas. Ele escondeu sua raiva e olhou nos olhos de Ahin.
“As drogas são uma questão de cooperação mútua…”
“Então, Lord Manionz se voluntariou para ajudar?”
“Sim….”
“Esse Lorde Manionz…”
“Sim….?”
“Eu não sei o que há de errado com aquele desgraçado.”
Restin, engolindo em seco, secou o suor do rosto. Depois de chegar em Qatar, Rune mostrou mais interesse naquela coelha estranha do que na questão das drogas. O fato de o coelho ser o animal de estimação de Ahin Grace só aumentou a ansiedade de Restin.
“A propósito, por que o Lorde Manionz se desumanizou? Quem é o tal suspeito? ”
As perguntas subsequentes de Evelyn não podiam ser respondidas pelos cavaleiros e Restin. Era frustrante não saber. Eles estavam apenas correndo e assistindo.
“Ash.”
Ahin, que encontrou Ash vagando por um beco, parou. Parecia que ela havia perdido de vista a Vivi e Rune. Ahin tinha um olfato apurado, mas o cheiro único da região de Qatar tornava difícil rastrear a trilha. No entanto, se lembrou de Rune, que de repente se tornou um leão, e de um homem suspeito, que de repente havia aparecido na pousada. Combinando todas essas informações, Ahin murmurou, varrendo a cabeça.
“Deve haver uma razão pela qual o Lorde Manionz se transformou em sua verdadeira forma. Por exemplo, se foi exposto a feromônios…”
“O Lorde fala das drogas?”
“Ou quem sabe ele estava apenas entediado?”
“Porque estava entediado … Não, as chances são minúsculas.”
Restin, que prendeu a respiração, defendeu Rune. Afinal, ele era um dos seus mais leais subordinados. Uma vez que os Manionz eram os líderes do clã dos leões, era impensável tal comportamento fútil.
Ahin, que ignorou Restin, cuja expressão mudou várias vezes, ordenou brevemente.
“Cavaleiros e Ash, vão pra direita. Evelyn, pra esquerda, e Restin, por trás.”
“E para onde você está indo, Lorde Ahin?”
Ahin, que não respondeu, deu um passo à frente. Restin, que olhava para as costas dele, impaciente, torceu a boca. Ahin parecia estranhamente nervoso hoje, em contraste com como parecia antes, sempre relaxado.
O local onde estavam era muito diferente da cidade onde residia a família Grace. Cada edifício curvo estava decorado com luzes vermelhas e o ar estava pesado com o cheiro pungente de especiarias sendo vendidas.
***
Em algum momento, havia pisado em pedras pontiagudas, sem nunca parar de correr. Só percebi que havia entrado em um beco esquisito quando era tarde demais. Olhei em volta rapidamente. Em algum momento, os dois animais que me perseguiam de perto tinham desaparecido.
Sem fôlego, estava cheia de uma sensação de dúvida e arrependimento. Não devia ter cedido ao medo e corrido para um lugar que nem sabia onde ficava. Eu estava bem ciente da minha própria situação, e sabia que seria difícil sobreviver sem Ahin. Precisava voltar para a pousada de alguma forma.
No momento em que me decidi, me petrifiquei com o rugido de uma besta atrás de mim. Precisava ficar calma. Eu era uma coelha confiante que estava desenvolvendo imunidade a bestas, tendo tido muitas sessões de treinamento de feromônios com Ash.
<Aquele leão é apenas Rune. Ele me seguiu até aqui para me proteger.>
Eu fiz uma lavagem cerebral em mim mesma e me virei com meus olhos bem abertos. O leão, que enxerguei imediatamente, estava de costas contra o pôr do sol, causando uma ilusão de ótica na qual sua juba parecia brilhar como um sol, queimando. A imponência dele me fez afundar. O punhado de coragem se transformou em cinzas e desapareceu.
Deitei no chão em uma posição de “me rendo”, e Rune se aproximou em um ritmo lento. Ele então arfou em direção ao chão. Deve ter trabalhado duro para me alcançar. Ele me olhava com uma expressão que parecia dizer “é tudo sua culpa.”
<Veio atrás de mim porque quis! Sua besta arrogante.>
Enquanto cerrava meus dentes, arregalei os olhos quando uma sombra apareceu por trás de Rune.
<Ahin!>
Ahin, que saiu sabe-se lá de onde, respirava sem dificuldade. Seu cabelo prateado estava despenteado e ele afrouxava a gravata, parecendo irritado. Olhando para ele de longe, de alguma forma, meu coração doeu. Quando fugi no templo, no baile, no ataque da mulher-besta lobo… e agora também, a simples presença de Ahin me deu um alívio indescritível, embora eu o odiasse.
“Foi por pouco, mas te peguei.”
A expressão de Ahin, me pegando no chão, endureceu instantaneamente. Fiquei sem entender o porquê, até que a mão dele se esticou e tocou minha pata dianteira, e senti uma dor aguda.
“Você está ferida.”
Só depois de ver meus pés ensanguentados é que me lembrei que tinha me ferido nas pedras. Até as patas dianteiras estavam cortadas. Minhas preciosas patas…
Alternei entre olhar para elas e para a expressão de Ahin, que parecia triste. Tinha medo do rosto dele quando não estava sorrindo, como é o normal.
“Por que você correu para tão longe?”
Quando olhei para Ahin, de repente me lembrei do momento em que a ferida de Ash desapareceu em um instante. Poderia ter sido efeito dos feromônios de Ahin? Um pouco hesitante, estiquei minha pata dianteira ferida para ele.
<Preciso que você me cure.>
Fiquei esperando descaradamente, e Ahin piscou como se quisesse entender o significado. Após um momento de silêncio, ele logo relaxou sua expressão e sorriu.
“Eu vou te levar para casa e aplicar tratamento para que você melhore. E depois…”
<E depois…?>
“Se continuar assim, vou prendê-la no meu bolso pelo resto da sua vida.”
Por que ele estava dizendo essas coisas de repente!? Só podia ser uma piada, mas tive calafrios. Ahin, que me colocou em uma das mãos, dobrou os joelhos e de repente agarrou a juba de Rune.
“É a primeira vez que o vejo nessa forma, Lorde Manionz. Não sabia que você tinha o hobby de brincar de pega-pega com coelhos.”
A voz dele parecia fria em comparação com seu tom calmo. Em seguida, Rune lançou a ele um olhar de injustiçado. Não tinha sido assim por sua vontade, já que a sua humanização foi suspensa após ser atingido pelo estranho pó cinza. Talvez tentando explicá-lo, Rune sacudiu a pata dianteira desesperadamente.
Ahin, que viu o estranho movimento, falou com os olhos semicerrados.
“Você finalmente ficou louco?”
Rune, que foi tratado como um lunático, rolou no chão chorando. Bateu no peito com as patas dianteiras como se estivesse frustrado. Não senti mais medo do leão barulhento, e em vez disso, senti pena dele.
<Sei como você se sente..>
Seria uma sensação de camaradagem por não conseguir expressar o que queria dizer por dentro? Enquanto eu estava olhando para ele com tristeza, tive a sensação de que algo estava errado, de repente.
Afastei o olhar apressadamente do leão e olhei novamente para Ahin, atordoada. Seus olhos eram azuis, não vermelhos. As ruas já estavam escuras por causa do pôr do sol, e por isso não tinha percebido até agora.
<Os olhos de Ahin?>
Talvez eu estivesse vendo errado? Do nada, Ahin me colocou dentro de seu bolso. Me sufocando, lutei para colocar a cabeça para fora. E o que vi foram vários homens armados nos cercando. Pareciam ser, no mínimo, 15. As espadas em suas mãos brilhavam.
De onde tinham saído? Enquanto meus olhos tremiam, reconheci no meio deles o homem-besta hiena suspeito que estava na pousada.
<…!>
Meus olhos, assustados, se encontraram com o de Rune. O homem devia ter ido buscar reforços. Ele se aproximou do homem ao seu lado e sussurrou. O outro arregalou os olhos ao escutar e falou.
“…Então ele inalou o pó e sua humanização se desfez?”
Todos os presentes voltaram seus olhares ao leão. Rune lhes pareceu algo bizarro.
“Ei.”
O pescoço de Ahin estava próximo da espada que um deles apontava.
“Nós nos rendemos.”
Por que diabos ele estava se entregando quando eles ainda nem tinham dito nada? Pantera negra maluco. Olhei para Ahin com olhos ansiosos, imaginando que ele iria matar todos em seguida. Olhando para os homens, que sorriam, tive pena.
Mais que isso, se uma batalha acontecesse, eu certamente absorveria os feromônios e… o bolso do casaco de Ahin explodiria. Engoli em seco. O homem mais próximo a Ahin analisou seus olhos azuis, que brilhavam.
“Deve ser do clã dos guaxinins ou dos gatos, mas é melhor termos cuidado para garantir.”
A expressão do homem, que julgou que Ahin não deveria ser poderoso, se tornou mais orgulhosa. Todos os presentes pareciam ser predadores de alguma espécie, e ganhavam nos números, também.
Após um breve silêncio, Ahin, que piscou o olho para mim rapidamente, levantou os braços. Era um sinal de que havia se rendido.
“Oh, alguém, me ajude. Socorro~”
Era um tom robótico de alguém que parecia tudo, menos amedrontado. No entanto, os homens pareceram convencidos.
“Então, para começar…”
O homem que analisou Ahin com olhos estreitos amarrou seus punhos com uma corda.
“Vamos voltar para o grêmio. Amarrem o leão.”
Rune também não ofereceu resistência aos homens, que o amarraram com cordas. Vendo o comportamento estranho dos dois, eu finalmente entendi. Eles vieram para Qatar para investigar as drogas, e esses homens provavelmente estavam envolvidos e poderiam fornecer pistas. Então, se eles fossem para o covil deles, teriam grandes chances de descobrir quem estava fabricando o pó.
“Vivi, salte do meu bolso e corra para a esquerda. Evelyn deve estar por ali.”
Pude ouvir Ahin sussurrando para dentro do bolso. Eu havia me afundado nele o máximo possível. Numa situação perigosa, a primeira coisa a fazer é se esconder. Esse era meu lema.
Então, Rune, ainda amarrado, começou a atuar como se quisesse se soltar, grunhindo e fazendo um escândalo teatral. Enquanto os homens se distraiam com ele, Ahin me tirou do bolso e me depositou no chão, apesar das mãos amarradas. Então, deu um empurrãozinho em minhas costas.
Olhei para ele com preocupação. E não esqueci de agradecer acenando a pata dianteira.
<Boa sorte.>
Não queria que ele se arriscasse. Me lembrei das palavras de Evelyn.
“Senhorita Coelha, isso acontece o tempo todo, então não precisa se preocupar. Tudo vai acabar logo que ele fizer creck, slash, blosh.”
Ahin, me vendo acenar, começou a rir. Comecei a correr, e senti uma sensação desconfortável. Apesar de estar colocando toda a minha energia nisso, não estava saindo do lugar?! Era como se alguém tivesse me pegado pela nuca… Quando olhei para cima, um homem tão largo e ameaçador como um gorila tinha me pegado.
“Vamos levar esse coelho também.”
<Ah.>
Tradução: Nopa.
Revisão: Holic.