A Relação simbiótica entre uma lebre e uma pantera negra - Capítulo 170
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- Capítulo 170 - História Extra 2
Retornando das memórias de infância, eu e Ahin nos inclinamos, apressados.
“O que houve?”
“Mamãe, a minha irmã… Por favor, você tem que detê-la…”
Shu e Bion, que estavam seguindo Ezer, abaixaram as cabeças também, mesmo sem entender pelo que ele estava implorando.
Quinn, que tinha voado o acompanhando, deu um grito alto, mas eu não conseguia compreender.
Ahin, parecendo afobado, o que era uma raridade, abraçou Ezer, que chorava como se fosse o protagonista de uma tragédia.
“Você quer que nós dois detenhamos a Jenia? O que isso quer dizer?”
“Sim, Ezer. Não chore e nos explique melhor.”
Falei para Ezer, que, com lágrimas nos olhos, parecia igual a mim quando chorava. Ele conseguiu reunir fôlego e apertou os lábios.
“Minha irmã… Ela recolheu um leão.”
“Isso mesmo, porque ele estava desmaiado no jardim da mansão. Infelizmente, parece que ele foi abandonado pelo tio.”
A voz de Jenia ressoou, sem que eu tivesse percebido de onde ela tinha saído. O nosso olhar, se movendo em sincronia, passou por Jenia e se focou no menino que estava ao seu lado. Ele parecia um pequeno príncipe saído de um conto de fadas.
“Estou pensando em firmar um noivado com esse leão. Ele não é bonito?”
“Não. Seu pai é mais bonito, e você não vai noivar coisa nenhuma.”
Ahin se recusou a escutar e interrompeu. Ele tinha ouvido sobre a seleção de noivo de Jenia há poucos segundos, mas vendo a pessoa em questão, estava em choque. Não era a primeira vez que ele o via. Na verdade, a surpresa vinha do fato de que o encontrava com uma certa frequência.
“Jenia.”
Me agachei para ficar na mesma altura de Jenia e sussurrei baixinho.
“Você não tinha prometido à mamãe que iria deixar essa história de noivado de lado por enquanto?”
“Sim, quanto mais homens-besta eu conhecer, melhor.”
“Então, por quê…?”
Ela voltou a olhar o menino, que estava de pé com postura perfeita. Os olhos dos dois se encontraram e o garoto respondeu a olhada com um sorriso.
‘É ele…’
O sucesso direto de Reona Manionz, Heinz Manionz.
“Senhora, você tem olhos lilás. Você é uma lebre? Vai me bater?”
Era óbvio que o menino tinha grandes habilidades, e conseguiu até mesmo detectar quatro feromônios dentro da minha barriga. Parecia que ele tinha vindo junto com a delegação do clã dos leões que tinha acabado de chegar.
‘Pensei que ele não gostava de coelhos.’
O que estava acontecendo, exatamente? Ahin encarava Heinz, que parecia ter crescido para se tornar o tipo ideal de Jenia, e eu me senti confusa.
Porque o nome Heinz Manionz era mencionado com frequência nas cartas de solicitação de noivado encaminhadas por Reona, que estava de olho nos feromônios curativos.
Era muito provável que Jenia tivesse “recolhido” Heinz dessa maneira devido a um incidente manipulado, em vez de uma mera coincidência.
Como, por exemplo, se Heinz tivesse mentido intencionalmente para Jenia.
“Mãe, eu me decidi por ele. Não importa mais conhecer muitos homens-besta de agora em diante.”
Me despertei de meus pensamentos e olhei para Jenia.
“Bem. Então você pode voltar para ele depois de se cansar de conhecer tantos.”
“Voltar?”
“Bem, já estou ficando constrangida de rejeitar tantas cartas solicitando o noivado entre você e ele. Não estaria bem assim? Ele parece manso, para um leão.”
“Manso? Mãe, você o conhece? Ah, falando nisso… Esqueci de perguntar. Como é o seu nome?”
Jenia, com os olhos arregalados, sacudiu a mão de Heinz, que ela segurava. Sorrindo de modo radiante, ele respondeu com uma voz suave.
“Me chame como quiser. Afinal, você me recolheu.”
“Está tudo bem?”
“Sim, afinal, eu te pertenço agora.”
“Mãe, você está certa. Ele é manso, não é? Acho que qualquer um perceberia.”
Não é uma questão de perceber ou não, ele estava claramente fingindo. Julgando por Ahin, era claro que uma besta sorrindo mansamente era a coisa mais assustadora do mundo.
Fechei os olhos com força. Jenia não largava a mão do menino, a apertando com firmeza.
“Papai! Papai! Você está bem?”
Do outro lado, Ezer estava chorando e puxando a barra da calça de Ahin, que parecia estar à borda de um colapso e tinha coberto os olhos com as mãos.
Ele estava murmurando palavras incompreensíveis, mas entendi que queria que os dois soltassem as mãos o quanto antes. Eu não queria compreender nada além disso, no entanto.
‘Parece que Ahin vai cuidar desse problema.’
Tendo a sensação que uma grande confusão se aproximava, me afastei em segredo enquanto Ahin não prestava atenção. Assim que ganhei uma certa distância, comecei a ouvir gritos.
“De jeito nenhum! Jenny, você só tem seis anos!”
“Papai, ontem mesmo você disse que eu já era uma Coelha General crescida! Por acaso vai ser um mentiroso, que nem Evelyn? Te odeio, papai!
“Me… odeia…?”
Os criados, assistindo a discussão, pararam no lugar, esquecendo de seus afazeres. A cena na qual a besta implacável não conseguia controlar sua jovem filha parecia fascinante para eles.
De repente, um pássaro mensageiro passou por cima de minha cabeça e derrubou uma carta. Sorri sem alma ao ver o conteúdo.
[Cara Vivi, espero que o Heinz que eu enviei seja do agrado da Jovem Senhora e de Jenia. Nos encontraremos em breve para discutir os termos do noivado. – Reona Manionz.]
Como esperado, imaginei que, muito em breve Ahin, o Vovô e a Senhora Valence iriam se reunir para declarar guerra ao território dos leões.
“Ah…”
Parando para pensar, eu ainda não tinha ouvido a resposta de Ahin sobre porque ele acreditava que iríamos nos ver novamente. Olhei para trás por um momento, e então cobri as orelhas, com uma expressão cansada.
“Você, sai daqui! Não se aproxime de minha irmã…!”
“Ezer, não maltrate o meu leão! Ele é muito frágil.”
Era melhor eu me manter distante e esquecer a curiosidade do que me meter naquela confusão. Podia ouvir a resposta outra hora.
Fiz contato visual com Ahin enquanto me afastava ainda mais, sorrindo.
‘O que é isso na boca dele?’
Até agora eu não tinha percebido, mas parecia que ele tinha passado pela plantação de morangos de Quinn no caminho até aqui.
“Ash, vamos jantar agora?”
Ash, entendendo a palavra “jantar”, começou a correr como uma desesperada.
“Ezer!! Larga a minha perna!”
“Irmã, não faça isso! Se continuar, vou contar tudo para a vovó!!”
“Seu espertinho, sempre corre para a vovó quando está em desvantagem. O que importa é ter o poder em suas próprias mãos, me escutou?”
Deixando para trás o caos que crescia, sai dos jardins rapidamente. Já tinha escurecido, e as lamparinas iluminavam o caminho até a mansão.
A mansão Grace estava barulhenta hoje também, assim como seria para sempre no futuro.
Tradução: Nopa.
Revisão: Holic.
Geovane
Agora que acabou de vez o que eu faço da vida?