A Relação simbiótica entre uma lebre e uma pantera negra - Capítulo 169
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- Capítulo 169 - História Extra 2
Minhas mãos, que seguravam a pintura de Lorde Edith, começaram a tremer.
<Sim, até a próxima…>
Me lembrei do momento em que acenei com as patas dianteiras, pensando nessa resposta que não pude falar em voz alta.
“Guerreira, está chorando? É porque esse homem é mais bonito que o Lorde Ahin?”
“Não chore! Estávamos enganados. No fim das contas, o Lorde Ahin que era o mais bonito…”
As vozes das crianças preocupadas me trouxeram de volta à realidade.
“Ah…. Não, eu não estou chorando…”
Envergonhada, limpei os olhos com as costas da mão, mas foi inútil. As lágrimas voltaram a fluir e molharam a pintura.
“Senhorita Coelha, o que houve? Respire fundo…”
Lile, dando tapinhas em minhas costas com a mão trêmula, parou de falar. Mesmo sem ver, eu sabia que ele estava chorando junto, como era de sua natureza fazer, toda vez que via alguém chorar.
“Lile… Onde está Ahin ahora?”
Após devolver o retrato aos meninos, perguntei apressadamente.
“Bem, o Lorde…”
Lile, fazendo uma pausa para limpar as lágrimas com a manga da camisa, me olhou sem expressão.
“Quero ver Ahin… Não, preciso vê-lo agora.”
“Bem, o Lorde voltou de uma saída de carruagem comigo há pouco tempo, então deve estar no gabinete dele ou no campo de treinamento agora.”
“Obrigada!”
“Senhorita Coelha! Cuidado para não cair!!”
Correndo e deixando para trás os gritos de Lile, fui direto para o campo de treinamento. Minhas mãos, segurando a barra do vestido, estavam brancas. Enquanto corria sem parar, uma conversa que eu tinha tido com Ahin há muito tempo passou por minha mente.
“De alguma maneira, eu sinto que conheci outro homem-besta pantera negra, antes de conhecer Ahin.”
“Eu não fui o primeiro, então?”
“Talvez?”
Eu tinha respondido rindo. Ahin tinha perguntado, sorrindo suavemente.
“E qual era o nome desse pantera? Ou a aparência dele?”
“Bem… Não consigo me lembrar direito…”
“Pense bem. Até mesmo com uma pequena pista já será possível encontrá-lo.”
Eu quase tinha me distraído pelos sussurros que faziam cócegas em minhas orelhas, mas então retrocedi, ficando alerta.
“Encontrá-lo? E se você o encontrar, o que vai fazer com ele?”
O sorriso gentil no rosto de Ahin desapareceu devagar.
“Vou me livrar dele.”
“Ai, meu Deus…”
A imagem desapareceu da minha mente, após eu ter feito a nota mental de não fazer brincadeiras com essa besta louca outra vez.
O primeiro homem-besta pantera negra que eu tinha conhecido…
‘Talvez, talvez…’
Pensei que era muito improvável, mas meus olhos tinham uma faísca de esperança.
“E depois que eu abri a porta para uma outra pessoa, pela primeira vez na vida.”
Não importa o quanto eu pensasse, só havia uma criança no mundo que diria algo assim.
´Será…’
Por que a mansão tinha que ser tão grande? Me ressenti deste fato enquanto corria. Então, tropecei. Ralei as pernas no chão, mas nem tive tempo de me curar usando os feromônios.
Sem nem perceber que tinha caído, me ergui e continuei a correr logo depois. Quanto mais perto eu chegava do campo de treinamento, mais rápido ficavam meus passos.
<Já vão embora? Esperem…>
Queria vê-lo agora mesmo. Para confirmar. Logo, a silhueta de Ahin surgiu em meu campo de visão. Continuei correndo, com o cabelo voando ao meu redor, sem fôlego.
Como se tivesse acabado de chegar, ele estava se aquecendo e alongando os ombros quando me viu.
“…Vivi?”
Meus passos gradualmente desaceleraram. Então, parei e olhei para ele sem expressão, com meu cabelo voando com o vento. Senti que o tempo tinha parado. O cabelo prateado familiar estava tingido pelo tom vermelho do pôr-so-sol, igualzinho àquele dia no passado.
“Até a próxima…”
O cabelo do menino, sendo soprado pela brisa, era de um prateado deslumbrante.
“Vivi!!”
Os olhos de Ahin se arregalaram quando me viu cambalear. Ele correu para apoiar meu corpo e me segurou pela cintura, no exato momento em que perdi a força nas pernas.
“O que houve? Parece que você viu um fantasma…”
Enquanto falava isso, Ahin me escondeu atrás dele e colocou a mão na espada. Parecia que ele tinha entendido errado e pensou que eu estava sendo perseguida por alguém.
“Não é nada disso…”
Neguei com a cabeça, tentando sair de trás de Ahin, mas ele teimosamente voltou a me empurrar, enterrando meu rosto em suas costas largas.
Senti dor quando minha testa golpeou os músculos duros. Passavam os anos, mas não havia nenhum sinal de que os músculos dele iriam se amaciar.
“Eu não estou sendo perseguida!”
Apesar de meu grito desesperado, Ahin só girou após se convencer de que não tinha ninguém mais ali.
“Então, por que suas pernas estão desse jeito?”
Ele me examinou, com olhos assustadores como eu nunca tinha visto antes.
‘Como assim…?’
Só então percebi que minhas pernas sangravam, da queda de antes. Os arranhões ardiam. Depois de ver isso, agarrei o braço de Ahin rapidamente.
“Isso não é nada. Ahin, quero falar de algo muito mais importante.”
“Primeiro, cure seus machucados, sim?”
A atenção dele não saia do ferimento.
“Vivi…”
“Está bem.”
Quando percebi que a conversa seria impossível, usei os feromônios curativos. Os machucados sumiram sem deixar rastros, como se fossem um castelo de areia levado pelas ondas.
Depois de checar que eu não estava ferida em nenhuma outra parte, Ahin soltou um suspiro de alívio e me encarou. Os olhos vermelhos focados em mim estavam preocupados.
“O que houve? Você tinha prometido não correr na forma humana como fazia na forma de coelha.”
Franzindo a testa, ele esticou a mão e puxou minhas bochechas. Eu me lembrei do passado, no Qatar, quando, mesmo com as patas feridas, eu não tinha parado de correr.
“Eu queria ver Ahin o quanto antes.”
“Queria me ver?”
“Sim.”
Eu agarrei o pulso dele e o sacudi com urgência.
“Correu desse jeito porque queria me ver?”
“Sim.”
“Até chegar ao ponto de cair?”
“Chega. Quantas vezes mais vai me perguntar isso?”
“…É porque isso é mais emocionante do que eu tinha imaginado. Não diga que é mentira.”
Uma coelha precavida, que valoriza a própria vida acima de todo o resto, não faria isso. Ahin, murmurando, deu um passo para trás e me olhou com olhos inquisidores. Pisei no chão, frustrada.
“Não é mentira!”
“Então você deve querer algo… É que eu me ajoelhe aos seus pés?”
“Isso é o que você quer.”
“É verdade.”
Ele riu e me agarrou pela cintura, me erguendo no car. Meus pés voltaram a tocar o chão e me estremeci. Olhei para Ahin, com cautela. Assim que o vi, me senti nervosa.
E se o menino que conheci naquele dia não fosse Ahin? Eu tinha altas expectativas e, se fosse decepcionada, teria trazido tudo por minha própria conta.
Lambi meus lábios secos, e falei devagar.
“Quero te perguntar uma coisa…”
Uma voz nervosa ressou.
“Talvez… Você chegou a ir ao território das lebres com algum adulto, quando era pequeno?”
Ahin piscou, curioso ante à pergunta inesperada.
“Pode ser…? Por que, do nada?”
“Me responda.”
Enquanto eu falava, apressando-o, apertei os punhos. Suor escorria de minhas palmas.
“Eu devo ter ido algumas vezes com meu pai, quando era muito jovem.”
“Quando? Quantos anos você tinha?”
Ahin, me olhando com suspeitas, pois eu estava estranhamente nervosa, continuou.
“Acho que uns 4 ou 5 anos de idade. Meu pai era amigo do Líder Amon. Mas por que você pergunta do território das lebres, de repente…?”
Ele parou a frase no meio e fechou a cara. Era uma expressão difícil de entender que eu via com frequência. Ahin, me soltando, colocou a mão no queixo, como se estivesse tentando lembrar de algo. Ele parecia ter entendido a razão da minha pergunta.
No silêncio, os segundos pareciam passar como horas. Eu mal conseguia lembrar do rosto sorridente do menino, acendendo com a mão, como se fosse uma pintura se dissolvendo na água.
“Tchau…”
Só o formato de sua boca, falando timidamente, era claro.
“Tchau…”
Quanto mais eu pensava nisso, mais essa situação se mesclava com o meu passado, quando eu tinha que me despedir de muitas coisas que não queria. E o acenar…
Quando Ahin me viu na forma humana pela primeira vez no Qatar. Quando nos voltamos a encontrar na cama dele depois da longa separação.
O cumprimento que eu tinha feito em ambas situações, acenando com a mão, talvez fosse algo que eu tinha guardado inconscientemente no meu coração.
“…Entendi.”
Ahin, me olhando, falou depois de um longo tempo.
“Foi por isso que meu pai comprou uma boneca de coelho para mim. Era você.”
Assim que obtive a confirmação, minhas pernas perderam a força e caí sentada na grama. As lágrimas deixaram minha visão turva.
Só agora eu entendi o choque que eu senti quando vi Ezer ao se humanizar pela primeira vez. Era porque ele era igualzinho ao Ahin daquele dia.
“Mas como… Como isso pode ser?”
Como era possível só perceber o reencontro depois de tanto tempo? Por ter perdido o momento importante e comovente, soquei o chão, triste. Ahin se ajoelhou e limpou meus olhos com dedo indicador.
“Se eu estiver certo, levante a pata traseira.”
Essa besta louca. Que pata traseira, agora? Enquanto pensava isso, percebi que não estava em condições de falar, então mexi o pé.
Ahin, vendo este movimento, girou para o outro lado rapidamente, tapando a boca com as costas da mão. Os ombros dele tremiam ligeiramente.
“Não ria de mim! Está rindo?”
Me sentindo ainda mais envergonhada, joguei grama em Ahin. A grama verde flutuou até cair nos cabelos prateados.
Mesmo que tivéssemos tido um encontro destinado quando éramos pequenos, mas e daí? Não era nada além de uma bela lembrança, mas inútil a essa altura.
“Por que você não me reconheceu na mesma hora?”
Engolindo em seco, agarrei o colarinho de Ahin e deixei sair a real razão de meu ressentimento.
“Como pôde me esquecer? Quando me recolheu, você até mesmo tentou me colocar na boca… E dizia todos os dias que queria coelho grelhado…!”
Ahin, agarrado, foi sacudido por mim. Voltei a chorar e ele me fez me levantar. Seus lábios tocaram minhas pálpebras e se afastaram.
“Me perdoe. Eu devia estar louco.”
Fingindo ser louco quando era louco de verdade. Ahin, me abraçando, e limpando as lágrimas com a manga, falou com uma voz pesada.
“Eu devia ter te sequestrado naquele dia mesmo e te levado para casa.”
“…Como?”
“Foi uma ideia que eu tive.”
Nem adiantava responder. Tive um calafrio estranho e fiquei parada. Apesar de ser um momento comovente, o clima ao redor de Ahin era estranho.
“….?”
Enquanto tentava sair de seu abraço, Ahin me apertou com mais força.
“Ahin, me deixe olhar o seu rosto.”
“Não, porque não consigo controlar minha expressão nesse momento.”
“E como ela está?”
“Não muito bonita.”
A voz que respondeu era mais gélida que um dia de inverno. Chocada, fiquei boquiaberta. Eu estava chorando de emoção, e Ahin parecia estar queimando de ódio.
Era óbvio que ele estava lamentando não ter me afastado da família Labian naquele momento. Eu nem sabia por onde começar a corrigir essa ideia.
Respirando fundo, enterrei a testa nos braços de Ahin.
E daí se nossos sentimentos quanto a esse encontro no passado eram diferentes? Dei tapinhas nas costas da besta, o que normalmente funciona para acalmar alguém que está chorando. Um pouco cansada, falei com uma voz baixa.
“Ahin, posso perguntar mais uma coisa?”
“Sim, o que for.”
“Naquele dia, você me falou “Até a próxima”. Me pergunto o porquê disso…”
Tak tak tak.
“Mamãe!!”
Minhas palavras foram cortadas por uma confusão repentina. Ezer, correndo para meu lado do nada, caiu de joelhos. Lágrimas corriam por suas bochechas roliças.
Tradução: Nopa.
Revisão: Holic.
Geovane
Sim, que reine o caus ahahahhahahah