A Relação simbiótica entre uma lebre e uma pantera negra - Capítulo 165
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- Capítulo 165 - História Extra 2
Os homens-besta tinham um processo pelo qual precisavam passar para se humanizar. Quando nasciam, vinham na forma humana, mas pouco depois mudavam para sua forma animal.
Se fosse um homem-besta lebre, viraria um coelho bebê, e se fosse um homem-besta pantera negra, um bebê pantera.
Depois disso, aproximadamente aos três anos de idade, era comum ter uma febre alta, que resultava na humanização definitiva, com a transformação da forma animal em humana, por completo.
Ahin, de pé na frente dos dois filhos, cujo processo já tinha começado, andava de um lado para o outro, nervoso.
Em seus respectivos berços, uma coelha e um pantera negra bebês gemiam de dor. Apesar de serem gêmeos, não era comum que a humanização definitiva de irmãos acontecesse exatamente ao mesmo tempo.
Felizmente, os gêmeos tinham completado três anos há pouco tempo, então sua humanização não tinha sido atrasada.
“Recebi um relato que minha nora foi dormir faz pouco tempo, então por que diabos mandaram me chamar, agora?!”
Lillian e Valence entraram no quarto, desarrumados por terem saído de suas camas. Do lado de fora da janela, Quinn bicava o vidro, querendo entrar para ver o que acontecia.
Valence, que só tinha tido tempo de jogar um xale sobre a camisola, se aproximou de um dos berços.
“Que bom que eles estão passando por isso nessa idade. Ainda bem…”
O corpo da coelha bebê, que parecia um pequeno algodão branco, subia e descia com cada respiração pesada. A gêmea mais velha, uma coelha bebê, que tanto se parecia com Vivi, fez com que ela se lembrasse da Vivi ferida e correndo risco de vida, no passado.
Valence, pensando que não tinha razão para se preocupar dessa vez, olhou para a porta e perguntou a Ahin.
“Bebê… Não, quer dizer, Vivi está bem?”
“A febre dela não passou completamente, mas vou ficar indo e voltando para checar.”
Era um processo pelo qual todos os homens-besta passavam, então porque eles estavam tão nervosos?
Valence e Ahin, que se sentiam do mesmo modo, se entreolharam. Parecia que a noite seria muito longa.
***
A manhã era clara e o céu estava azul. Valence, que tinha perseverado até então, estava cochilando, com a cabeça pendendo. Ahin, o único sobrevivente, encarava os berços com os olhos vidrados. Sem tirar os olhos deles, ele perguntou à médica, Ronna.
“E Vivi?”
“Ainda está dormindo. Felizmente, a febre baixou, então ela só precisa repousar.”
Ahin, suspirando de alívio, apertou o punho com tanta força que seu o sangue parou de correr. Foi porque um dos berços, o que continha a coelha bebê, começou a brilhar.
“Lorde Ahin….?”
Evelyn, acordando, deu um salto. Com um gesto de Ahin, a médica preparou um lençol azul escuro para cobrir a criança.
Ahin e Evelyn não se aproximaram. Em vez disso, tentaram controlar seus corações disparados. Parecia que tinham corrido uma maratona.
A luz tomou todo o quarto, como que para anunciar sua existência. Foi possível ver sinais de mãos, pés e cabelo dentro da bola de luz. Depois de um tempo, ela desapareceu, revelando uma garotinha humana.
“Parabéns por se humanizar, minha querida.”
A médica se aproximou e enrolou o cobertor no corpo exposto da menina, que já começava a tremer de frio.
Ahin e Evelyn continuaram petrificados, sem mostrar reação. A menina tinha o cabelo prateado de Ahin e os olhos lilás claros de Vivi, e sua aparência, doce como a de Vivi, ficaram gravadas nas retinas de Ahin, como se fosse uma pintura.
Até mesmo sua pele era tão clara como a de Vivi.
“…Evelyn.”
Depois de um longo tempo, Ahin abriu a boca, ainda com os olhos vidrados. Sua voz tremia, e ele parecia possuído.
“Estou com uma vontade incontrolável de socar a parede, de tanta felicidade. Isso é loucura?”
“Eu sou perfeitamente são, meu Lorde, e também sinto uma certa vontade de quebrar uma ou duas paredes neste momento.”
Quando dois loucos tentam diagnosticar um ao outro, era impossível conseguir resultados corretos.
A garotinha olhou sem expressão para os dois homens, que estavam parados como estátuas patéticas, e falou.
“Papai?”
Ahin sentiu uma tontura ao ouvir isso, e massageou as têmporas. Era tão adorável que ele sentiu vontade de arrancar os próprios olhos.
“Evelyn, você ouviu isso? Deste momento em diante, meu nome é Papai.”
“Está anotado, meu Lorde.”
A menina, ignorando-os, segurou as bordas do cobertor e começou a ficar de pé pela primeira vez. Ela era surpreendentemente hábil em sua fala e coordenação motora para uma criança recém-humanizada.
Após conseguir se levantar, ela declarou, com uma expressão solene.
“Quando eu era uma coelha, tinha algo que eu queria muito dizer. Mas não podia, porque não conseguia falar.”
“Pode me dizer, filha.”
Ela estava dando sua opinião no segundo em que tinha se humanizado. Pensando que ninguém teria dúvida de quem ela era filha, Ahin assentiu, encarando a menina extraordinária.
Graças ao incentivo, ela pisou com força no colchão do berço, e reclamou.
“Vocês não me deram um nome.”
“…Ah, certo.”
Ahin se lembrou do grande problema, só então. De fato, eles não tinham decidido nomes para os gêmeos até agora, mesmo após terem se passado três anos desde o nascimento e de eles terem se humanizado.
Eles discutiam essa questão todos os meses, mas as várias opiniões dificultavam a decisão. Já que os gêmeos eram os herdeiros da família Grace, o conselho de anciões interviu, dizendo que era preciso prestar atenção em cada detalhe, e que eles queriam opinar.
Eles finalmente conseguiram reduzir a lista até terem apenas duas opções de nomes para cada criança, mas, sem fazer a escolha final, os dois eram apenas chamados de “bebês” até esse momento.
“Isso foi porque…”
Ahin, hesitando, mordeu os lábios. Jenia Grace ou Anri Grace. Era impossível para ele escolher o nome da filha sem consultar Vivi. Enquanto ele pensava no que dizer, a menina interviu.
“Eu pensei muito enquanto escutava você discutir com a mamãe, mas eu gosto de Jenia.”
“…Como?”
“Quero me chamar Jenia.”
Enquanto Ahin estava estupefato, Evelyn esfregou os olhos. A garotinha parecia uma cópia de Vivi com os cabelos prateados, mas sua personalidade era igual a de Ahin.
Sem conseguir acreditar, Ahin murmurou para que a filha, que tinha acabado de se tornar Jenia, não pudesse ouvir.
“…É a primeira vez que vejo uma criança tão extraordinária ao ponto de dar um nome a si mesma.”
“Para mim também.”
Os dois, ainda petrificados, encararam Jenia. Enquanto isso, ela se moveu, escalando para fora de seu berço e caminhando até o berço do lado, onde estava seu irmão, na forma de pantera negra bebê.
“Por que está demorando tanto? Ei, Ezer, se apresse. Papai e Eburing estão esperando.”
Jenia, chamando o irmão mais novo de Ezer com naturalidade, sacudiu as grades do berço com força. Entre as opções para nome do segundo filho estavam Kanda Grace e Ezer Grace, e Jenia parecia ter escolhido a segunda opção.
Ahin, com sentimentos indescritíveis, falou com dificuldade.
“Evelyn, parece que o nome do segundo filho também foi decidido.”
“Pessoalmente, também prefiro Ezer. E, senhorita, meu nome é Evelyn, não Eburing.”
Jenia, parando de sacudir o berço, caminhou até o canto esquerdo do quarto. Seus pequenos pés pararam na frente de duas panteras negras, que a olhavam.
“Shu, Bion.”
Enquanto isso, Shu e Bion estavam muito confusos. Depois que a lebre que era sua chefe, Vivi, tinha desaparecido dentro de um quarto, uma pequena Vivi tinha surgido de algum lugar. Ela também cheirava de um modo muito parecido a Vivi.
Julgando pelo que tinham acabado de ver, os outros subordinados de Vivi, Ahin e Evelyn, estavam imobilizados, o que deixava claro que ela era uma pessoa forte, mas eles não tinham certeza se deveriam obedecê-la ou não.
Era difícil pedir uma opinião porque Barra, que sempre ensinava muitas coisas aos dois, estava servindo a Vivi naquele momento.
Shu, que era a mais orgulhosa dos dois, ergueu o queixo com arrogância.
<Olha aqui, a única pessoa mais forte que nós dois é Vivi.>
Entendendo o movimento da irmã mais velha, Bion também fez o mesmo, rosnando baixinho.
“Hein?”
Jenia ergueu uma sobrancelha, vendo as panteras negras rugirem para ela. As emoções que podiam ser lidas nos olhos lilás claro eram de pura arrogância.
“Sentem.”
Shu e Bion colocaram os traseiros no chão imediatamente, contra suas vontades.
“De pé.”
Mais uma vez, mesmo sem querer, eles se viram obedecendo.
“Deitem. De pé. Deitem. De pé.”
Shu e Bion repetiram os comandos. Eles grunhiam e tentaram desobedecer, mas seus corpos não escutavam.
Ahin, assistindo a cena com um sorriso, murmurou.
“Feromônios de dominação…”
Era óbvio que Jenia estava usando os poderes dos feromônios de Ahin. Uma menina de três anos de idade, recém humanizada. Ela reagiu instintivamente aos seus poderes e aprendeu a controlar os feromônios sozinha, com perfeição.
Sua expressão também era arrogante e confiante.
“É como ver a infância de Ahin outra vez.”
“Como ela pode ser tão igual ao pai? Ahin costumava fazer isso comigo, seu próprio avô, também.”
Valence e Lillian, que tinham acabado de acordar, estavam assistindo o que Jenia fazia. Após ouvir isso, Ahin entendeu porque se sentia conflitado.
Vivi tinha rezado dizendo “por favor, faça com que a criança seja como eu. Não quero um outro Ahin neste mundo…” Mesmo quando sua barriga já estava enorme, Vivi repetia isso todas as noites.
No fim, ela tinha a aparência de Vivi, mas a personalidade de Ahin. Ele já podia escutar as lamentações de Vivi em sua cabeça.
“Sentem, de pé. Sentem, de pé.”
Os comandos ressoaram no quarto, onde os adultos apenas ficaram sentados, em choque.
***
Uma cálida brisa de primavera envolveu a mansão Grace.
Desde que os gêmeos tinham se humanizado, o escritório de Ahin estava sempre cheio de visitantes. Os gêmeos, claro, e Lillian, Valence e Quinn, que tinha obtido o novo cargo de babá.
O ponto de encontro deles sempre era o gabinete de Ahin. Não porque gostassem dele, mas porque não queriam atrapalhar o trabalho de Vivi, entrando no gabinete dela sem uma boa razão.
O segundo filho, agora com seis anos de idade, estava mexendo no cabelo azul claro de Quinn enquanto ele se sentava no sofá. Os pequenos dedos passavam pelas mechas finas.
“Tio, você ficou bonito, olha.”
Falando isso timidamente, Ezer puxou um espelho de mão. A imagem refletida de Quinn tinha maria-chiquinhas adoráveis que não combinavam com seu olhar afiado. Ele parecia furioso com esse penteado criado pelos pequenos dedos.
“Pffft.”
Quinn reagiu rapidamente à voz que ressoou e girou o pescoço. Como esperado, Ahin estava com a cabeça pressionada contra a própria mesa, e a mão que segurava a caneta temia.
Quando o mesmo tinha acontecido com ele, na noite anterior, ele tinha ficado horrorizado, mas agora que estava acontecendo com outra pessoa, ele parecia muito feliz.
Tradução: Nopa.
Revisão: Holic.
Vanny
Sabia que ia ser assim, to feliz
Lucien
Amei a menina kkkkkkkkkk