A Relação simbiótica entre uma lebre e uma pantera negra - Capítulo 163
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- Capítulo 163 - História Extra 2
“Preciso de água, alguém me dê água…”
Ahin, que de repente sentiu que sua garganta queimava, foi procurar uma jarra e bateu com tudo em um pilar na enfermaria, perdendo o equilíbrio. Então, ele caiu de cara no chão.
Apesar de esse tipo de erro ser raro para ele, ninguém comentou nada. Foi porque se Ahin não tivesse caído primeiro, poderiam ter sido eles próprios no chão.
“Está bem, meu Lorde?”
Meimi, a única pessoa a manter a compostura em toda a enfermaria, se aproximou de Ahin. Ela sacou um lenço branco do bolso de seu avental.
“Lorde Ahin, sua testa está ferida.”
“Ah…”
“E seu nariz está sangrando.”
Tuk, tuk. Gotas de sangue mancharam o paletó cinza que ele usava. Seu cabelo prateado estava tão bagunçado como seus sentimentos.
“Gravidez…”
Então, ele se lembrou que, na noite anterior, Vivi estava tocando a barriga e olhando para ele, como se quisesse dizer algo. Ele despenteou os cabelos, cobrindo a testa ferida.
“…Estamos na enfermaria. Eu sou o paciente?”
“Não, a paciente é a Jovem Senhora Vivi. Mas, Lorde Ahin, é uma boa ideia tratar sua testa e nariz.”
Enquanto ele aceitava o lenço de Meimi, Lillian começou a gritar de felicidade, esquecendo de sua dignidade. Essa confusão foi uma pequena amostra do que viria no futuro.
***
Cedic Evelyn, deixando a enfermaria discretamente, refletiu sobre o que tinha acabado de presenciar.
Ele tinha confirmado a informação de que a coelha tinha toda a família Grace nas palmas das mãos. Até então, não havia nada de especial.
Mas o espetáculo se iniciou quando Vivi, o centro do alvoroço, despertou, abrindo os olhos devagar.
“Minha nora, por que você tem que sofrer dessa maneira? Como vai suportar dez meses carregando essa criança quando é tão magra que seus pulsos parecem gravetos?”
Assim que Lillian viu os olhos lilás claros enevoados, começou a chorar. Ele alternava entre rir de felicidade por ter um bisneto e chorar de preocupação por Vivi. Seu rosto, chorando e rindo ao mesmo tempo, era bizarro.
Valence parecia ter mantido a compostura, mas, se alguém olhasse de perto, veria que não era assim. Ela não parava de olhar Vivi e acariciar sua mão gentilmente, murmurando a palavra “bebê…” de novo e de novo.
“Vovô, por que está chorando?”
Vivi, sentando-se na cama, estremeceu. Foi porque ela viu Ahin com a testa e nariz ensanguentados.
“A-Ahin…. Por que sua cara está cheia de sangue?”
Assim que ouviu seu nome sair dos lábios dela, Ahin abraçou Vivi suavemente. Ela ficou totalmente oculta nos braços dele.
Vivi começou a murmurar repreensões, enquanto lançava feromônios curativos no rosto de Ahin, mas Cedric Evelyn foi o único que escutou as palavras dela.
Se lembrando de como os ombros de Vivi tinham ficado encharcados pelas lágrimas de Ahin, Cedric Evelyn riu. O Ahin que ele conhecia era um homem que não piscava um olho ainda que fosse atingido por uma flecha ou tivesse as costelas quebradas durante uma guerra.
“Quando se vive por muito tempo, se vê de tudo…”
“Isso foi o normal.”
Evelyn, que tinha saído da enfermaria seguindo o pai, falou calmamente sobre a situação da família Grace.
“Bem, preciso voltar para a nossa mansão e preparar um presente apropriado para felicitar o futuro futuro líder do clã das panteras negras.”
“Boa viagem, pai.”
“Seu pai vai embora, e nem mesmo me acompanhará até a carruagem?”
“A Jovem Senhora Vivi irá me procurar em breve. Sei que ela não pode ficar muito tempo longe deste Evelyn. Então, até a próxima.”
Ele andou de volta para a enfermaria após esse cumprimento seco, parecendo apressado. Sozinho, Cedric Evelyn ficou observando as costas de seu filho mais jovem, que se afastava.
“Haa… Quem pensaria que ele poderia agir desse jeito. E isso é “o normal”…”
No fim, ele voltou para casa sem ver a resolução da confusão. Quando o bebê nascesse, as estruturas de poder no clã iriam mudar.
No fim, depois de receber os parabéns de todos, Vivi não procurou Evelyn até a hora de enviar Ash para dormir no quarto dele, tarde da noite.
***
Em um campo cheio de neve, o vento frio rugia, cortando a pele como uma navalha. Apesar de existir uma trilha, o grupo avançava pela parte inexplorada da montanha, e um deles se refugiou do vento atrás de uma grande pedra.
Soltando o hálito nas mãos para aquecê-las, Evelyn acenou para os cavaleiros, que estavam parados e confusos.
“Ei, venham se esconder comigo. O Lorde Ahin não falou especificamente que não deviam atrapalhá-lo?”
Mesmo que eles usassem a espada, acabariam sendo um obstáculo para o Lorde.
“Mas, Senhor Evelyn… Ainda assim…”
“Grrrraaaa!”
Com um grito que abalou o campo nevado, os cavaleiros se juntaram atrás da pedra. Evelyn encarou o monstro que rugia, com uma expressão cansada. Toda vez que a besta dava um passo, o chão tremia.
Era uma quimera, com quatro vezes o tamanho de Ahin. Ela atacava com suas três cabeças, de leão, bode e dragão. Assistindo tudo, Evelyn se perguntou o porquê de uma mera viagem de volta para casa após uma visita a um território aliado ter terminado assim quando Ahin decidiu fazer um desvio para escalar a montanha nevada, apesar de saber que o local era infestado de quimeras.
Evelyn deduziu a resposta quando viu a espada de Ahin cortar a cabeça de dragão do monstro. A cabeça de leão era usada com fins medicinais para a vitalidade masculina. A de bode, para rejuvenescer idosos. E a cabeça de dragão era boa para dar energia a mulheres grávidas, tendo um efeito maior se fosse fresca.
No fim, o corpo da quimera ficou jogado no chão. O sangue azul escuro rapidamente manchou a neve.
“Como esperado de meu Lorde. É capaz de derrotar uma quimera sozinho, mesmo quando seus cavaleiros o abandonam covardemente e se escondem desse jeito.”
Evelyn, saindo do esconderijo na velocidade da luz, colocou a mão sobre o peito. Os cavaleiros, abandonados, se tornaram traidores se escondendo sozinhos atrás de uma pedra.
“Acha que eu preciso trocar de roupa antes de ver Vivi?”
Ahin, puxando a espada empalada do corpo da quimera, arrastou a cabeça de dragão pelo campo nevado.
Evelyn observou as roupas de Ahin, que não tinham uma única gota de sangue, mesmo após derrotar a besta, e pensou que o monstro ali não era a quimera, e sim o pantera negra na sua frente.
“Não é necessário. A única pessoa capaz de me fazer ajoelhar é o Lorde monstro, ah, não, o Lorde Ahin.”
“Tenho certeza que escutei você dizer a Vivi que, se ela quisesse, se ajoelharia para ela. Você tem quatro joelhos?”
“Sim, meu Lorde.”
Ignorando o puxa-saco com quatro joelhos, Ahin entregou a cabeça de dragão para os cavaleiros. Enquanto observava os homens lutarem para carregarem a cabeça decepada, Evelyn murmurou.
“Lorde Ahin.”
“Sim?”
“Não importa o quão boa seja uma cabeça de quimera para a saúde de uma mulher grávida, o senhor acha que a Jovem Senhora Vivi iria comer isso?”
Deixando de lado o ato de comer, seria sorte se ela não desmaiasse ao vê-la. Ahin franziu a testa ao perceber o problema tarde demais.
Ele perceberia isso se pensasse por poucos segundos antes de ir matar a quimera, mas não o fez. Depois de pensar, Ahin olhou para Evelyn, sem expressão.
“Evelyn, o que eu faço agora?”
‘Como eu vou saber, seu louco?’
Evelyn engoliu a resposta vulgar que queimou sua garganta. Descendo a montanha nevada, com Ahin, os cavaleiros e a cabeça decepada, Evelyn encarou a neve.
Fazia um mês desde a comoção na enfermaria. Desde então, todos os pensamentos de Ahin começavam em Vivi e terminavam em Vivi.
Em outras palavras, era como se ele fosse um paciente em estado crítico com a doença da coelha, e isso dominava tudo que ele fazia.
***
Num dia de inverno com temperaturas amenas, a luz do sol brilhava no gabinete de Ahin. Passarinhos cantavam, preenchendo o silêncio do local.
Vivi, que estava cochilando no colo de Ahin, abriu os olhos.
Tic, toc.
O relógio sobre a mesa indicava que era exatamente uma da tarde. Era o horário em que ela estava liberada para se afastar de Ahin.
“Chegou a hora prometida. Vou indo…”
“Ah, é meio-dia?”
Ahin, abraçando Vivi com o braço esquerdo, puxou o relógio com a outra mão, forçando o ponteiro das horas a girar de volta para as 12.
Vivi, chocada, olhou para o homem que tinha trapaceado sem nenhuma vergonha.
“Por que eu tenho que ficar aqui enquanto você trabalha?”
“Se eu não puder te ver, fico ansioso, e preciso trabalhar. E, já que eu peguei a sua metade da papelada também, você está livre, de qualquer modo.”
“Mas eu falei que faria minha parte.”
“Não lembra que a doutora falou para não se esforçar demais?”
Quando mais ela falava, mais Ahin respondia, e Vivi mordeu os lábios. Essa vida de ficar cochilando por mais de duas horas por dia no colo de Ahin, depois que ele mandava todos os seus ajudantes e criados para fora, já estava durando duas semanas.
O fato de que a eficiência dele no trabalho tinha aumentado era surpreendente. Outra coisa surpreendente é que Ahin começou a ter enjoos matinais, enquanto que Vivi, que era a grávida, não teve nada. Vendo ele empalidecer e cobrir a boca toda a hora, ela pensou que ele era uma besta difícil de explicar.
Ela não podia afastar Ahin, que parecia muito preocupado com ela. Pensando que não conseguia ser tão fria assim, ela suspirou e enterrou a cabeça no peito de Ahin.
“…Só uma hora mais.”
“Ótimo.”
A boca de Ahin, que estava apertada, se curvou em um sorriso. Ele beijou a bochecha de Vivi e agarrou a caneta outra vez.
Naquela tarde ensolarada, a presença de Vivi em seus braços o deixava muito tranquilo. Ele se perguntou o que tinha na cabeça quando, no passado, pensou que se o coelho bebê que trouxe para casa fosse uma pessoa, o mataria. Como tinha ousado ter tais ideias…
Ahin, querendo matar seu eu do passado, olhou para Vivi, que estava cochilando outra vez. Sua cabeça pendeu e bateu no peito dele com força.
“Ai…”
“Se feriu?”
Ahin reagiu rapidamente, tocando a testa dela. Era porque o corpo dele era desnecessariamente firme. Por que os homens-besta herbívoros eram tão fracos comparados com predadores, que conseguiam dobrar colheres sem nenhum esforço?
Antes, ele estava muito satisfeito com a pele delicada de Vivi, que ficava marcada com facilidade, mas, agora, tudo isso eram fatores que geravam ansiedade.
Impaciente, Ahin perguntou.
“Vivi, por que você nasceu no clã das lebres? Você tinha que ser uma coelha?”
“Do que está falando, do nada? Eu vou embora.”
“Não machuque meu coração delicado com essas ameaças.”
O que essa besta arrogante estava tentando dizer?
Vivi, tendo perdido o sono, tapou a boca de Ahin com as mãos. Era para encerrar essa conversa, que parecia que levaria a mais alguma situação absurda.
Tradução: Nopa.
Revisão: Holic.
Vanny
São em capítulos assim que eu queria ver a interação dele do passado com o ele atual
Lucien
Mano, terceira obra q eu vejo q o marido tem enjos matinais tbm kkkk
Isso tá ficando bem comum, acho q deve ser real isso então