A Relação simbiótica entre uma lebre e uma pantera negra - Capítulo 161
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- Capítulo 161 - História Extra 2
O casamento mais luxuoso que todos tinham visto aconteceu num dia de primavera e foi assunto de conversas no território das panteras negras por meses.
Quando o interesse das pessoas pelo assunto começou a diminuir, as estações já tinham mudado duas vezes, e a mansão Grace estava coberta pelas folhas de outono.
O sol estava se pondo enquanto eu andava silenciosamente pelos corredores. Me escondi atrás de uma esquina e coloquei a cabeça para fora.
“Não tem ninguém por aqui, certo…?”
A maioria dos criados estava limpando as janelas da mansão pelo lado de fora, e o corredor estava deserto.
Olhando adiante, com cautela, girei para encarar as duas panteras negras nos meus calcanhares. Consegui me livrar de Meimi e Alan com uma desculpa esfarrapada, mas Ash e Barra tinham me seguido.
“Vocês precisam mesmo vir comigo?”
Ash, sem entender nada, fez a saudação de “sentido!” com a pata dianteira. Barra apenas me olhou. Os olhos de ambos estavam grudados na bolsa de carne-seca que eu trazia nas mãos.
Oops. Percebendo que a tinha trazido comigo sem notar, observei a bolsa. Meimi, que tinha observado que eu estava comendo muita carne-seca esses dias, tinha feito ela para mim.
“…É estranho, mas esses dias tenho sentido muita fome.”
Será que era pelo outono, como uma preparação para hibernar no inverno? Pensando nessas bobagens, me lembrei de meu objetivo original e bati na porta da enfermaria da mansão.
“Pode entrar.”
Assim que abri a porta devagar e Ash entendeu a permissão, correu para dentro, rápida como um raio. Enquanto eu me perguntava o porquê disso, ouvi a voz alegre de uma mulher de meia idade ressoar.
“Ah, é Ash. Mas que pena, hoje eu não tenho petiscos para você. O que eu faço agora…”
“Céus, Ronna. Você tem dado petiscos escondida para Ash?”
“J-Jovem Senhora Vivi!!”
Minha médica, Ronna, deu um salto para trás ao perceber que eu estava ali. Então, quer dizer que Ash estava ganhando lanches em segredo…. Me sentindo traída, coloquei as mãos na cintura. Não importa o quanto eu cuidasse para que a dieta dela fosse balanceada, estava cometendo o crime perfeito por minhas costas.
“Ash, toda vez na hora do almoço você vem para mim, chorando de fome. Era tudo mentira? Não pode comer demais!”
Quando comecei a brigar com ela, Ash astutamente se escondeu atrás de Barra, que olhou para baixo, parecendo culpado.
“E você também…?!”
O que eu faço com essas duas panteras? Acalmando minha raiva, respirei fundo e olhei para Ronna. Precisava falar com ela antes que os outros percebessem – essa era minha maior prioridade.
“…Ronna, não vou brigar com você, pode parar de se esconder atrás da cortina.”
“A-Ah, sinto muito.”
Com o rosto parecendo assustado, ela surgiu por detrás das cortinas, as arrumando.
‘Nunca vi uma mulher-besta do clã das panteras negras ser tão covarde antes.’
Ouvi dizer que ela tinha sido contratada para ser a médica da enfermaria da mansão Grace devido a sua delicadeza. Até agora, ela era a única médica do mundo que eu tinha visto ter o hábito de se esconder atrás de cortinas.
‘Será que a Senhora Valence a contratou de propósito porque a achou parecida comigo?’
Verifiquei que a porta estava completamente fechada e me sentei na cadeira reservada para os pacientes. Então, Ronna se apressou e se sentou na minha frente.
“Jovem Senhora, podia ter me chamado para ir vê-la em seu quarto, ou no seu gabinete. Não precisava vir até aqui pessoalmente…”
“Eu vim de propósito, porque queria que a visita de hoje ficasse em segredo.”
Olhei para os lados para verificar se não tinha ninguém espiando, e sussurrei baixinho.
“Como você sabe, eu não posso nem mesmo tossir nessa casa.”
Ronna, entendendo de imediato, assentiu, constrangida. Outro dia, eu tinha tossido poucas vezes para limpar a garganta, e o vovô, ao ver isso, tinha entrado em pânico e gritado para trazerem um médico ali de imediato.
“Estou estudando medicina, mas ainda me falta um longo caminho. Por isso, preciso de sua ajuda.”
“Estarei feliz em ajudá-la. Sente algum sintoma?”
“Bem… É que, esses dias…”
Hesitei por um tempo, listando em minha cabeça os sintomas que tinha sentido ultimamente, os quais eram muito estranhos.
Do nada, eu ficava com muito sono, e meu humor mudava tão radicalmente como uma montanha-russa. Então, meu coração disparava, e, acima de tudo, tinha desejo de comer alimentos como carne vermelha e doces, que eu não costumava consumir.
Minha menstruação também estava atrasada. Depois que listei esses sintomas, a expressão do rosto de Ronna se distorceu.
‘Não pode ser…’
De repente, criei uma hipótese, enquanto Ronna me examinava com uma expressão indescritível.
‘Não creio…’
Me deitei na cama e o exame de Ronna durou um bom tempo. Ela se moveu devagar, com o olhar mais sério do que antes.
Quando eu pensava que aquilo não acabaria nunca, ela juntou as mãos, o rosto corado.
“Jovem Senhora Vivi, meus parabéns!!”
As palavras dela comprovaram que a minha hipótese estava correta.
***
Depois de sair da enfermaria de Ronna, fiquei andando em círculos no corredor, incapaz de me acalmar.
“Como…?”
Ahin estava tomando uma medicação a cada noite que passávamos juntos, para evitar a gravidez, já que nós não pretendíamos ter filhos tão cedo. Só fazia poucos meses desde o casamento.
“Então, quando…?”
Pensando sobre isso, chocada, de repente cobri a boca com as mãos.
Num certo dia, quando o sol estava alto, eu tinha bebido algumas taças de vinho de fruta no quarto, por curiosidade. Então, Ahin voltou do treinamento matinal com a camisa transparente pelo suor e eu tive que checar se meu nariz não estava sangrando.
“Vivi, por que está bebendo sozinha à essa hora da manhã?’
Naquele dia, Ahin tinha sorrido indefeso quando eu o beijei de repente. Deve ter sido nesse dia, no qual eu o joguei no chão, e ele parecia ainda mais bonito que o normal e… As memórias depois desse momento terei que omitir.
Graças a esse evento, não pude refutar quando ele me chamou de pervertida, por dias a fio. Então, tendo montado o quebra-cabeças, toquei as bochechas com as mãos.
“Como pôde…. Naquela única vez….?”
Enquanto murmurava sozinha, como uma louca, Ash e Barra, que estavam me seguindo, inclinaram as cabeças, sem entender. Então, percebi outra coisa, que eu tinha esquecido depois de tanto tempo vivendo no meio das panteras negras.
“Eu sou uma lebre.”
Eu era uma mulher-besta do clã das lebres de sangue puro, com a linhagem dos Labian. E todos sabem que os homens-besta lebres eram conhecidos por sua altíssima fertilidade, sendo, no passado, até mesmo cultuados por isso, ao ponto de que havia um templo no território das lebres para onde pessoas com dificuldades para engravidar viajavam para rezar, para conseguir conceber e ter um parto seguro.
Eu tinha tantos meio-irmãos na casa Labian que nem podia contar.
“…Uma vez é o suficiente.”
Ai, meu Deus. Ai, meu Deus. Depois de andar em círculos, como louca, recuperei o bom senso e parei. Precisava prestar atenção em meu comportamento no futuro.
Com a mão trêmula, toquei em minha barriga, mas não tinha nenhuma mudança. No entanto, o fato de que uma vida estava sendo gerada dentro de meu corpo me fez sentir estranha. Mesmo sendo impossível, senti como se tivesse um segundo coração batendo dentro de mim.
Sorri levemente enquanto tocava meu estômago. Uma nova família, criada por Ahin e eu. Apesar de ter chegado um pouco mais cedo do que o planejado…
Uma vez que a vergonha e a surpresa tinham passado, o que ficou foi uma indescritível alegria.
“Ronna, mantenha isso em segredo por enquanto.”
“Quê?! Como posso fazer algo assim….?”
“Quero contar a ele eu mesma.”
Mas como eu deveria dizer para Ahin? Depois de receber o apelido de “coelha romântica”, não poderia deixar passar uma chance dessas. Pensando a fundo, fiquei falando sozinha, sem controlar minha mente sobrecarregada.
“…Acho que ele vai gostar, não é?”
“Sim, gosto de você.”
Quando ouvi uma resposta a pergunta que fiz para mim mesma, alguém me abraçou por trás. O dono dos braços que envolveram minha cintura e ombros com firmeza era Ahin.
“Vivi, suas orelhas estão vermelhas.”
Eu ainda não tinha construído imunidade para esse tipo de cumprimento, então cobri as orelhas com as mãos.
“É só impressão sua.”
“O que há com essa saca? Não tinha visto antes.”
Ele tocou na bolsa de carne-seca que eu carregava, sem afrouxar os braços. Seu hálito em minha orelha estava perto demais.
“Não é uma saca, é uma bolsa.”
“Ah. Por que deixou Meimi e Alan para trás? E estava andando em círculos no corredor…”
Eu estava fazendo isso? Envergonhada, logo me virei para ele, com um largo sorriso.
“Ahin, sabe de uma coisa?”
Estava tão animada, que quase contei tudo sem nenhuma preparação. Mas, então, me detive e fechei a boca. Dei um passo para trás, me desvencilhando de Ahin, que parecia surpreso.
“Vivi, você precisa terminar as frases que começa. Quer me matar de curiosidade?”
Ahin, prestando atenção nos menores detalhes, inclinou a cabeça.
“Pare… Não se mova, nem um músculo!”
“…Por quê?”
Ele, que estava esticando os braços na minha direção, se congelou. Vendo que ele estava obedecendo tranquilamente, estava claro que estava ansioso pela próxima ordem que eu daria. O canto da boca levantado provava isso.
Esse pantera negra louco. Discretamente, troquei olhares com Ash e Barra. Devagar, começamos a nos distanciar de Ahin.
Se eu corresse, tinha medo de cair. Olhando para minha barriga, apontei para Ahin, que agora estava distante.
“Fique parado aí.”
Ele, que estava começando a se mexer para me seguir, se congelou. Enquanto isso, fui andando devagar, para aumentar a distância.
Quando cheguei na esquina no fim do corredor, Ahin, desafiando a ordem, moveu suas longas pernas.
“Até onde pretende ir, Vivi?”
“Se continuar se mexendo, não vou mais te golpear no traseiro, nunca mais.”
“Não acha que está na hora de parar com essa ameaça?”
O pantera negra desavergonhado disse isso, mas, no entanto, parou novamente, se congelando numa posição que parecia desconfortável.
Tendo obtido uma rota de escape com facilidade, deixei Ahin para trás, parado como uma estátua, e fui embora, me controlando para não correr, já que, em minha cabeça, não parava de soar o aviso de que agora havia uma criança em minha barriga.
***
Pouco depois do almoço, Ahin, sentado na sala de estar, se enterrou em uma cadeira de veludo.
“Ahin, sabe de uma coisa?”
Desde o dia anterior, ele tinha se perguntado sobre o que Vivi ia falar. Ela tinha estado ocupada na estufa desde de manhã cedo, e parecia ter feito um buquê desordenado de flores de várias cores misturadas.
‘Que dia é hoje?’
O problema era que não tinha nada de particular para justificar um buquê de flores, por mais que ele pensasse.
Ahin, sem ter a menor ideia, ficou nervoso. Não era o dia em que eles tinham se conhecido. Não era o aniversário de ninguém, nem o dia em que tinham se reencontrado. Ele pensou em várias hipóteses até chegar a uma conclusão.
‘É um tipo de surpresa romântica sem razão?’
Ahin, arregalando os olhos, lambeu os lábios. Ele achava que estava certo, mas, ao pensar nisso, se sentia estranhamente desconfortável, como se tivesse deixado passar algo importante.
Tradução: Nopa.
Revisão: Holic.
Pamela
Basta uma vez rsrss
Vanny
Tava lendo um artigo que diz que coelhos são férteis, então se eles não quiserem um time inteiro eles vão ter que ter muito cuidado 😏
Lucien
Mano, ele usou esse remédio nas outras vezes tbm? Até no closet? Kkkkkk MDS eu queria q tivesse sido bem antes