A Relação simbiótica entre uma lebre e uma pantera negra - Capítulo 160
- Home
- A Relação simbiótica entre uma lebre e uma pantera negra
- Capítulo 160 - História Extra 1
O som de uma cachoeira e do canto de pássaros atingiu os ouvidos de Ahin. Ele olhou ao seu redor e percebeu que estava no templo do território das lebres, que lembrava já ter visitado no passado.
Ele começou a caminhar, tocando na parede de pedra, incrustada com estátuas do deus das bestas. Era como se algo o atraísse, à medida que continuava a caminhar.
“Isso…”
Logo, uma visão extraordinária apareceu em sua frente.
“É um sonho?”
Ahin encarou várias árvores, que brilhavam com flores lilás flutuando no ar, e girou rapidamente. Foi porque sentiu uma presença desconhecida se aproximando.
“…?”
Quando ele girou a cabeça, Ash e Barra estavam se aproximando lentamente. Ahin franziu as sobrancelhas, e viu que Ash carregava na boca uma misteriosa trouxa de pano. Parecia ter algo dentro, pois se movia levemente enquanto caminhava.
Ash, sem hesitar, se aproximou de Ahin e lhe entregou a trouxa. Agindo contra sua vontade, a mão dele a aceitou naturalmente.
“Quê…?”
Ahin arregalou os olhos, olhando para a trouxa. Dentro dela estava uma bebê, presumidamente do clã das lebres, com cabelos prateados e olhos lilás claros. A bebê, que se parecia muito com Vivi, esticou sua pequena mão para ele. Ahin inclinou o rosto na direção do bebê, como se estivesse possuído.
“Ugh.”
Um pequeno punho socou seu queixo. Ahin sorriu levemente, como se estivesse satisfeito. Ela era idêntica à Vivi, mas seus olhos continham a arrogância dele mesmo. Vendo que ela estava rindo após golpeá-lo, dava para ver que não era uma lebre comum.
Ahin, pensando que isso tudo era muito estranho, olhou para o céu, também como se algo movesse o seu corpo. Dessa vez era Quinn, que segurava uma trouxa de pano, assim como Ash, e pairava no ar sobre ele.
“O que é isso?”
Enquanto Ahin sentia uma apreensão estranha, logo Quinn abriu as garras e soltou a trouxa no ar.
“Esse cérebro de passarinho…!!”
Ahin correu, olhando para cima, e conseguiu apanhar a segunda trouxa antes que caísse no chão. Dentro dela, estava um bebê de olhos vermelhos e cabelos brancos, que parecia ser do clã das panteras negras.
“…Eh?”
O bebê era idêntico a Ahin, e cobriu a própria boca com sua pequena mão. Parecia estar envergonhado. Obviamente, parecia ser tímido e chorão. Ahin, vendo o bebê, que se contorcia, teve essa intuição imediatamente.
“Shh…”
Se sentindo envergonhado, ele começou a ninar os dois bebês. A menina lebre deu tapinhas no próprio estômago, como se fosse uma predadora com a barriga cheia. O menino pantera chorou, como se fosse um herbívoro sendo perseguido. Eram uma lebre que parecia uma pantera negra e uma pantera negra que parecia uma lebre.
Logo, as pequenas mãos de ambos puxaram seu cabelo prateado, com força suficiente para fazer até mesmo um general chorar.
“Queria que vocês soltassem…”
Ahin, sem opção a não ser forçar as mãozinhas dos bebês a largarem suas mechas, olhou para cima, contra sua vontade.
Blem, blem.
Do topo do campanário, os sinos do templo ressoavam, como se estivessem os abençoando.
***
“…!”
Ahin acordou, respirando pesadamente. Ele começou a procurar os dois bebês, mas suas mãos só sentiam um tecido macio. Ele logo percebeu que era a rede na qual ele tinha cochilado.
‘…O que foi isso…’
Ahin se lembrou que, logo depois do casamento, eles tinham saído numa viagem de lua de mel até a beira do continente. Vivi estava cansada da cerimônia, que tinha sido grandiosa demais, e dos cuidados excessivos de Lillian, e quis ir para um lugar tranquilo na viagem.
Por causa disso, eles estavam na beira do continente, onde vivia o clã das sereias, e era pacífico e tranquilo o suficiente para que Ahin tivesse dormido descuidadamente na rede.
“Sonho…”
Ahin esfregou os olhos e riu do absurdo. Não tinha sido uma revelação divina. Foi um sonho do qual até mesmo Ash, Barra e Quinn iriam rir. No entanto, ele sentiu uma solidão ao ver seus braços vazios e começou a olhar ao redor, procurando Vivi.
Seu olhar foi até uma piscina natural no mar azul-turquesa, onde Vivi estava agachada em uma pedra.
‘O rosto dela…’
Ele pensou que ela parecia exausta. Mas, lembrando-se do que tinha feito na noite anterior, percebeu que fazia sentido.
‘O que ela está olhando?’
O olhar de Ahin seguiu o de Vivi, e ele notou que haviam sereias com as metades de cima do corpo para fora da piscina natural. Sendo uma raça dócil, o clã das sereias parecia curioso por Vivi, e elas a observavam enquanto jogavam os cabelos molhados para trás. Suas peles azuis brilhavam sob o sol.
Vivi, olhando para elas, nervosa, tomou coragem e colocou a mão sobre o peito.
“É um prazer conhecê-las, sou Vivi… Ah, não, sou uma lebre.”
Ahin, assistindo deitado, bateu a testa na rede assim que ouviu a estranha apresentação.
‘O que é isso….’
Ainda que a olhassem agora, as sereias não saberiam como é a aparência de uma lebre. Assim, se apresentar dizendo “sou uma lebre” parecia louco.
“Ah, uma lebre é um animal que anda na terra… São iguais a mim… Ah, mas não estou dizendo que sou o padrão entre as lebres…”
Vivi moveu as mãos, tentando explicar, mas as sereias, que não falavam o idioma continental, apenas inclinaram as cabeças, sem entender nada.
“As orelhas são longas… e o pelo é macio…”
Vivi continuou tentando se comunicar, intensamente, e então olhou para o lado. Ahin estava na rede, com os ombros tremendo de riso e a cabeça escondida.
“Ahin!”
Vivi gritou, acenando, assustando as sereias, que voltaram a mergulhar nas águas cristalinas.
Ahin conseguiu parar de rir e ergueu a mão para acenar de volta, mas, então, parou.
‘…Que estranho…’
Ele teve um déjà-vu.
“Ela deve ser uma criança que ainda não tem idade para se humanizar, eu acho…”
Uma voz abafada surgiu em sua mente, e uma sensação estranha percorreu o corpo de Ahin.
“Ahin, não pode tocar na coelha bebê sem cuidado. Ao contrário de nós, eles são criaturas muito frágeis.”
Era uma memória distante, da infância… Ele sentia como se tivesse esquecido de algo muito importante. Isso tinha mesmo acontecido?
“Ahin, o que foi?”
Ele despertou dos pensamentos quando Vivi o chamou.
“Ah, acho que não acordei direito ainda.”
Decidindo pensar nisso depois, Ahin jogou os cabelos prateados para trás e acenou, e Vivi acenou de volta com entusiasmo. Ela parecia animada pela viagem.
‘As sereias deram alguma pérola de presente?’
A expressão de Ahin começou a ficar mais ansiosa enquanto observava Vivi, que acenava com vigor.
“Ah..!”
“Vivi!!”
Em um instante, Vivi perdeu o equilíbrio e quase escorregou da pedra para dentro do mar. As sereias se assustaram e se dispersaram na água.
No entanto, ela girou os braços e conseguiu recuperar o equilíbrio, sorrindo na direção dele.
Ahin, que estava prestes a correr e pular na água, relaxou e sorriu também. Por que ele iria pensar que a viagem de lua de mel seria tranquila?
Ao lado dessa coelha, parecia que ele nunca mais teria um dia tranquilo, pelo resto da vida.
***
Na mansão Amon.
Era inverno e caía uma neve branca no ar. A ocasião era um dia de festa para celebrar a harmonia entre os líderes do território das lebres e das panteras negras.
Tak, tak.
Ahin, de quatro anos de idade, estava fugindo de seu pai, Edith, e correndo pelos corredores. A mansão do líder do clã das lebres era bem diferente da mansão Grace.
Os pézinhos apressados pararam na frente de uma grande porta de mármore. Para ser preciso, ele parou porque enxergou uma criatura que nunca tinha visto antes, de pé na frente da porta.
“O que é isso?”
Parecia o algodão que ficava dentro de almofadas, ou uma bola branca de poeira. Curioso, Ahin se agachou e começou a observar. Parecia um animal, mas era tão pequeno que nem se comparava até mesmo com a menor pantera negra recém-nascida que ele tinha visto em seu território.
Ahin observou a criatura suspeita, e apertou os lábios.
“Hein?”
A criatura tinha o pelo debaixo dos olhos molhado. Ahin, normalmente, a teria ignorado por completo, mas, se sentindo estranho, inclinou a cabeça e perguntou.
“Você está chorando?”
Parecendo ter entendido a pergunta, a bola de algodão se estremeceu. A criatura hesitou e então apontou para a porta de mármore na frente dela. Era como se pedisse que ele a abrisse.
<Não consigo entrar, fecharam a porta…>
Creak. Ahin abriu a porta de mármore, mas só um pouquinho.
“Ah, Senhora Labian, parece tão jovem.”
“Céus! Ouvi a história sobre seu neto, quero vê-lo!”
Risos de mulheres ecoaram pela fresta da porta entreaberta. Parecia que as esposas dos nobres do clã das lebres que tinham comparecido estavam tomando chá nesse local.
A pequena criatura, parecendo se alegrar imediatamente, saltou para dentro. Ahin se sentiu triste quando ela sumiu, mas isso durou pouco tempo, pois ela logo colocou a cabeça pela fresta da porta. Juntando as patas educadamente, para demonstrar gratidão, ela voltou a desaparecer dentro do aposento. E então, pôs a cabeça para fora outra vez.
“Ela me agradeceu?”
Ahin, sem entender, se sentou no chão contra a porta, resmungando.
“Será que posso te comer?”
Ele estirou a mão na direção dela, e a criatura se esquivou, parecendo apavorada.
“Isso não é comida, é um coelho bebê.”
Uma voz grave ecoou atrás de Ahin. Edith, tendo finalmente encontrado seu filho fujão, se inclinou e sentou no chão ao lado dele.
“O que é um coelho bebê, Edith?”
“Ahin, não pode chamar seu pai pelo nome, assim…”
“Mas o vovô te chama assim. Ou, às vezes, de “filho imprestável”…”
“Ah, meu pai é um pouco…”
Ele tinha falado para o pai ser cuidadoso com o que dizia na frente de Ahin… Edith, resmungando, jogou os cabelos loiros para trás.
“Pai, o que é um coelho bebê?”
Ahin apontou para a criatura branca, que aparecia pela fresta da porta. Ele parecia muito curioso.
“Estamos no território das lebres. Assim como tem panteras negras vivendo no território das panteras negras, tem coelhos vivendo aqui. Eles são desse jeito.”
“Então ela é uma pessoa, como nós?”
“Ela deve ser uma criança que ainda não tem idade para se humanizar, eu acho…”
Um coelho normal teria fugido por instinto no segundo que visse um homem-besta predator. Edith coçou o queixo.
“Posso comê-la?”
“Não, não pode.”
Edith impediu Ahin, que parecia ansioso para agarrá-la. A coelha bebê, que parecia entendê-los, lançou um olhar maligno para o menino. Ela parecia que morderia seu dedo com muita força no segundo que ele se aproximasse.
‘Quê?’
Edith se perguntou se estava enxergando coisas, por estar cansado. Vendo a aura de um general poderoso por trás do corpo da coelha, que tinha o tamanho de uma ervilha, ele esfregou os olhos.
“Essa coelha não é uma coelha comum..”
Ela seria alguém grande no futuro. A coelha bebê parecia que era capaz de controlar todo o continente só com seu espírito.
“Pai, ela não é uma coelha? Você disse que era uma coelha!”
“O espírito do general a sobrepujou… Ah, não, quero dizer, não é nada. Ahin, não pode tocar na coelha bebê sem cuidado, Ao contrário de nós, eles são criaturas muito frágeis.”
“Então, o que faço?”
“Pode dizer oi suavemente, assim.”
Edith estirou a mão e acenou para a coelha bebê. Ahin olhou intensamente para a palma de sua mão. Ele nunca fazia esse tipo de cumprimento, por ser o filho do líder do clã. Além disso, a única criança de sua idade com quem interagia era Evelyn.
“Não quero.”
“Por quê?”
“Fico com vergonha.”
No fim, Ahin não conseguiu acenar e coçou a bochecha. Sua mão se abaixou e descansou em seu colo, e a coelha bebê saiu um pouco mais pela fresta da porta.
<Oi…>
Ela acenou com as patas dianteiras primeiro, o cumprimentando. Ahin, envergonhado, se escondeu atrás de Edith, puxando sua gravata.
“Ahin… O papai vai… sufocar…”
“Você viu?? A coelha me cumprimentou!!”
“Vivi? O que faz aí fora?”
Naquele momento, uma voz de mulher ressoou de dentro do salão, pela fresta da porta.
“É perigoso andar por aí, venha para cá.”
Surpreendida, a coelha bebê estremeceu e desapareceu para dentro da porta. Ahin olhou para o espaço vazio, sem expressão, por muito tempo.
“Ela me deixou…”
“Está triste?”
“Um pouco.”
“Não há o que fazer. Aquela coelha bebê é uma mulher-besta, afinal.”
Edith olhou para Ahin, que parecia que ia chorar.
“Vamos para a estufa daqui. Ouvi dizer que a família Amon cria muitos coelhos…”
“…Se não for aquela coelha, não serve.”
“Ela foi chamada pela família. Você viu.”
“Não gosto disso. Estou muito determinado.”
“O quão determinado?”
“Tanto quanto Evelyn.”
Ahin, imitando Evelyn, bateu o pé no chão. A teimosia dele lembrava a de Valence… Edith sorriu.
“Vamos, a mamãe está nos esperando. Quer que eu compre uma boneca de coelha pra você na loja do território, no caminho para casa?”
“Você quer usar essa boneca como distração, numa barganha desigual.”
“Ahin…. Onde aprendeu essas palavras?”
Edith, sem imaginar que sofreria bastante ao ser golpeado pelo boneco de coelho por muito tempo depois, começou a caminhar.
Ahin, de mãos dadas, olhou para trás, sentindo solidão. Nesse momento, seus olhos se arregalaram quando a coelha colocou a cabeça para fora da porta uma vez mais.
‘É agora ou nunca…’
Ahin, sem hesitar, acenou com a mão livre.
<Tchau…>
Em resposta, a coelha acenou vigorosamente com as patas dianteiras de novo. Ahin estava praticamente andando de costas, vendo as patas de algodão se sacudirem. Ela acabou perdendo o equilíbrio e caiu de bunda no chão.
‘Que coelha estranha…’
Os cantos da boca de Ahin, que estavam retos, se ergueram.
“Até a próxima…”
A Relação Simbiótica entre uma Lebre e uma Pantera Negra
<Fim dos capítulos extras.>
<Continua nos capítulos especiais.>
Tradução: Nopa.
Revisão: Holic.
Vanny
Cadê os filhos? Nem mostrou o casamento 😔
Gabriela
Fiquei triste tbm poxa, queria saber da reação deles
Gabriela
Preciso dos cap especiaisssss
Pamela
Ansiosa pelos capítulos especiais!
Lucien
Ahhhh mas a fofo o ahin criancinha com o pai😍😍
Gostei q no começo ele sonhou com os filhos mas né, eu queria uma menina pantera e um menino colégio, triste q não vai ser 😭