A Relação simbiótica entre uma lebre e uma pantera negra - Capítulo 159
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- Capítulo 159 - História Extra 1
Estava zangada, mas meu olhar pousou no rosto de Ahin, que ainda estava deitado de lado. Uma de suas bochechas estava vermelha por ter ficado deitado em cima dela enquanto conversávamos.
A minha deveria estar igual também. Imaginando nossas bochechas vermelhas, lado a lado, os cantos de minha boca se ergueram involuntariamente, sem combinar com a situação.
“Por que está rindo?”
Ahin, fazendo essa pergunta, também fez um som de “pffft”. Então, começamos a rir, sem saber o porquê, e olhamos um para o outro. Naturalmente, o riso começou outra vez.
O rosto de Ahin, que normalmente era tão belo que dava raiva, estava estranhamente engraçado hoje. Limpei as lágrimas de riso com o dedo indicador e falei.
“Ssssh. Na biblioteca não se pode fazer barulho.”
Era a presidente do conselho estudantil dentro de mim que falava.
“Vivi, não tem ninguém aqui além de nós.”
Ah, era verdade. Lembrando que todos os estudantes tinham fugido de Ahin, olhei para os livros que nos cercavam. A biblioteca vazia era mais calma do que se esperaria, e os raios de sol que brilhavam através da janela eram cálidos.
Talvez fosse devido à atmosfera única da biblioteca, ou talvez fosse porque uma de minhas preocupações tinha desaparecido, mas meu coração estava tranquilo como um lago. Perguntei em voz baixa.
“Ahin, sabe de uma coisa?”
“O quê?”
“Hendry me falou que se um casal declara o seu amor aqui, ficará junto pelo resto da vida.”
Era uma lenda bem infantil que poderia se difundir por qualquer Academia. Mas, querendo acreditar nisso, eu sorri largo e falei.
“Eu…”
Ahin, se movendo antes que eu conseguisse terminar de falar, se aproximou. Ele puxou a parte de trás do meu pescoço e nossos lábios se tocaram.
Me surpreendi e fechei os olhos. O tempo pareceu passar devagar. Então, Ahin voltou ao seu lugar anterior, como se nada tivesse acontecido, e apoiou o rosto no braço.
“Eu te amo.”
Uma voz rouca tocou meus ouvidos.
“Quando eu era jovem…”
Ele continuou falando, após uma breve pausa.
“Eu não entendia quando meu pai dizia que minha mãe era tudo para ele.”
“…”
“Mas agora eu compreendo.”
Ahin puxou uma pilha de livros que estava ao seu lado e colocou entre mim e ele.
“…Vivi é tudo para mim.”
Por que mesmo expressões clichês soavam fatais quando era ele dizendo? Era frustrante não poder ver sua expressão por causa dos livros, que agiam como uma barreira. Quando empurrei a pilha, o rosto sorridente de Ahin apareceu, parecendo uma pintura.
“Já que eu me declarei, Vivi não pode mais fugir pelo resto da vida.”
Era um sorriso sem dissimulação, hipocrisia ou perigo. Era o sorriso mais puro que eu já tinha visto. Em comparação, eu estava mordendo os lábios e certamente meu rosto estava uma bagunça.
Eu não deveria chorar. Ainda assim, as emoções só se empilhavam. Ahin sempre foi desse jeito. Ele entrava em meu espaço sem avisar e se acomodava, como se fosse óbvio.
Eu provavelmente não esquecerei esse momento, pelo resto da vida.
“Vivi, você sabia? Tem um lugar perto da janela no segundo andar da biblioteca. Se uma pessoa declara seu amor ali, dizem que a relação dura pelo resto da vida.”
“Hendry, você acabou de inventar isso, não é?”
“…Vivi, você nunca deixa eu me divertir.”
Novas memórias criadas durante a estação mais fria do ano surgiram para se somar àquele doloroso inverno.
***
Na véspera da cerimônia de formatura, Valence, Lillian, Ahin e Evelyn foram visitar um túmulo pela primeira vez em muito tempo.
[Edith Grace.]
Eles colocaram flores em silêncio e olharam para o nome gravado no mármore. No entanto, o silêncio foi quebrado por soluços de Lile, que tinha vindo junto para dirigir a carruagem.
“Por que o gorila está chorando assim?”
“Não sei…”
Valence e Lillian olharam para Lile por um momento, sem entender, e voltaram a olhar para o túmulo. Depois de um momento de silêncio, Lillian falou, com uma voz triste.
“Não teria sido melhor se a minha nora tivesse vindo junto?”
“Podemos voltar outro dia com ela. Mas se ela vier, vai acabar daquele jeito…”
Valence, sem terminar a frase, apontou para trás. Lile estava inclinando seu enorme corpo, tentando conter as lágrimas. Lillian, concordando, assentiu.
“Será um mar de lágrimas, sim. Ela estará conosco para sempre a partir de agora, então não é nada mal fazer uma última visita tranquila.”
Um silêncio seguiu novamente. Lillian, olhando para o nome de Edith, fez “tsk” com a língua e falou, com um tom insatisfeito.
“Como meu filho pôde ir embora sem nem mesmo ver a cerimônia de casamento do filho dele?”
“É verdade. Se ele estivesse aqui, creio que teria gostado muito de Vivi também.”
“Nem me fale. Ele certamente ficaria de quatro e brincaria de cavalinho, com a coelha no lombo.”
Lillian, que falou isso com altivez, certamente faria o mesmo se Vivi pedisse, num piscar de olhos. Valence, se perguntando por que ambos Ahin e Lillian usavam tanto o termo “ficar de quatro” quando se referia a Vivi, não disse nada.
“Tsk, dar carinho demais é um veneno, até mesmo para uma coelha! Afinal, crianças devem ser criadas com rigidez!”
Enquanto Lillian falava, Valence, o encarando, assentiu e respondeu.
“Está correto, sogro. Por essa razão, resolvi colocar a pintura da coelha dançarina à venda em um leilão.”
“Por quanto? Eu a comprarei agora mesmo.”
“…”
“…”
Lillian, percebendo o silêncio, tossiu para disfarçar.
“O que eu quis dizer foi..”
“Não precisa esconder seus sentimentos, sogro.”
Com um pequeno riso, Valence sacou um lenço e o deu para Lile, que estava atrás deles.
“Acho que meu sogro precisa ter cuidado para, durante a cerimônia, não terminar chorando igual ao gorila, e… Oh?”
Enquanto ela falava, a sombra de um grande pássaro caiu sobre eles. Era uma coruja marrom, que passou com grande velocidade por eles e despencou em um arbusto. Era Hilla, o pássaro mensageiro de Valence.
“É uma carta da futura líder do clã dos leões.”
Ela abriu a carta enquanto Hilla se sacudia. O conteúdo era uma resposta ao convite para a cerimônia de casamento que tinha sido enviada antes.
“Ela disse que irá comparecer à cerimônia, e…”
Enquanto Valence lia a carta, sua expressão mudou.
“Tem algo que Reona Manionz quer a dizer para Vivi?…”
“Por que essa louca perigosa quer falar com minha nora?!”
Lillian, saltando se raiva, girou para olhar para Evelyn, Por alguma razão, ele sentia que o secretário sabia o motivo. Sob o olhar de ambos Valence e Lillian, Evelyn respondeu, sem hesitar.
“Parece que, faz um tempinho, a Senhorita Coelha demonstrou sua majestade na mansão Manionz.”
“Demonstrou sua majestade? Está dizendo que ela lutou?”
“Algo parecido. Ela derrotou os cavaleiros de elite de Reona Manionz.”
“Como…!?”
Lillian, não acreditando no que escutava, arrancou a carta das mãos de Valence. A letra de Reona Manionz indicava uma mensagem pessoal dirigida à Vivi.
Enquanto Lillian lia tudo com atenção, sua barba começou a tremer. Sua pele enrugada foi ficando vermelha e depois verde.
Logo, o papel foi rasgado em dois. Vários pares de olhos curiosos se voltaram para Lillian, se perguntando o que mais estaria escrito ali.
“…Ela pareceu gostar da força de nossa coelha. E no futuro, deseja firmar um noivado entre um dos futuros filhos dela e a casa Grace.”
“Que loucura. Com aqueles leões?”
Ahin, rindo alto, colocou a mão sobre a bainha da espada e começou a caminhar na direção do território dos leões.
“Concordo. Como ousam?”
Valence, com um sorriso frio como gelo, começou a seguir Ahin, com passos elegantes.
“Isso mesmo! Como esses leões ousam flertar com o meu bisneto?!”
Lillian, ficando furioso por causa de um bisneto que não existia, entrou na fila.
“E-Esperem! Senhora! Lorde Ahin! Lorde Lillian…!”
Lile, nervoso devido a uma iminente invasão ao território dos leões, correu atrás deles.
Evelyn, tendo sido deixado para trás, olhou para o túmulo de Edith com dignidade. Era a primeira vez que um alvoroço assim tinha sido feito na frente dele. Ele estaria feliz por isso? Ou talvez triste?
Evelyn, decidindo que Edith ficaria alegre, colocou a boneca de coelho que ele mesmo tinha feito para Ahin na frente do túmulo. A coelha de trapos tinha concluído seu papel depois de que Vivi havia retornado.
“A razão pela qual o Lorde Ahin virou um maníaco por coelhos… Provavelmente, parte da responsabilidade é de Lorde Edith.”
Evelyn, parado perante a tumba para honrar o falecido, se lembrou de uma pergunta que Ahin tinha feito há alguns dias.
“…Meu pai me deu um boneco de coelho quando eu era pequeno, certo? Quando foi isso?”
Parando para pensar, por que uma pantera negra daria ao filho uma boneca de coelha? Já que o próprio Evelyn era muito jovem, as únicas memórias que vinham em sua cabeça eram de ser acertado pela boneca, que Ahin atirava nele.
‘Por quê…?’
Ele ficou muito curioso, mas o túmulo permaneceu em silêncio.
***
No dia da cerimônia de formatura, na praça central da Academia Belhelm.
Assim que eu subi no palco, olhei para todos os formandos em fila. O olhar deles não estava voltado para mim, no pódio, e sim para trás, na plateia.
Ali, estavam Ahin, a Senhora Valence, Evelyn, Meimi, Lile e Quinn, que tinha se humanizado. Além disso, Ash, Barra, Shu e Bion estavam presentes. Era uma combinação rara.
Mesmo que tivessem descoberto a existência de Ahin ontem, ainda havia choque no rosto de vários estudantes quando confirmavam os rumores com os próprios olhos.
“Ei… Caham…”
Apesar de eu tossir várias vezes para chamar a atenção, ninguém olhou para mim, e apenas o eco do microfone ressoou.
‘Será que vai ser possível fazer o meu discurso, a essa altura?’
Os formandos, quase dando as costas para mim por completo, estavam boquiabertos. Russell, no canto, já estava espalhando no ar as flores que tínhamos combinado que ficariam para o final da cerimônia. Além disso, o pintor ao lado da Senhora Valence estava desenhando algo com tanta ferocidade que não dava para enxergar seu braço, de tão rápido que se movia.
‘Vovô, o que eu faço?’
Olhei para o lado direito, preocupada, para ver o vovô. Então, minhas poucas esperanças desapareceram.
“Minha nora… já está se formando…”
Foi porque o vovô estava chorando cachoeiras, como se a Academia fosse fechar para sempre. Ele também aplaudia, como se a cerimônia já tivesse acabado.
“Minha nora… Minha nora…”
Ele continuava murmurando palavras ininteligíveis.
Olhei para frente novamente, com uma cara cansada. A Senhora Valence, encontrando meu olhar, acenou suavemente.
‘Senhora Valence…’
<Bebê, parabéns pela formatura.>
Consegui ler os lábios dela, o que me deu coragem. Então, abri a boca, devagar.
“Um dia de primavera, nós passamos pelo portão principal da Academia Belhelm.”
Felizmente, assim que comecei o discurso, a atenção dos formandos voltou para mim. Continuei falando, olhando para os rostos conhecidos, um por um.
“As nossas experiências de aprendizado na Academia Belhelm nos permitiram renascer como pessoas mais maduras.”
O Vovô, a Senhora Valence, Evelyn e Quinn. Meimi e Lile. A Professora Janna e Russell. E… Quando cheguei no último parágrafo do discurso, senti algo cutucar meu traseiro.
‘Q-quê?’
Quando girei, Ash estava ali, tendo chegado sem que eu percebesse.
“Ash?”
Ela estava obviamente ao lado de Lile antes, mas tinha desaparecido em algum momento. Era uma coisa boa que os outros não podiam enxergá-la, já que o pódio a cobria.
O que eu faço com essa pantera imprudente? Olhei ao redor, mas não havia ninguém que pudesse levá-la dali.
<Por que veio aqui?>
Quando perguntei isso a ela com o olhar, ela bocejou e se sentou. Entendi que isso significava que ela tinha vindo para me dar apoio moral porque eu estava nervosa. Relutante, continuei o discurso, voltando a olhar para a frente.
“…Espero que o futuro dos formandos de hoje só tenha glória e conquistas.”
Tendo dito a última frase, sorri de leve. Só havia uma direção na qual meu olhar podia ir nesse momento.
“Eu sou a representante dos formandos, a presidente do conselho estudantil, Vivi..”
Sem tirar os olhos de Ahin, continuei.
“…Grace.”
Logo, os fogos de artifício feitos pelo clã dos guaxinins começaram a explodir, colorindo o céu. Era um dia de comemoração, no qual eu finalmente tinha encontrado meu nome completo.
Tradução: Nopa.
Revisão: Holic.
Vanny
👏👏👏👏👏👏👏
Lucien
Parabéns Vivi 🥳🥳🥳 agora bora fazer babys 🎉😝