A Relação simbiótica entre uma lebre e uma pantera negra - Capítulo 150
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- Capítulo 150 - História Extra 1
‘Já está na hora de deixar esse lugar?’
Antes de mergulhar em pensamentos, Quinn escondeu sua caixa contendo a torta de Ash, que, ultimamente, estava sempre atrás dos seus morangos.
Depois de colocá-la em um local estratégico, ele alçou voo e pairou sobre a mansão. Desde quando… Sem que ele percebesse, a mansão Grace, que era sem graça no início, tinha se enchido de cor.
Não somente as expressões dos criados eram mais animadas, mas os panteras negras selvagens, que eram mantidos apenas por necessidade, tinham escalado os rankings de tal modo que tinham chegado ao ponto de cobiçar os morangos dele.
Todas essas mudanças vinham do fato de que o louco perigoso, Ahin, tinha se transformado em um pacífico fã de Vivis. Tudo tinha começado com a aparição daquela coelha numa cesta.
Agora, toda vez que via uma cesta, Quinn se lembrava da coelha furiosa e fazia um som de pffft com seu bico. Não deveria existir algo como uma pequena tirana pisando com raiva no chão com a pata.
Woosh. Sem perceber, ele se encaminhou até a estufa, e franziu a testa ao encontrar Vivi.
‘Isso…’
Ele tinha ouvido que Ahin e ela tinham brigado recentemente. Como se para se reconciliar, a coelha romântica estava segurando um buquê feito de várias flores aleatoriamente misturadas e caminhando devagar.
Ela não sabia que a razão pela qual Ahin sorria radiante não era porque gostava de flores, mas pela pessoa que as entregava. Ela ainda achava até hoje que ele era um fã de flores.
Quinn voou devagar seguindo a caminho de Vivi.
‘Essa tola.’
Sem saber o quanto Ahin Grace a amava, ela continuava tomando decisões imprudentes e se colocando em perigo. O estômago dele queimava ao pensar nisso.
Ela nem sequer tinha que se dar ao trabalho de colher flores. Apenas podia chutá-lo, e aquele cara já morreria feliz.
Pensando que tinha sido obrigado a observar enquanto ela entrava no fogo por vontade própria muitas vezes, ele parou. Vivi girou o pescoço e o encontrou no céu.
“Quinn!”
Sorrindo largo, ela puxou uma flor do buquê e a usou para sinalizar, gentilmente. Parecia ser um presente.
Pensando que qualquer presente que não fossem morangos era inútil, Quinn bufou.
“Você é frio como sempre. Bem, vou deixá-la aqui no chão, então.”
Resmungando, Vivi continuou seu caminho. Naturalmente a seguindo, Quinn olhou para o solo, onde os pés da coelha pisavam.
Parando para pensar, ele estava seguindo seus passos desde muito tempo. Começou quando ordenaram que ele monitorasse a coelha bebê que Ahin havia recolhido.
De noite, quando não havia mais ninguém, a coelha bebê ia para a varanda e olhava para a lua. Era um ato que implicitava que buscava liberdade. Observar a lua junto com ela não era tão ruim assim.
Para aprender a controlar seus poderes, ela treinava com seus braços de algodão todos os dias, e abria mapas, admirando um mundo que não conhecia. Então, um dia, a coelha virou humana, abriu a porta e deu um passo para fora. Nesse momento, Quinn se sentiu eufórico.
Além disso, durante o um ano e meio que ela esteve afastada da família Grace, e os anos adicionais nos quais frequentou a Academia, a coelha tinha derrotado inúmeras bestas e ganhado muitos seguidores.
Parando para pensar, Quinn tinha passado muito tempo junto com Vivi, tempo o qual Ahin desconhecia por completo.
“Ahin!”
Os pensamentos dele foram interrompidos pela aparição de Ahin. Vivi escondeu o buquê atrás das costas e olhou para ele.
“Vivi, está frio aqui. Vamos para dentro…”
“Olhe isso.”
A coelha romântica sacou o buquê misturado, que mais parecia um monte de farrapos. Ela esperou pelos elogios falsos de Ahin, pois, pela experiência de Quinn, ele sempre dizia que a combinação estava linda.
No entanto, ao contrário das expectativas, Ahin aceitou o buquê, mas franziu a testa visivelmente.
“O formato desse buquê… Não é um pouco estranho?”
Esse pantera negra tinha enlouquecido? Assombrado pela crítica de Ahin, Quinn, pousado em uma árvore próxima, tapou o bico com as asas. Mas, sem mostrar desagrado, Vivi ficou nas pontas dos pés.
“Olhe bem a forma dele.”
Observando o buquê profundamente, conforme instruído, Ahin murmurou.
“…É um pêssego?”
“Errado.”
“Uma bunda?”
“Não! Onde está vendo uma bunda?! É um coração! Qualquer um que olhe perceberia!”
Quinn soltou um suspiro de alívio pelo fim da tensão. De algum modo, ele tinha pensado que o buquê estava ainda mais bizarro que o normal hoje. Mas a razão era a sinceridade que ela tinha colocado em montar um formato diferente.
“Ah, não fui capaz de compreender as mensagens complexas de Vivi.”
“Está bem, todos cometem erros.”
Quinn, engolindo os próprios comentários, notou que os cantos da boca de Ahin estavam tremendo. Ele parecia estar se esforçando para não rir, de tanto que tinha gostado daquele buquê em forma de coração.
“Agora, espera um minuto.”
Depois de desamarrar a fita que prendia os caules das flores, ela começou a amarrá-la nos pulsos de Ahin, prendendo-os juntos.
Quinn imaginou que a linha da racionalidade de Ahin poderia se romper em breve.
“Depois de me dar um buquê, vai me sequestrar?”
Ahin, mansamente amarrado, fechou os olhos devagar.
“Você não tem comido bem esses dias. Vou partir para a Academia essa tarde, então venha almoçar comigo hoje.”
“Ah, então eu serei o prato principal.”
“Sim, vamos… Espera, quê?”
“Sua coelha carnívora.”
Então, a coelha foi levada pela pantera, que tinha perdido a paciência, no meio da luz do dia. Pensando que esse final não era inesperado, Quinn se lembrou de repente de quando Vivi tinha lhe dito que a data do casamento estava marcada.
“Quinn, se a criança que nascer for um coelho… Você pode um dia levá-la ao território das lebres comigo? Pode ser em uma cesta. Vou querer que a criança saiba como é o território de sua raça. E seria difícil andar pelas ruas de lá acompanhada de Ahin ou Meimi.”
As águias, apesar de serem aves de rapina, eram menos assustadoras para os herbívoros que panteras. Pensando nisso, Vivi tinha dado de ombros.
“Tenho muito trabalho a fazer.”
Ela queria dar suporte aos homens-besta lebre que moravam em territórios de predadores. Quinn, que esperou até que as costas de Ahin carregando Vivi desaparecessem, recolheu a flor que Vivi tinha deixado para ele.
A casa Grace, e a coelha. Ele parecia ter se apegado tanto a ambos que não conseguia se imaginar indo embora.
***
Coloquei minha mochila na carruagem e girei, enquanto Ash, do lado de fora, me esperava para se despedir.
“Ash, essa é a última vez que vou sair. Depois da formatura, vamos ficar juntas todos os dias, para sempre.”
Ash, não compreendendo minhas palavras, moveu a pata dianteira vigorosamente na posição de “sentido!”
Retribuindo o cumprimento, olhei ao redor, sentindo um vazio.
“Onde estão Shu e Bion?”
“Na floresta fronteiriça. Parece que Barra os levou ali para ensiná-los a caçar.”
Ahin apareceu e respondeu, se apoiando na carruagem.
“A cerimônia de formatura é só daqui há uns dias. Você tem que ir hoje?”
A voz que perguntava isso soava descontente.
“Se eu aparecer lá junto com Ahin, a Academia vai ficar de pernas para o ar.”
“Depois da formatura todos vão descobrir, de qualquer maneira.”
“Mas eu queria esconder até o fim da cerimônia, se possível. O Vovô está muito ocupado com os preparativos, e não quero que rumores circulando estraguem tudo.”
Olhando para Ahin, que parecia insatisfeito, aumentei a distância entre nós, disfarçadamente.
‘Besta perigosa…’
Como um convite para almoçar podia ser interpretado daquela maneira? A resistência dele faria qualquer mulher ficar exausta por 100 dias, e ele parecia não estar feliz pelo fato de eu estar bem e pronta para partir, devido à minha auto-cura.
Com as bochechas vermelhas ao me lembrar disso, entrei na carruagem, como se fugisse. Tentei fechar a porta às pressas, mas…
“Vivi, você realmente vai ficar lá até o dia da cerimônia de formatura?”
Tak. Infelizmente, Ahin foi mais rápido e a bloqueou com o pé.
“Só faltam uns poucos dias, e ainda tenho que trabalhar no discurso que farei durante a cerimônia.”
“Escutei que minha mãe também irá.”
“Sim, eu a convidei. Depois que termine a cerimônia, não haverá mais necessidade de esconder.”
Bam. Paf. Bam. Paf.
A guerra de abrir e fechar a porta da carruagem continuou mesmo durante a conversa.
“Por que apenas não me deixa ir?”
No fim, tendo sido vitorioso, Ain abriu a porta por completo e sorriu.
“Cuidado. Se desviarem da rota para o território dos leões, como no outro dia, vou te colocar no meu bolso.”
“Eu não iria caber, de qualquer maneira.”
“Basta eu mandar fazerem uma roupa com um bolso do tamanho suficiente para uma coelha grande.”
Mas que diabos… Olhei ao redor, vendo os cavaleiros de escolta que cavalgariam em volta da carruagem, cujo número tinha crescido drasticamente. Mesmo se estivéssemos sob um ataque, seriam pessoas demais.
Ahin arrumou minha capa e segurou a maçaneta.
“Então, vou fechar a porta.”
“Ahin, um minuto.”
Relutantemente, procurei algo na mochila, que tinha deixado sobre o assento.
‘Onde eu coloquei… Ah!’
Logo movi os braços, segurando uma pequena garrafa de vidro.
“Tome.”
Quando passei a garrafa para Ahin, ele piscou, sem expressão. Parecia estar esperando por uma explicação.
“Isso… Eu fiz durante a aula de poções na Academia.”
Hesitando, continuei a falar, envergonhada.”
“…Fiz uma poção para que nós dois possamos nos compreender melhor.”
“Que abstrato. É um experimento?”
“Sim. Provavelmente não vai ter nenhum efeito, mas, pensei em te dar como souvenir…”
Ahin virou o líquido todo na garganta antes que eu acabasse de explicar.
“Se isso puder fazer com que eu compreenda Vivi melhor…”
Parece que para essa besta não existia o amanhã. Chocada, desci da carruagem e agarrei o colarinho de Ahin.
“Ahin, você está bem??”
Apesar de minhas preocupações, ele estava completamente saudável, e deu de ombros. Sem acreditar, eu convoquei feromônios de cura e os lancei no corpo dele, para garantir.
“Vivi, é uma poção que você mesma fez na aula. E não teve efeito nenhum.”
“Mas…”
Ahin me levantou com um só braço e me colocou na carruagem.
“A professora dessa matéria deve ser a Professora Karen, do clã dos guaxinins?”
“Sim… Como você sabia?”
“Eu sei muitas coisas. E, no fim das contas, as poções do clã dos guaxinins tem efeitos temporários e curtos, de qualquer modo. Mas é uma pena, já que foi algo feito por Vivi. Ela não deu nenhuma instrução especial?”
Instrução? Me sentindo inquieta, me lembrei da aula ministrada pela Professora Karen.
“A poção que vocês vão confeccionar agora tem os mesmos ingredientes de um suplemento de vitaminas, então podem dar de presente a um amigo. Podem trocar entre si, se preferirem.”
Me lembrando disso, me senti aliviada. Ao dizer isso para Ahin, ele beijou minha testa de leve e deu um sorriso radiante.
“Então, te vejo na cerimônia de formatura.”
***
Parecendo ainda preocupada com a poção, Vivi colocou a cabeça para fora da janela da carruagem e olhou para Ahin até que o veículo desaparecesse de vista.
Ele checou seu relógio de bolso, acenando para ela até o último segundo. Tinha hora marcada com um estilista que estava chorando porque não tinha as medidas para fazer o seu traje para o casamento. E, amanhã, ele tinha que visitar o ourives que confeccionaria as alianças com pedras de Ferenium.
No dia da cerimônia de formatura de Vivi, a agenda tinha sido completamente esvaziada, e, por isso, os outros dias estavam lotados.
“Ash…”
Ahin olhou para a pantera, que ainda estava sentada no mesmo lugar, olhando a direção na qual a carruagem tinha sumido.
<Ash, você não está me ouvindo?>
Por um momento, a imagem de Ash ficou borrada, e Ahin sacudiu a cabeça.
<Quê…?>
Ele estava parado, mas o mundo parecia girar ao seu redor. E havia uma sensação estranha… Era como se a perspectiva do mundo tivesse mudado drasticamente.
Ash se aproximou de Ahin, que olhou de volta, sem compreender o que estava diferente.
O olhar dele se dirigiu para frente, para as patas dianteiras de Ash, suas longas pernas e seu queixo, tão alto. Finalmente, ele olhou para cima o suficiente para enxergar grandes olhos amarelos.
Só então Ahin percebeu o que estava diferente e franziu a testa. Ash estava no mínimo 5 vezes maior que o normal.
Tradução: Nopa.
Revisão: Holic.
Lucien
Virou coelho? Kkkkkkkk
Vanny
Kkkkkkkk