A Relação simbiótica entre uma lebre e uma pantera negra - Capítulo 148
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- Capítulo 148 - História Extra 1
O céu estava coberto de nuvens escuras e tinha começado a chover. Parado na frente de uma carruagem que tinha sido preparada para o escape de Vivi, Rune abaixou a capucha de sua capa.
“Ela está demorando…”
Já tinha passado tempo suficiente para ela emergir da passagem secreta, mas nada de Vivi aparecer.
<Irmã, e se Vivi tiver errado o caminho?>
<É possível, ela é muito rápida para demorar tanto assim…>
Shu e Bion, que tinham emergido há muito tempo, estavam sentados ali, preocupados. Restin, que estava ao lado deles, de repente estremeceu e olhou ao seu redor, com uma expressão assustada. Não tinha nada atrás dele.
“Restin, o que foi?”
“Não sei, estou sentindo calafrios… Já faz um tempo que não sentia isso…”
Restin, que tinha instintos afiados, continuou checando os seus entornos.
“Você está imaginando coisas.”
“Não é brincadeira, meu Lorde…! Toda vez que eu me encontrava com o Senhor Evelyn, tinha esses calafrios macabros…”
Restin bateu no peito, frustrado.
“A menos que eles venham voando, seria impossível chegar aqui antes do anoitecer.”
“Mas o Senhor Evelyn não é uma pessoa normal…”
“De tanto você falar nele, mais parece que em vez de ódio, é amor.”
Rune, deixando Restin, que seguia entoando o nome de Evelyn como um mantra, olhou para a passagem. Não era um corredor muito longo, então, mesmo que Vivi virasse na esquina errada, só precisaria voltar de onde veio.
‘Então, por quê..?’
Ele deveria enviar os filhotes de pantera para procurá-la? Coçando o queixo, Rune falou para o seu secretário.
“Restin. Ontem, minha irmã disse que ia usar temporariamente uma sala diferente como seu gabinete, verdade?”
“Ah, sim. O local original precisava de uma reforma na lareira.”
“E onde é o local temporário?”
“A sala vazia próxima a biblioteca do primeiro andar, meu Lorde… Ah!”
Restin, que estava respondendo mecanicamente, de repente cobriu a boca com as mãos. Esse quarto vazio era uma das saídas da passagem secreta, caso a pessoa dobrasse na esquina errada.
‘Se Vivi tiver saído ali, deu de cara com Reona…’
Os dois se entreolharam, parecendo que tinham sido golpeados com um martelo. Seus olhos tremeram e logo eles começaram a correr. Tinham que voltar para dentro da mansão imediatamente.
‘Droga…’
Rune deu meia volta e começou a desamarrar um dos cavalos que estava atado à carruagem. Ela normalmente se virava bem sozinha, então, por que, justamente numa hora dessas…
Sem nem perceber que sua capa tinha caído e ele estava tomando chuva, Rune, murmurando palavrões, continuou desamarrando o cavalo, até que Restin, de repente, puxou a manga de sua camisa.
“Lorde Rune! Veja aquilo!”
“Não tenho tempo, venha me ajudar…”
“Está vindo, está vindo!”
“O que diabos está vindo?!”
“Aquele lunático está vindo!”
Restin deu alguns passos para trás, sem perceber o absurdo de sua frase fora de contexto. Rune girou o pescoço para olhar na direção que o outro apontava.
E, ali, estava um homem, segurando uma longa espada e caminhando na direção deles. A lâmina estava molhada pela chuva e reluzia num tom ameaçador de azul.
“Ahin Grace.”
Shu e Bion, ágeis, correram para o lado de Evelyn, que estava atrás de Ahin, porém, a uma larga distância. Soltando o cavalo, devagar, Rune afastou o cabelo ensopado dos olhos.
‘Ele chegou rápido demais…’
Seria impossível, a não ser que ele já estivesse em algum lugar próximo. Mas, o maior problema ali era a luz assassina presente naqueles olhos vermelhos. Ahin parecia um louco perigoso, caminhando na chuva.
‘Maluco…’
Encarando o outro, Rune teve um pressentimento de que, dessa vez, podia morrer de verdade.
O olhar fixo estava grudado em seu pescoço, e o feromônio de dominação estava petrificando todo o seu corpo. Gradualmente, a distância entre os dois foi diminuindo.
No momento em que Rune se perguntava o que iria fazer, a espada de Ahin caiu de sua mão e se cravou no chão. Era um erro inesperado para um assassino à caminho.
Rune olhou para a espada caída e de novo para Ahin, mas ele estava olhando em outra direção.
“…?”
Rune, seguindo o olhar dele, logo arregalou os olhos. Vivi, que deveria estar dentro da mansão, estava equilibrada de pé em cima de um muro, com os punhos cerrados.
***
Irritada, dei um aviso aos cavaleiros que insistiam em me perseguir.
“Se chegarem mais perto, vou colocar todos para dormir!!”
Os cavaleiros se estremeceram ao ver meus punhos cerrados. Parece que tinham visto muitos colegas caídos, a ponto de perceber que a ameaça não era vazia.
Depois de encará-los intensamente, girei o pescoço. No meio da chuva pesada, pude ver a silhueta de Ahin.
‘Quê…?’
Franzi as sobrancelhas e mordi os lábios. Pensei que ele não viria. Era surpreendente ver seu rosto pálido de medo após tê-lo visto agir tão friamente.
Sem tirar os olhos de mim, ele abaixou a capa que usava com mãos trêmulas, o que era uma raridade.
“Não se mexa…! Eu vou subir aí…”
“Ahin.”
Tendo o interrompido, abri e fechei a boca várias vezes. Deveria agradecer por ele ter vindo me buscar, ou dizer que era culpa dele eu estar ali agora? Deveria voltar a perguntar por que ele tinha me evitado? Com esses pensamentos complexos, nenhuma palavra saia de minha boca.
No fim, sem conseguir encontrar as palavras, acabei falando, com cautela.
“…Eu posso voltar?”
Apesar de ser uma pergunta curta, Ahin não respondeu. Ele apenas me olhou com uma expressão de quem tinha sido golpeado por um martelo.
Após piscar por um momento, ele esticou os braços para o alto, na minha direção.
“Por que você não poderia?”
“…”
“Não me pergunte o óbvio.”
Não sabia o que havia naquele tom rouco e confiante que fez meu coração estremecer. Mordi os lábios e girei a cabeça na outra direção. Os cavaleiros estavam atônitos, assistindo à cena.
Leões maldosos, cercando uma pobre coelha. Agarrei a barra do vestido e ergui o queixo na direção de Ahin. Era um sinal de que eu ia saltar. Os olhos dele se arregalaram, e então eu pulei do muro.
‘Ai, meu Deus.’
Fechei os olhos com força. Meu corpo, que caía contra o vento frio, foi pego por braços fortes. Mas a alegria de ter escapado da mansão dos leões não durou muito.
Assim que abri os olhos, o rosto de Ahin estava bem na minha frente. Sua pele estava pálida e ele estava encharcado pela chuva.
“O que estava fazendo, escalando um muro? Eu estava a caminho de te buscar, era só ter esperado…”
“Eu tinha medo de que você não viesse.”
Respondi, e assim que meus pés tocaram o chão, abracei Ahin. Se não fizesse isso, senti que ia chorar.
Na verdade, a razão pela qual eu tinha saído da mansão era para ver se ele viria atrás de mim. Era melhor fazer isso do que esperar lá, impacientemente.
“Ahin, vamos para casa.”
Ele apoiou o queixo no topo da minha cabeça, e sua grande mão pressionou a parte de trás da minha cabeça. Ahin me abraçou com força e passou a mão pelo meu cabelo. Era uma mão ansiosa, como se ele estivesse desesperado por confirmar que eu estava ali de verdade.
“…Me desculpe.”
Os lábios frios dele deslizaram sobre meu cabelo molhado. Não era uma covardia se desculpar enquanto usava os lábios daquele jeito? Sem poder dizer isso em voz alta, enterrei a cara no peito de Ahin e esfreguei a testa ali.
“Me desculpe…”
Ao mesmo tempo, Ahin, que se inclinou e me abraçou mais forte, murmurou outra vez.
“Desculpe…”
A mão dele, tocando a parte de trás da minha cabeça, tremia ligeiramente. Era um pedido de desculpas sem nenhuma explicação, mas a voz trêmula, que eu estava ouvindo pela primeira vez na vida, compensava isso.
Suspirei profundamente, me sentindo aliviada da minha tristeza acumulada. O calor que eu sentia por dentro, apesar da chuva gelada, me trouxe uma sensação indescritível de tranquilidade.
***
Apesar de ter chovido como se o céu estivesse desabando, após anoitecer, dava para ver as estrelas.
Rune, assistindo a carruagem da família Grace se afastar, se apoiou no muro da mansão. Há pouco tempo, mesmo enquanto saltava do muro, o olhar de Vivi não tinha se voltado para o lado dele nem por um segundo.
‘Não há esperanças…’
Não tinha sido muito agradável ver aqueles dois, que só tinham olhos um para o outro. Tendo sido indiretamente rejeitado mais uma vez, Rune sorriu e falou.
“Irmã, é inútil tentar segurar Vivi à força.”
“Acho que dessa vez você tem razão.”
Reona, que apareceu por trás dele, respondeu.
“Ahin Grace não é fácil de lidar, mas pensei que tínhamos pelo menos uma pequena chance de ganhar.”
“No início, eu pensei a mesma coisa.”
Rune, que respondeu desanimado, se espreguiçou. Reona, vendo seus olhos de peixe morto, riu.
Ela pensou que conhecia bem a personalidade de Ahin Grace, mas ficou impressionada ao vê-lo abaixando a cauda para a coelha enquanto ela dizia para irem embora.
“Aquele pantera negra permanecerá domado pelo resto da vida.”
Era como se ele estivesse sempre perseguindo uma pequena coelha. Depois daquilo, ele tinha gentilmente a embrulhado em uma capa e a carregado para longe. A cena foi chocante aos olhos de Reona e continuava aparecendo em sua mente.
“Ah, realmente, é um problema. De fato, todos os membros da mansão Grace foram domados pela Senhorita Coelha.”
Abruptamente, Evelyn interrompeu a conversa dos dois. Reona, surpresa pela aparição repentina, franziu a testa.
“Por que o lacaio de Grace ainda está aqui?”
“Porque o Lorde me esqueceu. Parece que ninguém se lembra deste pobre Evelyn~”
Dizendo isso, Evelyn parecia tranquilo demais para alguém que foi abandonado. Reona, com um olhar sério, coçou o próprio queixo.
“Estive pensando…”
“Pois não?”
“Creio que o poder da coelha é muito precioso para a família Grace.”
Era um poder absurdo demais. Era suficiente para derrubar uma dúzia de cavaleiros de elite, sem levantar um único dedo. Tal habilidade era suficiente para qualquer um se qualificar como o líder de um clã. De fato, isso poderia fazer com que a família Grace se tornasse a mais forte de todo o continente no futuro.
“É verdade. A Senhorita Coelha controlará o continente inteiro com um aceno de sua pata.”
“…Faz sentido.”
Reona, levando a conversa completamente a sério, assentiu.
“Ela deve ser descendente de um grande herói.”
“É verdade. Mas, você não pretende ir embora?”
“Ah, perdão, mas a Senhorita terá que soltar a gola da minha camisa primeiro.”
“Ops. É o meu hábito de sempre.”
Ignorando os dois, Rune se sentou. A sua coelha, que Restin tinha trazido, saltou para o seu lado.
“O primeiro amor é algo que não some facilmente…”
Rune murmurou para si mesmo, tocando de leve a bochecha da coelha com o dedo indicador.
“Acho que estou destinado a ficar sozinho pelo resto da vida.”
A coelha ficou de pé nas patas traseiras, como se estivesse respondendo.
“Sim, vamos viver juntos pelo resto de nossas vidas.”
Com um riso triste, Rune olhou para Restin, que estava ao seu lado, em silêncio.
“Por quantos anos vive um coelho?”
“Bem, sei que a duração é menor que a vida de um homem-besta leão.”
“…Entendo.”
Suspirando, Rune se lembrou de algo que Vivi tinha murmurando há muito tempo. Segurando ambas as bochechas de Ash, que estava inclinando a cabeça, sem entender, ela tinha dito.
“Ash, viva por muito tempo, está bem?”
“Vivi, o que é isso?”
“Se alguém manda boas energias e o animal escuta, viverá uma vida mais longa e feliz. Então, eu digo isso a ela todos os dias. É como um mantra.”
Isso teria algum efeito, no entanto? Rune, olhando para o nada, coçou gentilmente o queixo da coelha. Um sorriso suave apareceu em seus lábios.
“Viva por muito tempo.”
Ele desejou que ela nunca ficasse doente e fosse feliz.
Tradução: Nopa.
Revisão: Holic.
Lucien
Concordo com o Rune o Evelyn e o Restin fazem um bom casal kkkk ❤️
Geovane
Eu ainda acho que essa coelha é uma mulher coelha
Lucien
Tbm acho