A Relação simbiótica entre uma lebre e uma pantera negra - Capítulo 131
“Seria bom que eles vissem o quão poderosa é a Senhorita Coelha, e sentissem o gostinho da derrota.”
Evelyn explicou calmamente, estalando os dedos das mãos. Lillian, curioso sobre o que ele estava falando, olhou para fora. A sala do diretor era muito alta, e ele não conseguia enxergar os detalhes da cena.
“O senhor sabe que meus feromônios são de nulificação, certo?”
Evelyn perguntou numa voz sem emoção.
“Isso não me interessa. Qual é o seu plano?”
“Naturalmente, é o uso dos feromônios do Lord Lillian para derrubar todos os oponentes.”
Evelyn, aproveitando para se gabar de sua competência, colocou a cabeça para fora da janela.
“Nossa Senhorita Coelha está acuada contra uma parede.”
“…e?”
“Se os estudantes usarem feromônios contra ela, eu os nulificarei. Enquanto isso, Lorde Lillian pode mirar nos estudantes que a atacarem e derrubar todos.”
“Que plano ridículo.”
Lillian falou isso, mas começou a concentrar seus feromônios nas pontas dos dedos como se sua vida dependesse disso. Depois de ver isso, Evelyn examinou a cena lá embaixo.
Os estudantes que cercavam Vivi estavam começando a se aproximar. Nesse momento, ela pareceu estar farta e se preparou para atingi-los com seus feromônios.
“Agora, Lorde Lillian!!”
As instruções de Evelyn ressoaram na sala.
***
Enquanto isso, a intimidação de Alan estava testando a paciência de Vivi.
“Por que você falou a palavra “pantera negra” apontando para a janela mais cedo?”
‘Porque Ash estava lá!’
Ela não queria deixá-la sozinha com Evelyn por mais um segundo que fosse. Precisava chegar rapidamente à sala do diretor por ela. Mas não tinha uma rota de escape rápida, já que Alan tinha chamado vários amigos, todos predadores.
“Está levando essa mochila de novo. O que esconde aí?”
O olhar afiado de Alan pousou na mão de Vivi, que apertava a alça da mochila.
‘Por que ele é tão obcecado com minha mochila?!’
Ela estava irritada e cansada deste predador. Era tudo tão injusto. Vivi mordeu os lábios e pensou que, se tomasse a forma de lebre, poderia escapar facilmente, mas então ele ficaria com a mochila que a Senhora Valence havia dado.
A outra solução era colocá-los para dormir com a anestesia dos feromônios de cura, mas o vovô tinha avisado para Vivi escondê-los de todas as maneiras….
‘Mas não me resta outra opção.’
Ela percebeu que um dos estudantes, um homem-besta hiena, estava se aproximando devagar.
‘Não tenho opção a não ser te derrubar…’
Vivi cerrou os punhos e pisou com força no chão, como uma advertência. Naquele momento, o estudante ficou pálido de repente e caiu no chão, desmaiado. Atônita, ela olhou para Alan, que parecia igualmente pasmo.
Ele se agachou e confirmou que o hiena tinha apenas desmaiado. Os olhos vermelhos cheios de suspeita se voltaram para Vivi outra vez.
“Você…”
“Eu não fiz isso…!”
Enquanto ela sacudia as mãos para negar a acusação, sentiu uma sensação de perigo e girou. Um homem-besta tigre estava se aproximando. Quando Vivi se encolheu por reflexo, o estudante caiu no chão como um boneco de trapos.
“Mas o quê…?”
Ela olhou para as próprias mãos, incapaz de disfarçar o choque. Não tinha usado feromônio nenhum! Então por que esses predadores estavam caindo? Os olhos lilás claro se voltaram para um homem-besta guepardo, que ergueu a mão para usar feromônios contra ela.
No entanto, ele não parecia estar conseguindo. Era como se os feromônios que ele invocava estivessem se evaporando no mesmo segundo. Como se alguém estivesse o impedindo de usar feromônios…
‘Será quê…?’
Só para testar, Vivi chutou o ar. Então, o homem-besta guepardo desmaiou como os outros. Alan, vendo todos seus colegas no chão, começou a tremer.
“O que está acontecendo?!”
Os estudantes que ele tinha trazido consigo eram tão poderosos como ele próprio. E ele não tinha obtido a posição de aluno número um assim que entrou na Academia por pura sorte.
Além disso, ele sequer pode sentir que a coelha tinha usado feromônios. O odor que pairava no ar parecia vir de um local distante.
“Como ousa…”
Alan estava invocando seus próprios feromônios para enfrentá-la quando se deteve.
“Grrrr.”
Na frente da coelha surgiu uma pantera negra, a qual Alan não tinha ideia de onde tinha saído. Era um animal magnífico, que podia ser descrito como um modelo para o espírito do território das panteras negras.
Os olhos vermelhos de Alan, que ficaram sem foco, pousaram na coelha. Quando ela sacudiu um punho para ele, os ombros dele se estremeceram sem perceber.
Ela olhava para ele com uma expressão como se tivesse revelado suas habilidades ocultas. A pressão que emanava daquele pequeno punho não era normal.
Logo, Alan se sentiu atingido por feromônios vindos de algum lugar, e caiu no chão enquanto enxergava uma cena que parecia saída de uma alucinação, na qual a coelha acariciava a barriga da pantera negra.
Envergonhado por sua arrogância ao subestimá-la por ser uma herbívora e caído no chão, ele suspirou, ao encarar a derrota massiva que tinha sofrido.
“Eu perdi….”
Vivi observou Alan, que estava admitindo a derrota, e para os outros alunos caídos. Ela engoliu em seco e respondeu.
“Não fui eu quem fez isso…”
Ela alternou o olhar entre Alan, ainda consciente, e suas mãos trêmulas. Não tinha usado feromônio nenhum, mas toda vez que cerrava os punhos, um predador caia no chão.
“Você estava ocultando suas habilidades, não é…?”
A voz fraca de Alan ressoou.
“Eu…?”
Os olhos lilás claro tremeram, confusos.
“E fez isso tudo só com o poder do espírito…!”
As palavras de Evelyn, de que Vivi devia ser a reencarnação de uma grande general, ecoaram em sua cabeça.
***
A névoa noturna cobria a mansão Grace. Ahin, sozinho em seu escritório, estava polindo a lâmina de sua espada.
Enquanto se refletia no metal brilhante, ele observou o pássaro que entrava pela janela. Era o velho pombo mensageiro de Lillian. A carta que ele trazia era curta e grossa.
[Por que não está respondendo à carta de minha nora, seu cretino ingrato!?]
Se seguiram várias ameaças do que ele faria caso Ahin não respondesse imediatamente para Vivi. Sem palavras, Ahin amassou o papel e a jogou para longe.
Então, quando ele não tinha respondido à carta, Vivi tinha ido correndo reclamar para Lillian… Embainhando a espada, ele encarou o pombo-correio.
Vivi realmente tinha conquistado totalmente o seu avô. Lilian estava tão do lado dela, que certamente a esconderia para sempre caso ela dissesse que não queria mais ver Ahin.
Pensando que essa combinação era ruim para ele, Ahin abriu uma gaveta e sacou seu conteúdo. Era a carta de Vivi, escrita numa caligrafia caprichada.
Basicamente, ela falava sobre seu dia-a dia na Academia, e no fim havia um pequeno trecho sobre como ela desejava que Ahn pudesse estar ali também.
“Não há necessidade de responder essa carta.”
Ahin sorriu, mostrando a carta para o pombo.
“Ela está pedindo que eu vá vê-la na Academia agora mesmo. Portanto, em vez de responder em papel, simplesmente irei. Não é óbvio?”
Interpretando como mais lhe convinha, ele modificou a agenda do dia seguinte. Depois da reunião formal com o conselho de anciões pela manhã, ele iria direto para a Academia Belhelm. Enquanto Ahin ria para si mesmo, seu olhar fez com que o pombo começasse a tremer de medo.
<Ele é louco!>
O animal tinha sido um mensageiro por toda sua vida, e pensava que o trabalho só estava ficando mais difícil esses dias. Enquanto ele ia embora voando, Ahin percebeu que não tinha visto Quinn o dia inteiro e se aproximou da janela.
“Quinn, meu cabelo! Espera! Pare de me bicar!”
Evelyn, que tinha dito que iria visitar seus pais durante o dia de folga, apareceu no campo de visão de Ahin através da janela. Por alguma razão, enquanto caminhava pelo gramado, Quinn estava pousado em sua cabeça, o apunhalando com seu bico afiado. E, do seu lado, estava Ash, usando uma mochila.
Os olhos de Ahin se focaram no grupo, estranhando que estivessem todos juntos assim.
‘É suspeito.’
Ash, que sempre tratava Evelyn como lixo, estava ao seu lado. E quanto a Evelyn, ultimamente estava mostrando sinais de traição, abandonando sua amizade de quase duas décadas com Ahin.
Para os dois terem saído juntos… Ahin concluiu que deveriam estar tramando algo contra ele, enquanto se apoiava na janela.
‘…Estou pensando demais?’
Mas ainda que Ash e Evelyn, que mal ficavam um do lado do outro, tivessem saído juntos, Ahin sabia que, quando era algo relacionado a Vivi, seu senso comum lhe falhava. Ele não sabia se estava sendo paranóico.
Talvez fosse porque o último um ano e meio o tornaram mais sensível a esses assuntos. Logo, Ahin viu Barra se aproximando de Ash e tentando puxar sua mochila com a boca, e fechou as cortinas da janela.
***
Tarde da noite.
Depois de receber a mochila de Barra, uma vez que Ash não queria entregá-la de jeito nenhum, Evelyn se dirigiu ao quarto de Valence em segredo. Cuidadosamente, ele abriu a mochila e a colocou no chão.
“Senhorita Coelha, pode sair.”
Finalmente pude sair e arrumar meu pêlo arrepiado. Evelyn fez uma reverência para a Senhora Valence, que estava sentada em sua mesa.
“Minha Senhora, por favor cuide bem da Senhorita Coelha por esta noite.”
<Espero sua amável cooperação.>
Também me inclinei na direção dela, lá no chão.
“Claro.”
A Senhora Valence, que parecia estar de bom humor, respondeu com um sorriso elegante. Ela estava vestida para dormir, com o cabelo prateado trançado para um lado e um xale longo. Depois de se despedir, Evelyn abriu a porta do quarto e girou para sair.
Troquei olhares com ele. Algumas horas atrás, ele havia visitado a Academia do nada e me contado sobre o conflito com o conselho de anciões. Uma reunião formal aconteceria amanhã para discutir a minha pessoa, e Ahin estava determinado a fazer com que ninguém dissesse a palavra “casamento” na minha frente.
Quando Evelyn explicou o plano de Ahin, de exterminar todos os membros do conselho, por estarem o irritando, fiquei com calafrios. Então, depois de obter permissão do vovô, me apressei e voltei com Evelyn e Ash para a mansão Grace.
Evelyn disse que tudo se resolveria se eu provasse meus poderes para eles durante a reunião, então decidi pensar com calma ao longo da noite. Por isso, fui dormir no quarto da Senhora Valence.
<Mas além disso…>
Estava um pouco preocupada com Evelyn. Ele tinha me trazido aqui sem avisar nada a Ahin e me contado toda a história do conselho, que ele não queria que eu soubesse de jeito nenhum. Sei que a razão de Ahin era que ele não queria que eu me sentisse pressionada. Mas o futuro de Evelyn, que tinha agido contra a vontade do seu mestre, parecia sombrio.
Evelyn se aproximou e se agachou, me olhando.
“Sei que para a Senhorita Coelha essa conversa de casamento pode ser um pouco repentina. Por isso que o Lorde Ahin não queria deixá-la saber sobre o conselho… Mas se a reunião não tiver um bom desfecho, temo que eles voltarão a incomodar em pouco tempo.”
Evelyn, parando de falar por uns momentos, logo continuou.
“E, quanto mais vezes isso se repetir, maior será a raiva do conselho de anciões para com o Lorde Ahin e a Senhorita Coelha. Então, no futuro, eles não irão cooperar quando for necessário discutir a organização do território.”
Fiquei meio surpresa e meio preocupada que essa organização fizesse Evelyn ter pensamentos tão complexos. Mas entendia o que ele queria dizer.
Quanto mais o conselho for destratado, mais oposição irão colocar sobre o casamento, independente de minha raça ou identidade. Na verdade, seria melhor aproveitar essa oportunidade para provar meus feromônios de cura para eles e ganhar sua simpatia, em vez de uma inimizade.
Mas de qualquer modo, era estranho como tudo caminhava como se eu fosse me casar com Ahin a qualquer momento.
“É a melhor opção para todos, mas sinto muito por colocar o fardo sobre a Senhorita Coelha. Claro, se quiser não fazer nada na reunião, está bem. E também…”
Evelyn, olhando para os lados, se inclinou para baixo e falou para mim.
“Caso se canse do Lorde Ahin, pode jogar ele fora. Obviamente, isso é um segredo. Escutaram, os dois?”
O olhar afiado de Evelyn se voltou para os cavaleiros que guardavam a porta. Sob a pressão silenciosa, eles fingiram não terem escutado nada e evitaram contato visual.
“A Senhora irá manter o segredo, não é?”
“Vou pensar.”
A Senhora Valence, que estava ouvindo tudo, respondeu.
<Será que Evelyn vai sobreviver no final?>
“Ah, e perdão por dizer isso tão tarde, mas…”
Evelyn segurou minha pata dianteira com o dedo indicador e falou.
“Obrigado por voltar em segurança, Senhorita Vivi.”
Tradução: Nopa.
Revisão: Holic.
Xicalina
Evelyn, amado… você está testando a morte continuamente nesses últimos capítulos kkkkkkkkk. Temo por você
Geovane
Independente de tudo todos nós amamos o Evelyn