A Relação simbiótica entre uma lebre e uma pantera negra - Capítulo 110
“Vou te devorar.”
Perante essa intimidação, Vivi ficou petrificada. Ahin levantou os cantos da boca, como se tentasse não rir. No entanto, o olhar dele mostrava que era tarde demais para escapar.
Enquanto isso, o rosto de Vivi mostrava várias emoções. Ela sempre tinha sido ruim em controlar suas expressões faciais. Ela observou enquanto Ahin erguia seu corpo ligeiramente, e colocava um braço ao lado de seu rosto.
Então, ele levantou o lábio de Vivi com o polegar, expondo dentes retos, sem caninos.
“O que está fazendo?”
Ela parecia surpresa por ele estar tocando um lugar assim, do nada. Em seus olhos, havia um fogo que Ahin interpretou como vontade de roubar seus lábios. Sendo isso ou não, ele riu baixinho, ainda olhando os dentes dela.
“Você realmente não tem caninos.”
“Eu sou uma coelha covarde e desmaiar é meu hobby, lembra?”
Não existia ninguém nesse mundo que tivesse desmaiar como seu hobby. Vivi piscou devagar.
“Nesse caso, a sua atitude corajosa é fruto do seu trabalho duro ao lutar contra coisas que você odeia e te ameaçam, não é?”
Incapaz de refutar, Vivi estremeceu. Por que ele estava falando essas coisas, do nada? Engolindo a sensação de solidão por não ter caninos, Vivi se segurou.
“Mudando de assunto, sobre o território dos ursos. Você prometeu me levar junto.”
“Eu disse que ia pensar.”
Ahin, com um olhar significativo, passou o dedo pelos lábios dela.
“Vivi, você já viu um urso de verdade?”
“Não…”
“Nesse território, há vários ursos selvagens soltos nas montanhas. Um homem-besta mediano pode se considerar morto no momento que cruzar com um desses. Não tem maneira de que uma coelha sobreviva, mesmo se fingindo de morta.”
Vivi, imaginando o tamanho da sola da pata de um urso, engoliu em seco. Ela deveria apenas ficar na mansão e rezar pelo retorno rápido dele?
Chacoalhando sua cabeça e sua covardia, ela falou de modo solene.
“Podemos lidar com os ursos. Vamos cruzar o deserto e evitá-los.”
“Sim, vamos juntos.”
“Sabia que ia se negar, mas você tem que me levar junto-”
“Eu disse sim, vamos.”
“Espera… quê? !”
“Venha comigo para o território dos ursos.”
“….De verdade?”
Ahin encarou uma Vivi confusa, sorrindo com o canto da boca.
“Quem sabe se você não vai me trair com os servos enquanto eu não estiver. Evelyn disse que você não pararia com apenas um ou dois encontros clandestinos.”
“…É verdade. É melhor me levar junto ou posso te trair.”
Vivi, que faria de tudo para ir, concordou com qualquer ideia absurda que surgisse. O plano de viagem já estava sendo traçado em sua cabeça.
‘O sol lá deve ser quente, não é?’
Ela tinha muitas preocupações, pois podia ter que cruzar o deserto com um corpo de coelho bebê. Ash não conseguiria suportar o calor do deserto, então ela deveria carregar um garrafão de água em vez de uma mochila dessa vez? Vivi teria que pedir a Meimi que confeccionasse um turbante para proteger sua cabeça…
“Vivi?”
Ahin, cuja presença tinha sido esquecida por completo, ergueu as sobrancelhas em desaprovação. Quando se emocionava, Vivi ignorava o que estava ao seu redor.
“Acho que você gosta mais de ursos que de panteras negras.”
Só então, a atenção de Vivi, que estava focada nos ursos, voltou para ele.
“Não… eu prefiro panteras negras.”
Ela segurou as bochechas de Ahin gentilmente e esfregou sua testa nelas. Era um sinal de amor e afeição. Ahin, olhando Vivi enquanto seu rosto ficava cada vez mais vermelho, sentiu como se alguém estivesse apertando seu coração.
Ele nunca tinha sido bom em expressar suas emoções com palavras, então não sabia o que dizer. Ahin beijou a testa dela, suprimindo o instinto violento de morder todo o seu corpo.
Os lábios que começaram na testa passaram por suas pálpebras, nariz e bochechas. Vivi, sentindo-se estremecer, curvou os dedos do pé. Logo, Ahin chegou em sua nuca.
Ele removeu as ataduras que estavam o incomodando. Com o estorvo fora do caminho, a pele marcada foi revelada.
Depois de passar o dedo devagar em toda a área vermelha, ele voltou a deixar novas marcas ali. A pele de Vivi formigava, enquanto ela pensava que ele era louco. A mão de Ahin acariciava sua coxa enquanto isso.
“…Você…”
Ahin, que estava com o rosto enterrado no pescoço dela por muito tempo, de repente se afastou e falou.
“Quando você aprendeu a liberar feromônios sexuais?”
Sua voz estava rouca. Os olhos lilás tremeram quando ela percebeu que estava soltando esses feromônios sem perceber. Depois de lutar contra os feromônios da raposa mais cedo, isso pareceu natural…
“Acho que… aprendi com a raposa…?”
“Você aprende tudo com os outros, e nunca comigo.”
“Não foi de propósito-”
A palavra foi cortada pelos lábios de Ahin, que se grudaram nos dela. Com as mãos, ele pressionou sua mandíbula para que ela abrisse ainda mais a boca.
Os feromônios que ele injetou com cada respiração eram para evitar que ela voltasse à forma de coelho bebê por ter liberado feromônios. Vivi se encolheu por reflexo, tendo a sensação que estava sendo engolida.
Ahin, avançando como um bruto, buscou as mãos dela e as levou para o próprio pescoço. Ele começou a desfazer sua gravata usando as mãos macias dela.
As mãos de Vivi, escorregando várias vezes sob a liderança de Ahin, finalmente desfizeram o nó da gravata preta. E ele não parou aí, abrindo os primeiros botões da camisa e revelando seu pescoço.
Badum. Badum.
Ahin afastou os lábios dos de Vivi devagar, mostrando seu pescoço exposto.
“Me morda.”
Vivi, que estava sem fôlego, olhou para o pescoço, liso e sem um arranhão. Ele só podia estar louco. Já era difícil seguir o ritmo desse predador, mas agora, ele queria que ela o mordesse sem ter caninos.
Enquanto ela empalidecia e tremia, Ahin levou as mãos de Vivi ao seu pescoço e as deslizou. A área onde as palmas das mãos dela passaram estava quente.
“Deixe uma marca para sinalizar que eu sou seu. Que eu pertenço à Vivi.”
Como ele pode falar algo assim com um sorriso tão radiante? Pensando nisso, Vivi, hipnotizada pelo sorriso que parecia que iria derretê-la, tocou no pomo de adão dele.
“Dizem que predadores são possessivos com suas presas.”
“Às vezes, quando eu quero algo demais, acabo o arruinando.”
Vivi de repente se lembrou do que Ahin tinha falado.
“Eu te recolhi. Então, você me pertence, não é?”
Quem diria que esse Ahin de agora era a mesma pessoa que tinha dito isso com uma voz tão autoritária? Um Ahin que nunca se curvava, tão feroz e maldoso.
Vivi, olhando o pescoço com olhos desfocados, logo sorriu.
“Na próxima vez.”
“…”
Ahin piscou, pensando que tinha escutado errado. Não pode crer que ela tinha dito não, enquanto o olhava com aqueles olhos.
“Como assim?”
“Da próxima vez eu te mordo.”
“Quando será “a próxima vez” então?”
“…Quando Ahin me obedecer direitinho.”
Cobrindo as bochechas coradas com as mãos, ela tossiu para disfarçar. Ahin olhou sem expressão para Vivi, que estava agindo timidamente.
O olhar dele parou na coroa de flores, o presente do leão, que ela ainda estava usando. Sentimentos adicionais foram acrescentados. Ele tinha pedido que ela o marcasse como sua propriedade e ela tinha dito que ele tinha que obedecê-la. Aquela coelha. Percebendo isso, ele riu sozinho.
“Se eu ficar aos seus pés, vai me morder, então?”
“…”
“Se não, o que tenho que fazer? Me diga.”
Ahin, escondendo sua impaciência, falou num tom de voz despreocupado. Vivi, com os olhos arregalados, começou a criar uma lista de coisas para ele fazer.
“Nunca mais me coloque num prato como se eu fosse uma comida.”
“Só isso?”
“Você está proibido de morder minhas orelhas e minhas patas, e saiba que ficar me olhando de longe numa janela enquanto balança uma cenoura é muito irritante.”
Se rendendo aos pedidos simples que ela fez, ele pegou uma mecha dos cabelos brancos de Vivi e a levou aos lábios. Ahin se perguntou o que deveria fazer, já que sentiu que nem mesmo se a engolisse por completo seria o suficiente.
‘Queria que esse momento durasse para sempre…’
Ahin, que estava pensando isso, se paralisou.
Badum. Badum.
A sensação familiar de suas artérias se expandindo começou a atingir todo o seu corpo. Era algo que sempre acontecia logo antes de ele ter um ataque de feromônios – e, ultimamente, eles estavam cada vez mais frequentes.
***
O banquete organizado pela família Grace, uma vez que todas suas figuras principais tinham ido embora, foi encerrado.
Após ter completado sua missão de expor a coelha infiel, Evelyn pegou Ash e Barra, e juntos eles voltaram para o quarto do secretário.
Tendo colocado seu pijama, Evelyn passou na frente do espelho, admirando sua beleza, perfeita hoje, como sempre.
“Boa noite, Barra.”
Barra, deitado em uma almofada no chão, abriu um olho para o inimigo daquela coelha.
Evelyn se sentou em sua escrivaninha e abriu seu diário, no qual ele escrevia todo dia antes de se deitar. Hoje tinha sido o aniversário de Lorde Ahin, e como sempre, ele havia ido atrás da Senhorita Coelha.
Tirando os olhos das páginas, ele se virou para Ash, que estava nervosa. Isso nunca tinha acontecido antes, mas ela estava arranhando a porta fechada que levava à varanda do quarto de Evelyn.
“Senhorita Ash, o que há de errado?”
Barra bufou quando ouviu o honorífico. Como Ash tinha confiança da coelha, ela recebia esse tratamento especial. Já ele, era chamado apenas por seu nome, reproduzindo as regras de hierarquia da selva.
Ash arranhou tanto a lateral da porta de vidro que a trincou. Ela estava muito obstinada. Apesar de que era comum vê-la querendo estar junto da coelha o tempo todo, dessa vez, Ash cruzou a linha.
“Senhorita Ash.”
Evelyn, fechando seu diário, se agachou perto da pantera.
“Ainda tem pessoas de fora hospedadas aqui na mansão. Não podemos sair para uma caminhada noturna-Ah!”
Evelyn, que levou um tapa na cara da cauda de Ash, gemeu. Ela continuou tocando na porta obstinadamente, indicando que queria sair.
“Não pode ser tão teimosa.”
Ash, ignorando as palavras de Evelyn, miou alto. Ela estava extremamente ansiosa. Ele se perguntou se teria sido porque havia um número maior de predadores por ali, e Ash tinha medo de que a Senhorita Coelha os encontrasse?
Na realidade, Ash tinha cochilado e tido um pesadelo. Normalmente, quando Vivi se fingia de morta, todas as vezes que Ash a lambia com força, ela sempre se levantava com uma cara chocada. Mesmo que só estivesse dormindo, a coelha sempre acordava e acariciava os pelos de Ash.
No entanto, nesse pesadelo, não foi assim. A coelha estava toda ensanguentada, e Ash a lambeu de novo e de novo, mas ela não se moveu. Foi um sonho muito triste.
Evelyn, encarando Ash arranhando a porta de vidro trincada, franziu o rosto. Os olhos de Ash estavam úmidos por lágrimas. Isso o surpreendeu. Barra ficou bravo e se juntou a Ash, forçando a porta como que para quebrá-la.
‘Eles querem que eu abra a porta…. mas que estranho….’
Evelyn, tendo um mau pressentimento, se levantou da cadeira. Ele se lembrou que animais tinham instintos mais apurados que homens-besta. Como pássaros e ratos, que fugiam de locais antes que desastres naturais acontecessem.
“Tudo bem, vou acompanhar vocês. Deixem só eu me trocar…”
Enquanto ele começou a caminhar para seu armário, Ash e Barra, que pensaram que ele estava fugindo, o agarraram pela barra do pijama com os dentes.
Krrrrr.
Graças a isso, Evelyn caiu no chão, seu pijama todo rasgado.
“Esperem, desse jeito vou ficar indecente… esse é meu pijama preferido… me soltem!!”
Ele chutou o ar desesperado, mas o pijama, cada vez mais puxado pelos caninos de duas panteras negras, ficou reduzido a frangalhos.
Tradução: Nopa.
Revisão: Holic.
Lucien
Eita q o clima no conectava como 🔥🔥🔥🔥🔥