A cavaleira do Imperador - Capítulo 326
Mesmo depois de sair do quarto de Tory, Pollyanna não conseguia parar de pensar na conversa. Ficou impressionada quando Tory disse que a apoiaria mesmo que Pollyanna escolhesse o caminho que a levaria a uma vida infeliz. Pollyanna também gostou do fato de Tory entender como uma vida infeliz ainda pode advir da decisão certa. Tory disse que, desde que alguém pudesse encontrar orgulho em sua vida, deveria valer a pena viver.
‘De todas as pessoas, Tory deve saber o que é orgulho.’
Pollyanna também tinha muito orgulho de si mesma. Ela tinha orgulho de ser uma cavaleira que servia ao imperador. Ela foi uma das lutadoras que seguiram Luxos I até o fim deste continente.
Infelizmente, seu orgulho se estendia apenas a si mesma como cavaleira e não como pessoa. Foi porque ela não era digna? Pollyanna sentiu-se especialmente deprimida no momento em que o imperador confessou seu amor por ela.
Pollyanna continuou andando até chegar ao seu destino. Este era o lugar que ela planejava visitar se tivesse algum tempo hoje.
O túmulo de Rebecca.
Somente aqueles com sangue imperial poderiam ser enterrados dentro do castelo. Os membros da família real de Bikpa foram enterrados na extremidade do castelo, então um novo cemitério foi criado para a realeza acreana. Dizia-se que a primeira a ser enterrada aqui foi uma jovem esposa do imperador. Teria sido pior se fosse uma criança, mas ainda assim, isso não melhorou a situação.
Pollyanna colocou as flores e uma garrafa de vinho em frente ao túmulo. Se Rebecca ainda estivesse viva, como ela reagiria?
“Pff.”
Pollyanna riu. Ela não poderia evitar.
O imperador que Pollyanna conhecia era estranhamente inocente e puro. Se ele ainda fosse casado com alguma de suas esposas, Pollyanna sabia que ele jamais teria confessado seu amor por ela. Se Tory e Stra o deixassem e Rebecca fosse a única esposa restante, o imperador a teria feito sua imperatriz.
Luxos I esteva disposto a remover Tory como sua esposa por uma razão política, mas ele não era o tipo de homem que abandonaria sua esposa porque amava outra. Ele era um homem bondoso e embora alguns pensassem que era uma fraqueza, Pollyanna gostava desse lado dele.
‘Mas estou um pouco incomodada com o fato de ele ter sido tão legal com as mulheres quando supostamente estava apaixonado por mim. Hmm… Ele é meio que um playboy.’
Ele era o imperador, e o melhor que havia, o que significava que tinha todo o direito do mundo de desfrutar das belas mulheres. Pollyanna entendia isso, mas ainda se sentia estranha.
Ela refletiu longa e intensamente e finalmente encontrou uma resposta para o porquê de não se sentir bem com isso. Foi o fato de que Luxos I deixou a mulher que amava sozinha e se casou com outras mulheres. Normalmente, os homens não ficavam impacientes quando se tratava de amor? Os homens não iam direto para a ação pelas mulheres que amavam? Era normal um homem ser tão paciente e esperar tanto?
Só quando a mulher em questão era casada ou muito jovem.
‘Então, por que sua majestade…’
Pollyanna suspirou e olhou para o túmulo de Rebecca. Ela se curvou em desculpas, percebendo que deveria estar se concentrando em Rebecca e não em seus próprios problemas.
“Se você ainda estivesse viva…”
O que teria acontecido se Rebecca ainda estivesse viva? A cama da princesa Luminae teria sido um pouco mais arrumada, talvez? Lady Rebecca teria ensinado à filha que, embora fosse bom ser gananciosa, ela deveria aprender a escondê-lo dos outros.
‘E Rebecca teria ficado tão feliz com Tory se tornando a Baronesa Leef.’
Tory foi a segunda mulher a ter seu próprio título que não foi conquistado pelo casamento. Não era uma posição de alto escalão e veio apenas com o trabalho, mas ainda assim foi uma ocasião memorável. Pollyanna não era mais a única mulher com título próprio. Ela não era mais a única exceção. O título de Tory significava que era possível que mais mulheres ganhassem suas próprias fileiras.
Mas então… Se Rebecca ainda estivesse viva, as coisas teriam acontecido dessa maneira? Provavelmente não. Luxos I não teria oferecido a Tory esta posição. Ele só fez isso porque não tinha mais uma esposa para cuidar do interior do palácio. Se Rebecca ainda estivesse viva, ela teria se tornado a dona do palácio e não haveria necessidade dessa nova posição.
Como esperado, os mortos não falam. Rebecca não respondeu às perguntas de Pollyanna. A cavaleira parecia solitária em frente ao túmulo de sua amiga. Ela perdeu a amiga que precisava para revelar seus segredos. Essa solidão inesperada não foi um evento acolhedor.
Pollyanna nunca foi perfeita. Todos os anos, ela acreditava que esperava se tornar mais sábia, mas nunca parecia ser o suficiente. Quando era pequena, achava que virar adulta significava conhecer o mundo, mas Pollyanna descobriu que não. Ela estava crescida agora, mas ainda se sentia como uma garotinha por dentro.
Em público, ela agia confiante e capaz, mas quando estava sozinha, não conseguia deixar de pensar em suas decisões repetidamente. As dúvidas e arrependimentos eram dissabores constantes em sua vida.
Todo mundo se sentia assim ou era só ela? Ela estava um pouco mais carente do que a maioria?
O que é uma escolha? O que é felicidade? O que o imperador quis dizer quando disse que iria garantir que ela aprendesse o que era a verdadeira felicidade?
***
Enquanto Pollyanna refletia profundamente, o imperador, a causa de todos os seus problemas, não pensava em nada.
“Hahaha! Estou tão feliz por ter nascido lindo!”
A felicidade de uma mulher… A escolha de uma mulher… O imperador não teve tempo nem para considerar essas questões profundas e significativas. Seus pensamentos eram simples. Tudo o que ele queria era se casar com Pollyanna. Ele queria amá-la e mostrar-lhe seu afeto. Ele queria dar tudo para Pollyanna.
O foco de Luxos I era seduzir Polyana, o que significava que ficar ainda mais bonito era sua prioridade. Ele se estudou no espelho e anunciou: “Uma pessoa inteligente sempre usa sua força a seu favor. Hahaha.” O imperador parecia satisfeito enquanto Sir Ainno parecia azedo. O cavaleiro admitiu que seu amigo era realmente bonito, mas ainda era muito difícil ver o imperador agindo dessa maneira.
Sir Ainno disse a ele: “Se ela fosse do tipo que se importa com a aparência, já teria se apaixonado por você há muito tempo.”
“Inno, você não sabe de nada.”
Luxos I sorriu e continuou: “Há uma enorme diferença entre uma beleza apenas parada e a mesma beleza sorrindo diretamente para você.”
“É assim mesmo?” Sir Ainno sorriu de volta.
O imperador achava que era muito mais sábio quando se tratava de amor, mas a verdade inegável era que Sir Ainno, embora inexperiente com mulheres, conseguiu se casar com a mulher que amava. Ele foi capaz de capturá-la para o casamento, que era um contrato juridicamente vinculativo. Havia, é claro, a possibilidade incômoda de um divórcio, mas Sir Ainno estava fazendo o possível para garantir que sua amada esposa nunca o deixasse.
Enquanto isso, tudo o que o imperador fazia era apenas se admirar no espelho.